Saídas simples

Sacha Calmon
Advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e UFRJ

Não há como resistir a tanto sofrimento se não se renova o ambiente da mobilidade suburbana em prol dos cidadãos, especialmente dos que trabalham e se deslocam por meio de coletivos, trens e ônibus

Belo Horizonte é uma cidade de muitas ruas e poucos caminhos.

A cidade, sua prefeitura, não agrega saídas para melhorar o trânsito nem coloca sequer simples placas sinalizadoras nas principais vias.

Saídas há de efeitos altamente positivos para desafogar o trânsito de veículos. Parece até existir uma ideia fixa de um novo anel rodoviário mais longe da cidade inteira.

Ora, ajuda, mas dificulta ainda mais o trânsito, pois faltam as raias cruzando o anel. E de ver o metrô de Moscou o mais racional de todos, intensamente usado, com suas suntuosas estações subterrâneas. Lá, os seis círculos são cortados por 16 raias.

De certo modo, as regiões Norte e Nordeste, tornando como referência a Pampulha e o Mineirão, assim como o Hospital Risoleta Neves, já na saída da Cristiano Machado em direção ao Centro Administrativo e ao aeroporto, estão mais bem servidos do que as regiões do Centro-Sul.

Para se ter uma ideia, subindo a BR-040, a que nos leva ao Rio e conduz a muitos condomínios, como por exemplo Vale do Sereno, Vila Castela, Vila do Conde, Vila Alpina, Morro do Chapéu, etc. e principalmente a Nova Lima e ao Bairro Belvedere, tem uma única mãozinha para acessar o viaduto do shopping (para todos os que nele quiserem adentrar e cujo adensamento é brutal).

Entretanto, bastaria estender uns 290 metros a larga Rua Luiz Paulo Franco para se chegar à praça JK, na Bandeirantes e na Avenida Uruguai, no Bairro Sion, de modo a sair em plena Avenida Nossa Senhora do Carmo, 700 metros até a Avenida do Contorno, abrindo extraordinariamente o trânsito na BR-040 e o direcionamento aos bairros Santo Antônio e São Bento.

De igual modo, se se fizesse pequeno túnel na extensão da Rua Djalma Andrade, no Belvedere, já no terminal do ramal da CVRD, pertencente à União, sairíamos perto do finado Instituto Hilton Rocha, nas Mangabeiras, resolvendo um gigantesco problema de trânsito de veículos no Centro-Sul de BH, infartado completamente nos horários de pico, pela manhã, às 14h, à noite.

Esse mesmo leito pertence à União e com suas laterais de seis metros daria para formar a maior parque urbano de BH na melhor parte do Belvedere, desde a encosta voltada para Nova Lima e o Parque do Jambreiro e no Barreiro, na vizinhança da Cidade Industrial.

As regiões metropolitanas foram criadas justamente para encontrar soluções metropolitanas envolvendo esforços federais, estaduais e municipais.

A BR-040 – para não nos esquecermos de Roberto Carlos – já não suporta o tráfego até a altura de Moeda e já deveria estar triplicada pelo menos desde lá até a capital. E ver o trânsito diário e nos fins de semana (saturado).

Aliás, a 100 quilômetros da capital mineira, as rodovias que levam a Brasília, Vitória, São Paulo e Rio, no rigor da governança, já deveriam faz tempo estar duplicadas e rerratificadas, como ocorre com São Paulo, Rio e Salvador. A Fernão Dias se liga à Avenida Amazonas, passando por Betim e Contagem, está enfartada em vários lugares. A caminho para o Vale do Aço continua um desastre.

Falta indignação e concertação no estado mais cortado por rodovias no país, depois de São Paulo, para melhorar a situação da capital, a caminho de disfunção grave no trânsito de veículos.

Nada muda na paisagem urbana e, contudo, todos os dias úteis mais e mais veículos são emplacados (sedans a caminhões).

Não há como resistir a tanto sofrimento se não se renova o ambiente da mobilidade suburbana em prol dos cidadãos, especialmente dos que trabalham e se deslocam por meio de coletivos, trens e ônibus. Os brasileiros estão sofrendo muito nas capitais e cidades médias.

O salário mínimo está, no último ano da administração Bolsonaro, menor que no primeiro de seu mandato. Dos Brics, é o que menos cresceu (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), verdadeiro vexame nacional.

O país precisa voltar a crescer economicamente. As desigualdades sociais estão crescentes e não decrescentes. Os partidos e candidatos aos governos estaduais, municipais e principalmente à Presidência da República estão obrigados a ter programas prévios de governo. Chega de discursos ideológicos. O povo quer trabalhar, estudar, crescer na vida. Chega!

A vida do povo nas regiões metropolitanas do país precisa entrar no mapa das discussões políticas. A mobilidade urbana é prioritária para os cidadãos deste país infelicitado por políticos incapazes.

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