O Brasil atrai capital

Nada é de repente. Países da União Europeia (UE) importaram um volume recorde de gás natural liquefeito (GNL) da Rússia, segundo a ONG Global Witness. De janeiro e julho deste ano, eles compraram 40% a mais de GNL do que no mesmo período de 2021 – antes do início da guerra da Ucrânia.

Michael Stott do Financial Times nos informa: O ano de 2022 foi marcado por turbulências políticas na América Latina. A Colômbia elegeu um ex-guerrilheiro de esquerda como presidente, o Chile considerou (e rejeitou) uma nova e radical constituição, o presidente do Peru foi preso após uma tentativa fracassada de obter poderes extraordinários e o líder da direita no Brasil, Jair Bolsonaro, perdeu por pouco uma tentativa de reeleição.

Foi também um ano recorde para o investimento externo direto. Os investidores destinaram US$ 225 bilhões para a América Latina e o Caribe em 2022, segundo a Cepal, agência econômica das Nações Unidas para a região. Isso foi 55% mais do que em 2021 e superou com folga o pico anterior de uma década antes. Em 2018 até junho o Brasil esteve bem.

Dos investimentos externos no ano passado, atrás dos EUA, China, Hong Kong e Cingapura, segundo a Unctad (a agência da ONU para comércio e desenvolvimento). O Brasil é também a principal economia em desenvolvi- mento para investimentos internacionais em energias renováveis, com projetos avaliados em US$ 115 bilhões.

José Manuel Salazar-Xirinachs, secretário-executivo da Cepal, acredita que a América Latina pode competir de forma eficaz com a Ásia pelos investimentos estrangeiros, embora precise trabalhar para isso. “Não há nenhum segredo. Além dos fluxos para indústrias extrativistas, está muito claro que os países mais bem-sucedidos em atrair investimentos externos diretos mais sofisticados tecnologicamente apresentam uma combinação de condições que inclui o Estado de Direito, bons regimes operacionais e logísticos e, acima de tudo, recursos humanos de alta qualidade”, diz ele.

Enquanto o México teve um desempenho inferior, a história foi diferente no Brasil, a maior economia da região, respondendo por um terço do seu PIB. O gigante sul-americano superou o desempenho da região, garantindo 41% de todos os investimentos externos.

O Brasil foi tão popular entre os investidores que se tornou o quinto maior destino mundial de investimentos externos.

Conseguirão os presidentes da região dar conta do recado, ou os fortes números de investimentos do ano passado acabarão se mostrando uma surpresa? “A oportunidade está aí, mas há coisas que só ocorrem com a vontade dos envolvidos”, diz Czerwonko do UBS.

A grande população do país de cerca de 210 milhões de habitantes constitui um mercado de consumo avantajado.

Pela sua posição geográfica o país está se tornando o maior exportador do mundo em vários itens: café, soja, milho, minerais, petróleo e alguns derivados, fora o diesel. É pouco. Temos com a I.A que nos tornar, realmente, uma potência industrial.

O fato de estar abaixo da linha de Equador, no Atlântico Sul, permite navegarem os navios entre o lado Atlântico da América do Sul, à África, à América do Norte e à Europa e, pelo canal do Panamá, para a Ásia.

Agora o que verdadeiramente importa é estar o Brasil bem entrosado com os EUA-Europa Ocidental de um lado e China e Rússia do outro.

Em política internacional basta que o Brasil exerça a presidência dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China) e mantenha boas relações com os EUA em defesa da classe média baixa e do operariado, como aliás ocorreu na declaração conjunta de Lula e Biden recentemente.

O trabalho a fazer em casa é garantir a democracia e o funcionamento das Três Poderes e promover um ambiente seguro para os negócios sem excluir ninguém. Cultivando a neutralidade política, e se posicionando segundo nossos próprios interesses.

Essa primeira metade do século XXI prepara as nações que serão grandes potências em 2050, o marco do futuro para as atuais gerações, nascimentos posteriores à virada do século XX para o XXI.

Em 2023 a tendência se manteve, no último mês coletado (set) situando-se o Brasil em quarto lugar como destino preferencial do capital estrangeiro com a China aumentando as suas participações. Os três parceiros principais investimentos são China, EUA, U. Europeia.

A presença econômica da União e dos Estados continua no mesmo ritmo (IBGE) nos últimos 10 anos. Precisamos de um impulso maior da iniciativa privada brasileira, para superar o atraso.

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