O incrível Evo Morales

Estima-se que 90% dos carros roubados na Bolívia são oriundos do Brasil e do Chile.

O índio aimará soltou mais uma descarga na cara do Brasil, fiado no gasoduto que nós construímos para o bem do seu país. O presidente da Bolívia, Evo Morales, cocaleiro, além de incentivar o narcotráfico (pois ninguém acredita que a produção boliviana é para fazer pasta de mascar), sancionou, em 8 deste mês, a Lei 133/2011, fixando um prazo de 15 dias para o registro de carros sem documentação, pouco importando a sua origem ilícita. O país é tão atrasado, e tende a ser mais ainda, que a propriedade e a posse de um carro são importantes meios de vida. O sindicato boliviano dos motoristas, depois da assinatura da “normativa”, anunciou greve contra ela, por entendê-la lesiva aos interesses da categoria. Segundo o presidente do sindicato, Néstor Garnica, milhares de carros oriundos do Chile e do Brasil estariam entrando em massa no país em busca de legalização. Melhor dizendo, legaliza-se o crime: o de furtar ou roubar carros nos países vizinhos, daí a falta de documentação.

Segundo o presidente Morales, os pobres também têm o direito de ser proprietários de veículos automotores (ainda que furtados além fronteiras). O cinismo explica-se. O embaixador do Brasil exigiu medidas da Bolívia e do Paraguai no sentido de pôr cobro ao furto de nossos veículos e pediu a colaboração dos respectivos governos para endurecer o jogo nas fronteiras. A origem indígena de Evo o faz achar que os brancos são todos ladrões de lhamas, cavalos e almas. Então, resolveu legalizar tudo, antes de iniciar uma nova e hipócrita relação com o nosso país. As companhias de seguro do Brasil estão em polvorosa: ficará impossível reaver os veículos furtados. E não são poucos. Somente no Mato Grosso, com 983 quilômetros de fronteira com a Bolívia, em 2010, foram registrados 2.568 furtos e 2.030 roubos, a maioria carros luxuosos, utilitários e até caminhões. É o caso de se fechar a fronteira? A “normativa” é um acinte. Estima-se que 90% dos carros roubados na Bolívia são oriundos do Brasil e do Chile.

A origem de tudo isso é a leniência com que o governo do Brasil tratou a Bolívia. Desde quando Lula disse que a ocupação manu militari de ativos brasileiros na Bolívia e a quebra unilateral dos contratos de gás eram atos soberanos do país vizinho, passou-se um recado cifrado aos quatro problemáticos países da América do Sul (Bolívia, Paraguai, Equador e Venezuela), adeptos do socialismo do século 21 (de quebra, a Argentina). “Tudo o que fizerem de errado contra nós estará acobertado pela doutrina da soberania nacional deles.” Com isso, Lula, na verdade, negou a nossa soberania, nos tornando objeto dos poderes nacionais existentes em nosso entorno. O presidente do Equador, Rafael Correa, deu umas patadas em empresas brasileiras no Equador e o bispo namorador Fernando Lugo, presidente do Paraguai, mudou o tratado de Itaipu, botando pressão. Em todo caso negociou, coisa diversa do que faz Evo Morales.

Qual deve ser, afinal, a política do Brasil no Hemisfério Sul, na América em que estamos inseridos? O Brasil ocupa praticamente a metade do território sul-americano, representa 55% do Produto Interno Bruto (PIB) continental e abriga 52% da população do continente. Infelizmente, não temos territórios à beira do Pacífico, de frente para o continente asiático, eixo da economia mundial no século 21. Daí o primeiro objetivo: conseguir no Peru e no Chile portos que sirvam aos corredores de exportação e importação de produtos asiáticos. A Bolívia não tem mar. Com o mesmo objetivo, é preciso celebrar acordo oneroso com o governo do Panamá para o uso rápido do canal. Como corolário, precisamos de trens eficazes para os corredores e supernavios (logística). O segundo objetivo é nos libertar da dependência do gás boliviano. O terceiro objetivo diz respeito ao controle eficaz do território, do espaço aéreo e das riquezas da Amazônia, junto com nossos vizinhos. O quarto objetivo é deslocar a fronteira agrícola e industrial para o Oeste, especialmente nos estados mato-grossenses, Rondônia e Acre, até os contrafortes dos Andes. É por isso que Belo Monte e outras usinas elétricas são importantes. O quinto objetivo é a segurança e forças de rápido deslocamento nas nossas fronteiras, especialmente com a Bolívia e o Paraguai, por demais porosas. Nossos militares ficam acantonados no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, como nos séculos 19 e 20. Devem hoje ocupar as cidades e postos nos arcos amazônico-andinos. Disso tudo emergirá o objetivo último e final, a integração latino-americana como predica a Constituição, uma nova Ibéria nos trópicos, desta vez bilíngue, mas com a predominância dos falantes de português. Em 1500 d.C., Espanha e Portugal conquistaram os mares e as rotas marítimas, iniciando com os renascentistas italianos a era mercantilista, mudando os tempos. Agora, chegou a nossa hora, a da América ibérica, sob a liderança suave de um grande Portugal.

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