O Brasil do futuro

Há dias um articulista ocasional disse que em 2070 o Brasil terá o seu produto interno bruto (PIB) superado pela Nigéria, Egito e Paquistão. Em 2022 o PIB do Brasil era de 1 trilhão e novecentos bilhões de dólares, a grosso modo.

Segundo o articulista – neste ponto absolutamente certo – os 10 maiores PIBs hoje são, pela ordem: EUA, China e Rússia (pela imensa capacidade de sua economia bélica (foguetes armas, tecnologia espacial e ogivas nucleares), Japão, Alemanha, França, Reino Unido (UK), índia, Brasil e Itália.

O Canadá nos segue, mas é igualitário, de pouca população e estável, além do clima implacável (gélido). É já um país de alta renda.

Vejamos agora os supostos ultrapassadores do Brasil em 2070, uma data aleatória, supondo-se que as condições atuais continuem a existir.

Primeiro a Nigéria, na zona norte da faixa equatorial da África, à altura de Aruba e das Antilhas. Possui florestamento semelhante ao amazônico e está no terço final do imenso Rio Níger, via de navegação por excelência do país e piscoso (indústria de pesca fluvial). Agricultura forte mais limitada pelo pouco solo arável. População negra de 200 milhões de habitantes. Economia extrativista e exportadora de petróleo, gás, carvão e madeira gerando indústrias ligadas ao setor extrativista e de bens de consumo. O norte é islâmico radical. O movimento Boko Haram promove massacres contra os seguidores das religiões animistas e das cristãs trazidas pelo colonizador inglês, língua oficial junto com as falas étnicas do grupo Banto (lado Atlântico do continente africano e PIB de 480 USD).

O Egito é um imenso deserto irrigado pelo Rio Nilo. A represa de Assuam, do tempo de Nasser, permite a agricultura nas margens do Nilo até 3 km adentro, mas com sistemas de irrigação nem sempre presentes. O delta do Nilo equivalente, se tanto a Ilha de Marajó suporta muito maior produtividade, mais é extremamente populacionada. Seu PIB é de 452,75 bilhões de dólares. Não se mostra tecnologicamente capaz de aumentar a produtividade do seu parque industrial variado.

O Paquistão é o país, dentre os apontados, com maior capacidade de crescimento. No ano passado produziu 21 bilhões de litros de leite de vaca, 940 milhões de carne de frango 1300 toneladas de carne bovina. É o nono maior produtor de lã. Sua população, em minoria persa, é majoritariamente a mesma da Índia. Ao todo são 240 milhões de paquistaneses, estando entre os 23 países mais populosos do mundo. A religião majoritariamente é islâmica, possuindo grandes forças armadas pelo antagonismo mantido com a índia, da qual fazia parte, mas foi apartado pelo colonizador predatório, o Reino Unido, ou seja, a Inglaterra.

No plano industrial o Paquistão é forte na indústria leve e de bens intermediários e de consumo. Sua força econômica vem de ser o país um grande exportador de gás natural, petróleo e carvão (insumos sujos e poluentes). Os têxteis de algodão (junto com o Egito) o faz fábrica de vestuário (formam os maiores parques industriais do país) representando 65% de suas exportações e 40% do emprego no local de trabalho. A fabricação de bens eletrônicos vem crescendo no país pois a sua situação é dramática diante da transformação energética em curso, ou seja, a troca dos combustíveis fósseis pela energia eólica e solar, na qual o Brasil é o maior beneficiário por ter território, sol e ventos, além de um sistema de transmissão integrado embora imenso. Finalmente o PIB do Paquistão é de 437,58 bilhões de dólares (41% lugar entre as economias do mundo).

Em que pese as dificuldades do FMI e Banco Mundial para calcular o PIB e as projeções econômicas dos países, vê-se que os aventados para superar o Brasil, cujo PIB beira os 2 trilhões de US, se mostram delirantes e economicamente inviáveis. O provável é que voltemos a ser a oitava economia a curto prazo, não sendo impossível nos fixarmos como a sexta economia no globo, nosso problema continua a ser a distribuição da renda e melhor PIB per capita tendo por referência o dólar e o Euro, já que no Brasil os bens e serviços são mais baratos que nos EUA, na União Europeia, na China e no Japão (onde tudo é caro a começar pela água de beber).

Assim sendo, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que o Paquistão, Egito e Nigéria ultrapassarem a economia do Brasil, como mencionado pelo articulista cujas assertivas ora repelimos. Nem mesmo juntas chegam ao tamanho do PIB brasileiro em 2022. O que precisamos é de gerir o país com o devido conhecimento do que se passa mundo afora, sem assombrações.

Houve um tempo em que até os argentinos, nossos irmãos, se julgavam mais e melhores do que nós. Vinham de um passado exuberante ao fim de 1ª guerra mundial. Hoje o Estado de São Paulo (40% da economia do país) tem um PIB maior do que a Argentina, um país de solo fértil com 40 milhões de habitantes, com condições reais de crescimento, nosso terceiro parceiro comercial. O primeiro é a China e o segundo os Estados Unidos.

Vamos é para frente sempre. Quando foi proclamada a República. 81% dos brasileiros eram analfabetos e 80% paupérrimos (pobreza absoluta) o Brasil começa em 1930, com Vargas.

Faça seu comentário