Deus, pátria e família

O dólar caiu, a bolsa subiu e o golpe faliu logo após as eleições presidenciais. Por outro lado, o falsete “Deus, pátria e família” de cunho emocional a lidar com valores fundamentais foi usado por Mussolini, na Itália (fascismo); por Hitler, na Alemanha; Salazar, em Portugal; e Franco, na Espanha, para a instalação de governos autocráticos de funestas consequências em todas esses países. Foi disso precisamente do que nos livramos sem aderir à corrupção ou ao comunismo.

No Brasil, tivemos o “integralismo” de Plínio Salgado, “os camisas verdes” e os congregados marianos a repetir o slogan”. Agora, o bolsonarismo, de direita, como admitiu o próprio presidente derrotado, dele se apropriou. Vale repetir que o presidente derrotado, em seu discurso, disse que a ‘direita” , no caso o PL do Centrão, de Valdemar da Costa Neto, fez surgir forte essa corrente política no Brasil… “Se autodeterminou como sendo da direita”.

O fato dessa declaração enfática de Bolsonaro nos leva a analisar o que seja a “direita política” no passado e no presente.

É desnecessário voltar à Revolução Francesa contra a monarquia quando as facções políticas dos jacobinos, girondinos e outros sentavam-se à direita ou à esquerda do Parlamento gaulês de então, origem histórica das expressões direita e esquerda, pois a realidade de 1794 era bem outra, não valendo aqui descalvá-la.

Ao cabo e ao fim, o que é a direita em 2022? No século passado, bem perto, antes e depois da 2a Guerra Mundial, a direita era a monarquia russa do tzar, a supremacia ariana anticomunista e contra os judeus de Hitler, o fascismo italiano de Mussolini, o franquismo totalitário de general Franco, na Espanha, e o salazarismo absolutista de Salazar em Portugal, além de outros regimes.

Em pleno século 21, considera-se de “direita” o governo absoluto de Duda, na Polônia; de Orban, na Hungria; e Trump, nos EUA, cujos traços comuns são: (a) a demonização dos adversários políticos; (b) a pregação de que são os salvadores da pátria; (c) o uso de slogans emocionais; (d) a tendência amoral de solapar o regime democrático e a rotatividade do poder.

No Brasil, o bolsonarismo não hesitou em parar o país (obstrução dos grupos bolsonaristas de caminhoneiros) e ajuntamento na frente dos quartéis pedindo “intervenção militar” para impedir o vencedor das eleições de se tornar presidente do país.

O espírito belicoso, o ódio ao adversário, a repulsa ao Poder Judiciário e às urnas eletrônicas que estariam sendo sabotadas são as provas de que o discurso de ódio avassalou o país, tal qual ocorreu com o nazismo e o fascismo na Europa.

É  motivo de grande preocupação que dito fenômeno político esteja ocorrendo no Brasil, desde 1985 uma democracia forte, nascida pela vontade do povo após a tenebrosa ditadura militar que já durava 21 anos (1964 a 1985).

É hora de prestar homenagem ao grande político mineiro Tancredo Neves, que soube fazer a transição da ditadura para a democracia, e falecido nesse processo, a merecer o póstumo aplauso de todos os mineiros que prezam a

democracia contra aqueles que dela se servem para derrubá-la. Não passarão!!!

Não passaram porque o povo sabe distinguir e o fez nessa última eleição presidencial. Tanto é que, proclamados os resultados eleitorais, os líderes mundiais não demoraram mais que 40 minutos para cumprimentar o presidente eleito, ou seja, Lula da Silva. Todos eles, desde Biden, passando por Putin, o representante da União Europeia, Macron, da França, só para citar os mais relevantes, estavam informados pelos seus serviços secretos. Estavam informados sobre o cenário político do Brasil. Vale dizer que todos sabiam quem era o desastrado concorrente, de pendor golpista, que fora derrotado nas urnas acreditadas no exterior. Nenhum deles duvidou do processo eleitoral. Dizer que houve fraude como estão a sugerir faz parte de uma tendência golpista que perdura até hoje.

Pois é, como se diz em Teresina, no Piauí: desculpa de amarelo é dizer que come barro. No caso em foco, o gosto do barro é o mesmo da derrota na eleição presidencial. Como se diz na canção (o barro do chão)…

Só faltava essa! A culpa é das urnas. Agora, se Bolsonaro ganhasse as eleições, duvido que sua turma contestaria as urnas eletrônicas. Lula decerto não; já disputou cinco eleições, perdeu duas e ganhou três. Está pela terceira vez no comando do país. Entretanto, nunca duvidou do nosso processo eleitoral, que é perfeito. O resto é jus esperneandi de perdedor. É o gosto do barro do chão.

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