As vacinas da esperança

São Paulo, sem tolos e juvenis preconceitos ideológicos, caso de Bolsonaro, como ele próprio insinuou, mais uma vez está à frente do governo federal

Por falta de interesse econômico substancial, os laboratórios americanos e alemães se desinteressaram de investir em caras pesquisas contra o novo coronavírus, salvo a AstraZeneca junto com a universidade religiosa de Oxford, no Reino Unido.

Rússia e China tomaram a dianteira, mas cobrarão dos mais ricos países o preço devido, no que estão certos.

Segundo o Estado de Minas, refiro-me ao jornal, pode-se ver o estado da arte mundial nas tentativas de deter a COVID por imunização funcional, por si só uma tarefa hercúlea.

A Rússia registrou a segunda vacina contra o coronavírus, uma etapa que, no país, precede a fase final dos ensaios clínicos, em humanos. A fórmula, intitulada EpiVacCorona, tem um “nível de segurança suficientemente alto”, segundo a vice-primeira-ministra russa responsável pela saúde, Tatiana Golikova. A próxima etapa consiste em testes com 40 mil voluntários.

Assim como fez com a primeira vacina, a Sputnik V, o governo russo não deu detalhes sobre a nova fórmula. O anúncio foi feito em um momento em que o país enfrenta o ressurgimento da doença e número recorde de infectados: 14.231 novos casos em 24 horas em decorrência da segunda onda que acontece na Europa Ocidental e Central, com foco na Polônia.

A COVID-19 pode virar uma doença sazonal, quando a maioria dos casos se concentra em uma época específica do ano. É o que cogitam cientistas americanos em artigo divulgado na última edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Os pesquisadores chegaram à conclusão ao analisar modelos climáticos e dados sobre a pandemia. Para eles, caso não surja uma vacina contra o Sars-CoV-2 e as medidas de isolamento sejam enfraquecidas, as infecções devem ser mais frequentes no frio do que no calor, como ocorre agora.

O governo de São Paulo diz que a vacina Coronavac, testada pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, se mostrou segura também nos testes de 9 mil voluntários brasileiros, reafirmando os resultados de pesquisa anterior com 50 mil participantes chineses.

Os dados de eficácia, porém, devem ser divulgados somente entre novembro e dezembro, atrasando a previsão do governador João Doria (PSDB) de iniciar a imunização ainda neste ano.

O Brasil, seja com a Rússia, a China ou o Reino Unido, deve socorrer a América Latina, se tudo correr bem, pois o grande problema é ter laboratórios que fabriquem a preços razoáveis as vacinas, casos do Butantan e da Fundação Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro, por serem estatais e não visar a lucros.

Os americanos encaram a vacina como uma questão mercadológica, daí as reticências, enquanto China e Rússia olham mais o lado sanitário e epidemiológico, embora não desprezem o lado econômico (custo das pesquisas e desenvolvimento das vacinas e respectivos créditos – patentes).

Pessoalmente, acho mais confiáveis as vacinas russas e a chinesa Sinovac. Os testes da vacina inglesa de Oxford foram ruins e irão atrasar o cronograma (duas mortes, o que levou à paralisação temporária da fabricação), para azar de Bolsonaro, que pôs dinheiro lá, e sorte do governador de São Paulo, que se associou aos chineses, Estado hoje economicamente mais poderoso que a Argentina. São Paulo é um país desenvolvido, muito melhor que o resto do Brasil.

Pois bem, São Paulo, sem tolos e juvenis preconceitos ideológicos, caso de Bolsonaro, como ele próprio insinuou, mais uma vez está à frente do governo federal.

Bolsonaro trata a China, nosso maior parceiro comercial, como se fosse comunista, o que é puro besteirol diante do capitalismo chinês, em que pese o Estado forte, sem a bagunça partidária do Brasil. Bolsonaro que o diga em face do senador e velho amigo apanhado vergonhosamente, após estar com o presidente, com muito dinheiro nas nádegas e na cueca!

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