Um partido de ladrões

Não se pode esconder que o lulopetismo e o dilmismo (esse mero epifenômeno político) levaram o país a um pântano de corrupção jamais imaginável

Ali Babá e os 40 ladrões ao lado das mil e uma noites são deliciosos livros derivados da verve literária dos árabes e persas, assim como os monumentos literários das religiões do deserto (tanto a Torá judaica, o Talmud, a Mishná, o Corão, são obras extraordinárias da inventiva humana). As religiões “reveladas” o são justamente por ser em “literárias”, ao contrário do budismo, do taoísmo, do xintoísmo (intuídas, não reveladas, nem literárias porque reflexivas).

Um partido de ladrõesEm matéria de ciência política ou sociologia política, está por aparecer o sistematizador do “lulopetismo” ou de como soçobraram os sonhos de justiça social de milhões de brasileiros fixados num partido que se fez em nome dos interesses das classes trabalhadoras (como todos os partidos “trabalhistas” do mundo ocidental) ungido pela água benta da “teologia da libertação” da CNBB e o “moralismo” típico da UDN bacharelesca da ética na política. Mas essa gênese foi sempre de fachada ou se perverteu, se transformando na mais asquerosa corrupção sistêmica jamais vista no país?

Eis aí uma tese a ser desenvolvida. Há quem diga que as linhas de ônibus e a coleta de lixo, pagando propinas, sustentaram o PT na época municipalista. Livros contra ou a favor do PT, os temos, de duvidosa qualidade. O que importa surpreender é a explicação desse fenômeno político que, como o nazismo e o fascismo, tende a desaparecer da vida política, porque foi um rotundo fracasso econômico e social e, também, por ser grosseira e pobre sub ideologia política, totalmente absorvida pela falta de ética e a corrupção. A subideologia da defesa dos pobres e oprimidos contra o dragão da maldade, os coronéis da caatinga, os ricos, as madames, a classe média imbecil que o PT odeia, e o patronato em geral (o nós contra eles, menos meia dúzia de artistas “idealistas”).

Convenhamos que a república, pós-período militar, instrumentalizou o aparato estatal para subvencionar as campanhas eleitorais, daí a necessidade da reforma política e do enxugamento do Estado. Contudo, não se pode esconder que o lulopetismo e o dilmismo (esse mero epifenômeno político) levaram o país a um pântano de corrupção jamais imaginável, daí a primazia que suscitam.

Esse episódio em que o ex-ministro Paulo Bernardo e a senadora Gleisi Hoffmann aparecem no centro do mais nojento caso de corrupção, o dos empréstimos consignados, é o próprio retrato do lulopetismo e do uso do Estado para fins partidários e de enriquecimento pessoal. Algo parecido ocorreu com a Nomenklatura soviética.Na Iugoslávia do Marechal Tito, o escritor Milovan Djilas escreveu o livro A nova classe para denunciar as “delícias da burguesia” que tornavam a vida dos políticos do partido comunista uma “dolce vita”. Mas, entre nós, outros ingredientes históricos e sociológicos estão à espera de um sério e profundo biógrafo do lulopetismo

O mais as quero so neste episódio, que julgo catalisador de todo o processo de desmascaramento do PT, é que funcionários públicos em apuros ou tica do lulopetismo e de seu projeto de poder (os fins justificam os meios). Não devo negar que houve um tempo em que acreditei no ideário petista, adequado a um país tão desigual como o nosso, mas logo despertei e viacara odiosa do engodo, da empáfia, do despiste, da propaganda dirigida. E sabendo das falcatruas, aqui, ali e acolá, hoje não tenho mais dúvidas. Não compro a tese de que o sistema partidário do presidencialismo de coalização plantado num país cujo Estado é grande e intervencionista explica o PT. Explica o sistema político falido, cujo multipartidarismo é culpa do STF, que o permitiu ao derrubar as cláusulas de barreira. Há algo mais no lulopetismo. E tem muita gente precisando recitar o mea culpa. Tenho para mim que a crise da democracia representativa e o populismo socialista na América Latina estão na base de uma explicação do lulopetismo, como do kirchinerismo na Argentina, do bolivarianismo venezuelano e do correismo no Equador, bem como de Evo na Bolívia. São bem parecidos para ser apenas coincidência. Esse populismo semi-ideologizado merece explicações. Ao cabo, o PT é um partido de ladrões com um projeto político que deliberadamente coexiste com os capitalistas desonestos. O que é isso? em busca da construção precária da casa própria, além de aposentados doentes ou financiadores de famílias, foram depenados impiedosamente justamente pelo Partido dos Trabalhadores

A senadora, cujo apelido é “Narizinho”, alega que leva vida confortável, mas que não tem conta no exterior. Concordo. Sete milhões em propina em cinco anos não é nada diante dos bilhões de reais da Operação Lava-Jato. Mas, senadora, não é o valor que interessa, mas o caráter do seu marido e o seu também! É a ideologia mal sã que domina a alma petista que nos interessa, tanto para fins penais quanto para um estudo de sociologia política do lulopetismo e de seu projeto de poder (os fins justificam os meios).

Não devo negar que houve um tempo em que acreditei no ideário petista, adequado a um país tão desigual como o nosso, mas logo despertei e viacara odiosa do engodo, da empáfia, do despiste, da propaganda dirigida. E sabendo das falcatruas, aqui, ali e acolá, hoje não tenho mais dúvidas

Não compro a tese de que o sistema partidário do presidencialismo de coalização plantado num país cujo Estado é grande e intervencionista explica o PT. Explica o sistema político falido, cujo multipartidarismo é culpa do STF, que o permitiu ao derrubar as cláusulas de barreira. Há algo mais no lulopetismo. E tem muita gente precisando recitar o mea culpa

Tenho para mim que a crise da democracia representativa e o populismo socialista na América Latina estão na base de uma explicação do lulopetismo, como do kirchinerismo na Argentina, do bolivarianismo venezuelano e do correismo no Equador, bem como de Evo na Bolívia. São bem parecidos para ser apenas coincidência. Esse populismo semi-ideologizado merece explicações. Ao cabo, o PT é um partido de ladrões com um projeto político que deliberadamente coexiste com os capitalistas desonestos. O que é isso?

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