Um erro reversível

No Brasil, cometemos o monstruoso erro de transformar o Distrito Federal em estado-membro da Federação. Deu no que deu. O inimigo atacou o coração da República e os três Poderes, usando inclusive sua Polícia Militar.

Quando Juscelino Kubitschek, o presidente mineiro criador do Brasil moderno .com o seu plano de metas) mudou a capital do Rio de Janeiro para Brasília, fez a coisa certa, politicamente falando. O coração do Brasil, no Planalto Central, “desacariocou” o governo, tornando-o nacional.

Até certa altura, o governador do Distrito Federal era indicado pelo presidente, obviamente. José Aparecido de Oliveira, do Serro Frio, chegou a governar o Distrito Federal, por nomeação. Os novidadeiros de sempre inventaram eleições para eleger o governador do Distrito Federal, e até uma Assembleia Legislativa, aprisionando o governo federal e suas autarquias dentro de um território estranho e até mesmo adverso, como ocorreu nesse doloroso e insultante 8 de janeiro de 2023.

Vale agora — esse é o momento exato — reverter essa esdrúxula situação que constrange o governo da República nas mãos de um simples prefeito de Brasília e cidades satélites. A turba-malta fez o que quis e enquanto quis. Agora é a prisão e processos civis e criminais em cima dos arruaceiros e, principalmente, dos mandantes, empresários aclientelados de Jair Bolsonaro. É urgente “despolitizar” o Distrito Federal, ou seja, Brasília e cidades satélites.

O administrador do Distrito Federal deve ser indicado pelo presidente da República, e o Senado Federal deve voltar a ser — quanta honra — a sua Câmara Municipal. Tudo voltará a ser como antes.  É o mínimo que se pode exigir para a segurança do Brasil e de seus governos eleitos democraticamente. Era assim antes e, agora, fica mais do que justificada essa emenda constitucional e leis complementares necessárias para implementar a medida. Essa, assim, por contrarrazão, será a única contribuição do governo findo e acabado para o bem-estar do povo brasileiro.

Não entra na cabeça de ninguém que possa o governo da República ficar refém de poderes locais. É que, doravante, essa fragilidade estrutural será crescentemente usada para perturbar o governo federal. Acabou a era da inocência. Quatro anos de ódio finalmente deram oportunidade para a racionalidade e a segurança das instituições políticas da nação.

Querem um exemplo? Os EUA, a mais longa e ininterrupta democracia do mundo. E lá tivemos, apesar de tudo, igualmente, uma insurreição logo atalhada, com seis mortes. A invasão contra o Capitólio, o Poder Legislativo norte-americano, fracassou e o ex-presidente Donald Trump está prestes a ser definitivamente responsabilizado pelo evento.  Entre nós, idênticas medidas hão de ser tomadas a bem da democracia e do crescimento sustentável.

Bolsonaro, assim como Collor de Melo, entrarão para o lixo da história, em que pese o luto inconformado da pequena burguesia (classe média, em parte). O Brasil conta com o lúcido e integral apoio dos Estados Unidos da América, cujo apoio é essencial.

Joe Biden, presidente norte-americano, se pronunciou publicamente, inclusive convidou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a visitar oficialmente o país. Uma nova era no campo internacional está aberta, e será ocupada devidamente a bem do Brasil.

Voltando ao tema inicial, uma solução seria isolar permanentemente o Plano Piloto em Brasília, de modo a garantir a Praça dos Três Poderes e a Esplanada dos Ministérios, desde o monumento a Juscelino Kubitschek, na parte mais alta da Esplanada dos Ministérios, após a estação rodoviária. Cumpre mostrar ao mundo que o governo federal, ao cabo, tem defesa. O ministro Flávio Dino mostrou uma incapacidade absoluta em manter segura a sede do governo. Mais ação e menos palavrório. O bolsonarismo é primário, inculto e violento, tal qual o seu mentor. Por outro lado, Lula precisa começar a governar e não pode falhar. Estamos de olho!

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