Ucrânia

Bandeira da Ucrânia

Foto: UP9

De onde o acatado comentarista Demétrio Magnoli sacou que a Rússia sem a Ucrânia torna-se país “não europeu”? Eslavos, celtas, iranianos, gregos, latinos, germânicos formam a raça branca na Europa e linguisticamente todos vieram do sânscrito. Kiev, Moscou e S. Petersburgo estiveram integrados na história da Europa tanto quanto Paris, Viena e Londres. Em termos religiosos é cristã (Igreja Ortodoxa Russa) que ao lado dos patriarcados armênio, grego e copta, formam além das seitas protestantes e da Igreja Católica Apostólica Romana, uma parte significativa da cristandade. Cultural, idiomática, racial, religiosa e politicamente a Rússia é um pais europeu, eurasiano e asiático (Ilhas russas estão no arquipélago japonês). Mas os grandes, cineastas, teatrólogos, poetas, músicos, dançarinos, cientistas e políticos russos estiveram a lidar com a cultura ocidental ou outras como a turca, a judaica, a mongol, a budista, a chinesa ou a muçulmana? Após a queda de Constantinopla pelos Otomanos quem por cinco séculos lhes fêz frente? A Rússia e a Áustria. Tome-se a História da Europa desde o ano de 1580. A Rússia estará no xadrez geopolítico como “player” necessário. Napoleão perdeu-se ao ser vencido por ela. Durante a 1ª Guerra Mundial, deu-se a revolução Comunista do 1917 que dividiu o mundo durante 80 anos. Karl Marx foi um filosofo alemão. O comunismo é doutrina oriental ou uma expressão ideológica de raiz europeia? Na 2ª Guerra Mundial, quando 20 milhões de almas russas pereceram lutando contra a barbárie nazista, o palco foi a Europa. Que incluindo o pan-germanismo dos alemães, onde a política sempre levou em conta as cidadanias “jus sanguinis”, daí a questão das minorias étnicas e culturais. Vimos as implosões da antiga Iugoslávia e da URSS. A Techoeslováquia virou duas repúblicas, a Techa e a Eslovaca. Há países que insistem em unir etnias como o Canadá, com o Quebec francófono, o Reino Unido convive com separatismo da Escócia e da Irlanda do Norte; a Espanha com a independência da Catalunha, etc. São problemas que os povos devem resolver pelo voto. Em nenhum dêles os EEUU se meteram.

A Ucrânia deveria ser dividida em duas repúblicas, a do Leste e do Oeste, ambas respeitando os direitos e língua das minorias russa e ucraniana, respectivamente (são primos-irmãos). Essa ânsia de unir-se à Europa Ocidental é uma ilusão dos ucranianos do oeste. Ingenuamente se oferecem como mão-de-obra barata para uma Europa em crise. Os europeus do leste estão sendo descriminados na CEE. A prostituição vive das suas meninas. A Criméia, que já é autônoma, quer reintegrar-se à Rússia a sanar o ato do embriagado kruschev que a anexou à Ucrânia, por motivos pessoais, ao tempo da URSS. Que cada parte da Nação se decida em plebiscitos sem pressões políticas internas e externas. De resto a Criméia abriga bases militares e arsenais atômicos vitais para a Rússia. Os EEUU não mantém a sua base de guantamano em Cuba?

O EEUU e UEE, dois poderosos blocos econômicos querem estorvar o projeto russo de criar um espaço econômico e geo-político na eurásia (Rússia, Casaquistão, Usbesquistão, Irã, Mongólia Exterior e China) Por acaso isso não é legítimo? O partido SVOBODA é neonazista, direitista, nacionalista, xenófobo, terrorista, assim considerado pela própria CEE, e anti-russo. Foi ele que comandou a violência com seus black-blocs incendiários, instaurando o ódio sectário. Na Ucrânia não houve revolução alguma se não um golpe de Estado a depor um presidente eleito por maioria absoluta no 2º turno das eleições consideradas limpas pela CEE. Não houve o consentimento da Côrte Constitucional para o processo legal do impedimento do Presidente nem votação de ¾ de votos no Parlamento, conforme a Constituição. Nada se divulgou aqui. Somos cativos da propaganda americana. É hipocrisia os EEUU alegarem estar a Rússia ameaçando a soberania da Ucrânia, que não reconheceu o governo surgido do golpe de estado (suprimiu a língua russa e ameaça a comunidade residente no país). Cabe-lhe o direito de proteger a etnia russa, seus bens, e as bases militares lá existentes, diplomática e militarmente.

Há coisas a resolver: igualdade de direitos entre as etnias russas e ucranianas; a proteção dos gasodutos russos; ressalvas de não-agressão; pagamento dos empréstimos russos já desembolsados; o resguardo de bens atômicos e equipamentos militares na Ucrânia, etc.

A Ucrânia pró UEE não pense que seu ingresso é para já. Antes chega o FMI com suas “receitas” a impor sacrifícios enormes para resgatar às “ajudas”. A “revolução” está temperada por badernas sob incitação da CIA. Os ucranianos criaram com o partido SVOBODA um problemão para si próprio e para a Europa. Nesse episódio os EEUU são uns intrometidos com o único objetivo de garantir mercados para o bloco do Atlântico Norte.

Os brasileiros precisam de analistas internacionais de peso. Não os temos nem políticas adequadas.

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