O governo Trump reformulou a estratégia de segurança nacional dos EUA, anunciando uma “grande disputa de poder” com Rússia e China
O que parecia improvável, uma soldagem entre a Rússia e a China, doravante senhores da Eurásia, vem de acontecer.
A Rússia pode fornecer energia para seu vizinho, ao passo que a China ofereceria seu know-how em e-commerce, opinam os analistas. A gigante chinesa Alibaba anunciou, semana passada, que fará parceria com um famoso empresário russo.
Washington vem travando uma guerra comercial com a China e impondo cada vez mais sanções contra a Rússia. O governo Trump reformulou a estratégia de segurança nacional dos EUA, anunciando uma “grande disputa de poder” com Rússia e China, alegando que ambos os países vêm procurando “criar um mundo antiético, segundo os valores e interesses americanos”.
As crescentes tensões com Washington valorizaram ainda mais, aos olhos de Pequim, a tecnologia e a experiência militares da Rússia. Por outro lado, para Putin, as sanções ocidentais contra a Rússia tornam a força econômica da China mais atrativa, sem falar no tamanho do mercado chinês, algo que Trump subestima. Em vez de sobretaxar os produtos chineses, deveria baratear os custos de seus serviços e bens. Ao baixar o IR/pessoa jurídica livrou os lucros, jamais a produtividade da economia americana comparada com os custos e preços chineses.
“Os chineses estão enviando um sinal claro de que não consideram a Rússia uma ameaça, o que já deveria ser motivo de preocupação para os EUA”, afirmou Michael Kofman, pesquisador na CNA, organização financiada pelo governo federal americano.
O vínculo militar mais estreito entre Moscou e Pequim dá à China acesso valioso à tecnologia militar russa e à experiência de campo da Rússia na Síria, que reverteu totalmente a situação da aliada fiel. Os russos destruíram o Estado Islâmico radical, o tal califado.
Nos últimos anos, os russos começaram a vender armas avançadas para a China, como o seu sistema de mísseis terra-ar S-400 e caças de quarta geração Su-35. A China está preocupada com a agressividade de Trump.
A China participa de um exercício militar com 3.200 militares, mais 900 “dispositivos e equipamentos” – a maneira como se refere aos seus próprios tanques, canhões e mísseis. Tropas da Mongólia estão tomando parte nas provas. De acordo com o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, o planejamento consumiu dois anos. O general não fala dos custos, mas, de acordo com analistas da Rand Corporation, braço privado da inteligência do Pentágono, a despesa pode ter batido em US$ 3 bilhões – e não saiu por menos de US$ 1,5 bilhão.
A intenção de Putin é testar a capacidade de integração das forças da Rússia, sob as novas tecnologias. E, de quebra, exibir o mostruário para o mercado de produtos de emprego militar prontos para uso: dos ágeis tanques T-90 de quarta geração aos imensos aviões-radar II-76/A. Trezentos mil combatentes, 36 mil tanques, blindados e veículos diversos, com o apoio de 1.000 aviões e cerca de 90 navios, começaram a se movimentar em cinco diferentes frentes no gigantesco exercício que simula as ações de defesa diante de uma eventual “agressão externa”. Uma invasão? Quem poderia ser esse invasor?
Em Vladivostok, o presidente Vladimir Putin recebeu o presidente Xi Jinping como seu convidado principal em uma conferência anual no Extremo Oriente da Rússia. Na Sibéria, mais de 3 mil soldados chineses se uniram aos russos para exercícios militares em que drones, paraquedistas, artilharia e caças encenaram uma batalha simulada.
Enquanto isso, a mais antiga democracia ininterrupta, desde a Guerra Civil americana, vem de visitar as urnas mais uma vez. Isso ocorre a cada dois anos. Alguns estados elegem governadores e parte dos senadores, além de deputados, outros cargos e assuntos diversos. O estado do Alabama decidirá se as escolas públicas podem livremente fixar cópia dos 10 mandamentos na entrada. Dakota do Norte, Utah, Missouri e Michigan consultam o eleitorado sobre a legalização da maconha (30 já permitem o uso para fins medicinais e recreativos).
Sabe-se já que o partido de Trump aumentou seus senadores, pois estados historicamente republicanos elegem senadores nas eleições de meio mandato presidencial (é mais uma peça do modelo de pesos e contrapesos do sistema político dos EUA).
Na Câmara dos Deputados, porém, os democratas “tratoraram” os republicanos e construíram uma maioria altamente consistente, deixando Trump na condição de “pato manco”. Significa, por exemplo, que o tal “muro” separando os EUA do México e a política migratória restritiva praticamente deixaram de existir, além de outros temas a que os democratas se opunham, não convindo trazê-los à baila agora.
Houve, também, a quebra do monolitismo conservador (homem branco, cristão e anglo-saxão). Mexicanos, mulheres negras, muçulmanos e um governador gay se elegeram, ventilando a opressão de Trump. Uma sociedade aberta e plural prevaleceu.
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