O Estado democrático de direito não permite a “anarquia” típica dos brasileiros.
The Economist, maior e mais considerado jornal econômico e social do mundo ocidental – cujas análises contam com repórteres baseados em mais de 20 países –, em longo estudo disse “ser incompreensível e irracional o apoio popular no Brasil à greve dos caminhoneiros”. Acho que nasci no Reino Unido e me trouxeram na semana seguinte para o Brasil. Concordo com o The Economist.
Fazer o povo passar necessidades, andar a pé, tumultuar o país, requerer a quebra da democracia, trocada por uma intervenção militar (requerida por um povo desrespeitoso, anarquizado e inculto) são paradoxos, desses que somente ocorrem no Brasil, sem que a sociedade exija do governo ações, nos limites da lei, para conter os excessos.
Os caminhoneiros podiam ser enquadrados na Lei de Segurança Nacional e não tratados como heróis nacionais. Como disse o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), nenhuma categoria profissional tem o direito de parar o Brasil, paralisar sua economia e dar prejuízos econômicos aos particulares e aos governos federal, estaduais e municipais.
Notícia boa nos dão os americanos. Fizeram uma pesquisa, como sabem fazer, e Lula tem 60% de rejeição. Os brasileiros não sabem o que é democracia, a exigir correlatas responsabilidades sociais. Para a maioria, democracia é fazer baderna e usar a força, ferindo direitos alheios. E estão assim porque Lula está preso e não sai. A cena do caminhoneiro da Sada arrancado da direção e espancado, a ponto de ser internado em hospital (um senhor de idade) e, outro, que morreu a pedradas, além de outros que tiveram o direito de ir e vir impedido pela truculência dos caminhoneiros, bem comprovam o que digo.
O direito de ir e vir ou a liberdade de movimento, a trabalho e a lazer, somente pode ser impedido, a bem do titular do direito, presentes as condições passíveis de causar danos a si ou a bens a todos pertencentes. Não se pode impedir – é paradoxal – o direito de ir e vir de terceiros.
O direito de reunião é sagrado, em lugar e data previamente comunicados, resguardados os direitos alheios, bem observados os limites.
O direito de propriedade privada – exceto nos casos previstos na Constituição, como requisição, desapropriação, proteção do titular etc. – é inviolável. Vimos carros incendiados e estradas públicas danificadas a fogo e a picareta, com as pessoas entregues à sanha de criminosos.
A interdição de estabelecimentos, como cercar postos de venda de combustíveis com caminhões, não é exercício do direito de greve – respeitados os que querem trabalhar –, mas abuso desse direito e violação das leis do Estado, a merecer processo, condenação e punição.
O Estado democrático de direito não permite a “anarquia” típica dos brasileiros. Nem nos EUA, nem no Canadá, cujas democracias inadmitem excessos lesivos à lei e à ordem, jamais admitiriam a selvageria vista no Brasil. Não apenas nesses enérgicos países, mas no mundo civilizado, as greves nos desbordam em tentativas de desestabilizar ou inviabilizar governos. Essas aberrações ocorrem mais na África e nos países autoritários da Ásia, do Islã e em algumas nações, poucas, da América Latina atrasada, incluindo professores universitários histéricos, jornalistas tendenciosos e os políticos antidemocráticos das esquerdas festivas existentes por aqui (festivas, iradas, ignorantes e golpistas).
Por último, mas não menos importante, o governo Temer é legítimo nos exatos termos da Constituição e comandante-chefe das Forças Armadas. Chamado a votar por duas vezes na aliança encabeçada pela chapa PT-MDB e outros partidos, o povo a elegeu. Não foram as Forças Armadas que elegeram o Executivo e o Legislativo. E, tem mais, com a poderosa votação do MDB e do PT contra a cerrada campanha da oposição que a acusava de inepta, corrupta e indesejável, o povo preferiu elegê-la e reelegê-la nas urnas, tanto que clamam até hoje contra o “golpe”, ou seja, o legítimo impeachment de Dilma (e só dela), devendo o vice – com o respaldo do voto popular – assumir a Presidência em seu lugar, o que ocorreu. Mas aqui somos pela anarquia. Um autoritário “tzar”, chefe do MPF, por duas vezes provocou processos de impeachment do novo presidente, e por duas vezes o Congresso Nacional, eleito – repito mais uma vez – pelo povo, o manteve no poder, sem prejuízo (evidentíssimo) da retomada da economia e do emprego.
O PT, a CUT, o PC do B, o Psol, “et caterva”, com “mão de gato”, estão manipulando sindicatos e categorias profissionais para fazer mais greves. A dos petroleiros vinha em seguida, depois os eletricitários e assim por diante. À direita, as vivandeiras dos quartéis procuram pretextos para acabar com o governo e a democracia, por julgá-la estrume para as bagunças da esquerda, pendendo para as estrelas do generalato. Querem um governo forte e militar, pois somente assim haveria ordem e progresso. Mas os generais são democratas. Quanto aos prejuízos, estão estimados em R$ 60 bilhões, prejuízo que justifica negar aos caminhoneiros o direito de greve.
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