O objetivo da ofensa a Maomé era açular fundamentalistas, facilitar um ataque ao Irã e perturbar a campanha de Obama.
Colhi no Estado de Minas a seguinte notícia: “Um tribunal francês ordenou que a editora da revista de fofocas Closer entregue em 24 horas todas as cópias digitais das fotos da mulher do príncipe William, Kate Middleton, de topless. Também foram proibidas futuras divulgações do que a corte chamou de ‘exibição brutal’ dos momentos íntimos de Kate e do príncipe. De acordo com a decisão, a editora terá que arcar com uma multa diária de 10 mil euros (US$ 13 mil) se não entregar as fotos publicadas na sexta-feira. Em comunicado, o duque e a duquesa de Cambridge disseram que ‘saúdam o veredicto do juiz’”.
No mesmo jornal (19/09) li no inteligente artigo de Frei Betto: “Inocência dos muçulmanos é o título do filme usamericano dirigido por um tal Sam Bacile, que difama o profeta Maomé e ofende todos aqueles que professam a fé muçulmana. Quem é Sam Bacile? Não se sabe. O diretor do filme, talvez temendo represálias, se escondeu sob o anonimato. Há suspeitas de que ele e o produtor Nakoula Basseley Nakoula, cristão coopta, que vive na Califórnia, sejam a mesma pessoa. As cenas do filme vão da grosseria à pornografia. Num dos trechos diz uma velha: ‘Tenho 120 anos. Nunca conheci um assassino criminoso como Maomé. Mata homens, captura mulheres e crianças. Rouba caravanas. Vendi meninos como escravos depois que ele e seus homens abusaram deles’”.
E prossegue o bom cristão e excelente articulista: “Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, classificou o filme como ‘repugnante e condenável’, mas acrescentou que os EUA devem respeitar a liberdade de expressão. Suponhamos que se jogasse na internet um filme mostrando Monica Lewinsky fazendo sexo oral com Bill Clinton. Como reagiria Hillary? Liberdade de expressão? E se o filme mostrasse Obama sendo sodomizado por Bin Laden ou a Estátua da Liberdade transando com Abraham Lincoln? Qual seria a reação do governo e do povo dos EUA? Respeitar a liberdade de expressão? Por que a família real britânica não segue a mesma lógica de Hillary Clinton e suspende o processo judicial contra a Closer, revista francesa que publicou fotos da princesa Kate Middleton fazendo topless numa praia particular? Toda liberdade tem limites: o respeito à dignidade e aos direitos alheios. Ninguém é livre para furar filas, sonegar impostos, ofender a progenitora de quem quer que seja”.
Eu vou além. Os muçulmanos precisam aprender a viver com as opiniões contrárias à sua religião e a liberdade de imprensa. Mas isso não se faz de um dia para o outro. Por outro lado, Maomé os ensinou a respeitar as religiões alheias. Vocês já viram charges e livros muçulmanos atacando Moisés ou Jesus Cristo? Não existem. Portanto é injurioso, injusto e indigno o que fazem com eles. Os EUA estão irritados com o Wikileaks e querem prender, processar e matar o seu mentor.
Cabe um roteiro a se chamar “A inocência dos judeus e dos cristãos, de boa-fé”. Seria um documentário de 10 minutos. Será que não ocorreu a ninguém que esse filme foi feito pelo direitista partido do Likud (Israel) ou por uma facção do Tea Party, a parcela fascista/anarquista do direitista Partido Republicano dos EUA? Quanta inocência! A revolta dos maometanos era previsível e mais previsível ainda a exploração do episódio pelos fundamentalistas religiosos americanos, e, claro, muçulmanos, fanáticos da Jihad (o objetivo era açular os fundamentalismos de todos os lados, para alcançar objetivos bem determinados, facilitar um ataque ao Irã, perturbar a campanha de Obama, etc.).
Aqui no Brasil, Jaguar fez uma charge em que Jesus aparece crucificado e se desculpando com Madalena: “Hoje não, Madalena, estou pregado!”. A charge irritou os cristãos e houve tentativas de reparação, mas nada parecido com a indignação da “rua árabe”. Os poderosos do mundo não querem que os povos do Islã cresçam e se tornem democráticos e livres. Essas provocações partidas do Ocidente necessitam combate e criminalização. São nas intenções inconfessáveis, bárbaras. Houve um tempo em que os califados árabes que dominaram a Península Ibérica tratavam os judeus com tolerância e com respeito, há 520 anos! Houve progresso técnico e regresso ético, sem dizer que os árabes e berberes eram cultural e cientificamente, naquela época, imensamente superiores. As pessoas podiam cultuar os seus deuses e professar suas crenças em liberdade.
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