O que preocupa hoje é o caráter autoritário dos governos das 10 maiores potências, com o Brasil em 8º lugar
O governo tem praticado atos que nos deixam preocupados. São atos como os dos regimes autoritários que surgiram entre a primeira e segunda guerras mundiais (nazismo e fascismo na Europa e os caudilhos na América de fala espanhola e portuguesa), bem como blocos ideológicos até a era Gorbatchov (capitalismo e socialismo).
Estamos noutros tempos. Rússia e China praticam o capitalismo e desapareceu a espionagem e a corrida armamentista, que terminou, simbolicamente, com a queda do Muro de Berlim e o vertiginoso crescimento econômico da China, após o pragmatismo de Deng Xiaoping.
O que preocupa hoje, inclusive a China e os EUA de Trump, é o caráter autoritário dos governos das 10 maiores potências (com o Brasil em 8º lugar). Trump persegue instituições e deixa de lado — para reeleger-se — a dignidade presidencial, fazendo conluios com o chefe de Estado da Ucrânia para prejudicar Joe Biden, o adversário do partido Democrata. Putin, embora tenha o apoio de 72% dos eleitores russos, insiste em apoiar ditaduras como a da Venezuela. Na América Latina, fez-se ferver a Colômbia, o Chile, o Equador, a Bolívia. A Argentina elege um suposto peronista autoritário.
Pois bem, no Brasil, o Estadão de 5 de dezembro, pela pena de Eugenio Bucci, um editorialista conservador e antiesquerdista, diz com todas as letras: “Há mais do que delírio e desespero nos despautérios do governo: há a coerência da mentira e da fraude. Isso quer dizer que existe, sim, um nexo de consequência entre a teoria do rock abortogênico e a causa maior de acabar com a imprensa”.
“O governo pode bater cabeça feito um lobisomem rolando a ribanceira, mas sabe muito bem o que quer destroçar. Sabe que um país onde vigora a liberdade de imprensa está mais protegido contra a mentira. Sabe que não basta levar um ou outro jornal à falência. Sabe que precisa ter a seus pés um povo incapaz de buscar a diferença entre o que é verdade e o que é mentira. É nessa trilha que o governo avança.”
Isso está escrito no jornal mais à direita do país. E tem mais. Do mesmo partido do presidente (que dele se afastou depois que se convenceu de que não o dominaria inteiramente) passamos, a saber, do “gabinete do ódio”, por meio de um inquérito parlamentar. Uma deputada com fama de honesta e determinada democrata deitou falação. Segundo Hasselmann, um dos mais ativos grupos de propagadores de notícias falsas e difamações seria o chamado “gabinete do ódio”, integrado pelos assessores especiais da Presidência da República: Filipe Martins, Tercio Arnaud, José Matheus e Mateus Diniz. “Estou mostrando o modus operandi, estou mostrando pessoas ganhando dinheiro público para atacar pessoas”, disse!
Um único disparo por robôs custa, em média, conforme a parlamentar, R$ 20 mil. “De maneira, digamos, legal, comprovável imediatamente, são destinados praticamente R$ 500 mil, de dinheiro público, para perseguir desafetos. Essa é a função do ‘gabinete do ódio’. Nós estamos falando de crime, pois caluniar, difamar e injuriar são crimes previstos no Código Penal”, disse a deputada, que também foi alvo de ataques de bolsonaristas radicais (quinta coluna). Joice afirmou não saber quem financia tal cadeia de difamação, mas sugeriu à comissão que “siga o rastro do dinheiro, porque estamos falando de milhões”.
Apesar de não apontar eventuais financiadores do esquema, a deputada declarou que boa parte da fonte das notícias falsas e campanhas difamatórias tem origem em gabinetes de políticos aliados do governo.
A ex-líder acusou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC), filhos do presidente Bolsonaro, de pautarem ação do “gabinete do ódio”. Outro influenciador ligado ao grupo seria “o guru” Olavo de Carvalho. A deputada do PSL de São Paulo afirmou ter começado a investigar as estratégias de difamação de antigos aliados de Bolsonaro desde que foi destituída da liderança do governo e passou ela própria a ser alvo dos ataques.
Além da deputada do PSL, teriam sido vítimas das milícias virtuais ex-ministros, como Gustavo Bebianno e Carlos Alberto Santos Cruz, além do vice-presidente, Hamilton Mourão. Também citou como alvos o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP), Dayanne Pimentel (PSL-BA), Delegado Waldir (PSL-GO), youtubers e artistas.
Convém aos brasileiros prestar mais atenção ao que se passa. Não resta dúvida de que, dentro e fora do PSL, há um núcleo muito bem organizado, ligado ao governo, atuando nas redes sociais e nas redações dos meios tradicionais de imprensa, além da falação, aqui e acolá, detratando a democracia e fomentando um governo de partido único (de direita). O monge Bianor, há anos no Tibet, manda avisar que está de volta ao Brasil. Como se sabe, ele sente vibrações que nós outros não sentimos. Eu não duvido do monge. Existem ruídos que não podemos deixar de ouvir. E não se passou nem um ano desse governo, sequer um ano!
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