Segundo cálculos de economistas, se o Brasil conseguir crescer a taxas de 2,5% ao ano, a partir de 2017, pois em 2015 e 2016 teremos retração do PIB da ordem de 2% (perda de produto), daqui a cerca de 30 anos conseguiremos dobrar a renda per capita do brasileiro para US$ 23 mil, o atual nível de Portugal.
Saber se até lá haverá melhoras significativas na repartição interna do PIB nacional, ou seja, maior igualdade – o país mais igualitário do mundo é a França – é ainda uma questão em aberto, à medida que a nossa situação atual, em todas as suas coordenadas, não permite extratar conclusões confiáveis nesse item.
Segundo o mencionado estudo, alguns pontos merecem realce, a começar pelos elementos de frenagem do crescimento: 1) o tamanho excessivo do Estado, com 1 milhão de funcionários, mas ineficientes e onerosos; 2) a burocracia estatal e suas “licenças” e documentação exagerada, mormente as “ambientais”; 3) a excessiva e ilógica estrutura tributária do país (37% do PIB) sem similar em países semelhantes ao Brasil; 4) a opção pelo modelo estatista na economia e pelo assistencialismo improdutivo, a cara dos governos do PT. Aliás, Mangabeira Unger, assessor especial de Dilma, vem de chegar a idêntica conclusão.
Hoje, ocupamos a 7ª posição em termos de Produto Interno Bruto no ranking econômico mundial, atrás, respectivamente, dos EUA, China, Japão, Alemanha, França e Reino Unido. No ritmo de 2,5% ao ano provavelmente ocuparemos daqui a 35 anos a 10ª posição. São candidatos a nos ultrapassar a Índia, a Indonésia e o México. Para nosso conforto, o crescimento demográfico será menor. Teremos 220 milhões de habitantes, mas a população economicamente ativa (PEA) será também menor, com muita gente aposentada.
Como motores do crescimento, além das longas cadeias produtivas de carros e casas, restam-nos três baluartes: a definitiva e inteligente construção da infraestrutura (portos, aeroportos, hidrovias, estradas de ferro e rodagem, comunicações e logística), incluindo energias renováveis (biomassa, etanol, eólicas e solar) e a expansão da agroindústria, no começo e no fim. O agronegócio exige automação, maquinários, fertilizantes e defensivos para começar. No término, conduz à industrialização e agregação de valor às carnes (proteína animal) e às culturas do café, soja, milho e demais produtos agrícolas (fases da diversificação industrial dos produtos da terra em escala mundial). Os transportes fazem parte desse esforço de última fronteira.
O Brasil, fora disso, não tem competitividade industrial para atuar forte no mercando externo, nem mão de obra eficaz. Perdeu essa corrida nos primeiros lustros do século 20 sob o “lulopetismo”. Resta-nos, mineração intensa dos recursos naturais, população relativamente grande, soberbo agronegócio e interação global, o que nos privilegia como um dos celeiros do mundo, daí a esperança de crescer a 2,5% ao ano, constantemente, talvez a 3%, para nos mantermos entre as 10 principais economias do globo.
Mas há um “prius”. O país deve aderir à livre iniciativa e deixar de lado o estatismo e arrecadar mais com menos impostos, condição “sine qua non” para crescer. Esse deve ser o cerne da discussão política, visando à retomada do crescimento em bases diversas do bolivarianismo de Lula e Dilma. Que a China tenha se convertido numa economia de mercado sob direção unipartidária (Partido Comunista Chinês) é, certamente, uma quebra de paradigmas. Acreditou-se que o capitalismo somente era compatível com a democracia multipartidária. A China quebrou o tabu. Dela devemos copiar o dinamismo econômico, mantendo o regime democrático representativo pluripartidário da tradição política ocidental, sem quimeras “lulopetistas”, aventura quixotesca.
O projeto de inclusão social do povo brasileiro, além da educação passa pelo regime da livre iniciativa, com micro, pequenas e médias empresas aliadas aos grandes grupos econômicos nacionais e internacionais. Qualquer tipo de socialismo populista e autoritário é atraso de vida. Basta ver Cuba, Coreia do Norte, Venezuela e Equador. Em compensação, riqueza, redistribuição social da renda, classes médias pujantes e inclusão social se fizeram em países que adotaram a livre iniciativa econômica. Exemplos recentes bastam: a Coreia do Sul, e o Chile, mais perto de nós, já alcançaram renda média de US$ 17 mil per capita, sem ter grande população, terras aráveis e tradição industrial ou de agronegócio. A Colômbia, mesmo com o empecilho da narcoguerrilha, supostamente socialista, já ultrapassou o PIB argentino, com recursos bem menores.
Finalmente, se o governo Dilma conseguir safar-se do lodaçal ético e econômico, o fará com políticas liberais, sem prosseguir no modelo desastroso do primeiro mandato. Lula vai querer ser o arauto do retrocesso odioso do PT?
Faça seu comentário