Mudaram os recursos tecnológicos, os partidos, mas a ganância dos poderosos e a miséria do povo aumentaram
A política no Brasil, em pleno século 21, é feita como no tempo dos coronéis do interior, do voto de cabresto e adoração pelo homem forte no comando da nação. Mudaram os recursos tecnológicos, os partidos, mas a ganância dos poderosos e a miséria do povo aumentaram, sem que esse se politizasse devidamente.
Após a ditadura de Vargas (30 a 45), o PTB, o PSD e a UDN eram legitimadas pelo perfil político ao seu redor. A democracia durou pouco, até 1º de abril, sangrada pelo golpe militar de 1964. Criaram-se para inglês ver duas organizações partidárias, a Arena, governista e o MDB, a chamada “oposição”. As eleições para o Executivo eram indiretas, com as casas legislativas controladas pelas Forças Armadas (21 anos durou o período dos presidentes militares). O primeiro foi Castelo Branco e o último João Figueiredo, ambos generais do Exército.
Com o Congresso sob controle, ficou decidido pelos generais a volta aos quadros legais vigentes (democracia) mediante eleições indiretas – já que o movimento pelas eleições diretas fracassara. Tancredo Neves, um homem ameno e “conversado” para que não houvesse “retaliações”, tendo por vice José Sarney, de confiança das Forças Armadas, traria o país de volta à democracia direta em passos paulatinos. O general que por último governou – “o João” – vivia repetindo “hei de tornar esse país uma democracia”.
Estamos vendo, no recente período democrático, mediante eleições diretas, com uma explosão de partidos sem qualquer tradição. Basta dizer que Roberto Jefferson era dono do PTB e foi cassado por denunciar e denunciar-se como beneficiário do mensalão, que o PT inventou para comprar pessoas dos outros partidos em prol da missão hegemônica que se atribuiu para “adornar-se”, como dizia o gaúcho Brizola, do nosso país. Tancredo morreu sem posse!
O país foi governado por Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma. A burguesia direitista esteve fora do governo desde a queda do regime militar, já que o governo Sarney foi a continuação civil do poder militar. Seguiu-se-lhe o impetuoso Collor, um sopro de suposta renovação (logo derrubado por conspiratas do Sudeste e Sul do país) em nome da “moralidade”, a palavra ficção que move os golpes e eleições nesse país de fantasia, espertezas e fancaria. Sucede-lhe uma figura um tanto pitoresca, atrapalhada, mas de sorte política jamais vista. Discreto e honesto, o Sr. Itamar Franco, nascido num ita (navio da Lloyd Brasil) em águas da plataforma continental brasileira, ao largo do estado da Bahia, foi registrado civilmente em Minas, Juiz de Fora. Mas não foi eleito, era apenas vice do Collor de Mello, apeado do poder por impeachment, cujos historiadores mais sérios consideram altamente suspeito, com o auxílio e préstimos da imprensa nacional. Faltou-lhe habilidade política e afastou-se do Congresso, o que é fatal. O povo o elegeu e o Congresso o derrubou, por causa de um Fiat Elba que lhe teria sido dado pelo seu arrecadador de campanha, um tal Farias, que por conhecer os “podres” de todo mundo político foi devidamente assassinado perto de Maceió, deitado na cama onde fazia amor. É ou não um país de opereta?
Depois disso, já se sabe, Itamar fez de seu ministro da Fazenda, FHC, seu candidato, que governou o país por oito anos. Depois de FHC, social-democrata, filho de general, egresso da universidade, começa o período PT (Lula oito anos e Dilma seis anos e meio). Portanto, quase 15 anos no poder em nome do povo pobre e do sindicalismo, para a raiva incontida da burguesia nacional e desgosto dos EUA.
Dilma, por desagradar a burguesia, além de ser atrapalhada e inábil, elegeu-se pelo voto para dois mandatos. O segundo não chegou ao fim. Depois de sua metade foi deposta por impeachment suave. Assumiu o vice Michel Temer, sem apelo popular, e fez um bom governo. O Brasil cresceu 2% em menos de 24 meses, além de reanimar a República, prestigiando o Congresso e o STF, embora implacavelmente perseguido pelos seus adversários.
Agora, como no tempo de Collor, estamos no modo “salvador da pátria”, papel que o Sr. Bolsonaro com toda certeza não realizará. Não tem dinheiro, nem planejamento, a dívida pública perto de 95% do PIB, quebra de empresas altíssima e vasto o desemprego pós-COVID-19.
Tomou posse em 2018. Iniciou o governo em 2019 e não fez nada. Crescimento econômico de 0,92%, abaixo da crítica. Em 2020 e 2021, a COVID-19 e seu rescaldo lhe tomará todas as forças, com grandes despesas e queda na arrecadação pelo decréscimo econômico. Os economistas esperam que o PIB ao final do governo seja igual ao de 2014 (depressão e regressão econômica).
Em compensação, o mundo todo, exceto a China, decrescerá, em face da recessão planetária: o consumo interno estimulado, fornecimento ao mundo de insumos industriais e eletrônicos e importação de bens primários, principalmente da agricultura, salvarão a China. Bom para o crescente agronegócio do Brasil.
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