A reforma da Previdência, se não for feita, levará o país a gastar, em breve, 90% do orçamento com os doentes e inativos.
A reforma da Previdência descontenta todo o setor público do Brasil – Executivo, Judiciário e Legislativo, nos três níveis de governo da Federação – e por isso a pressão contra o presidente Temer é intensa. Os privilegiados não abrem mão do santo dinheirinho que recebem do Estado brasileiro. O povo que se dane, até porque, sendo apalermado, está contra seus próprios interesses.
O argumento-chave para o povo se colocar contra o governo foi disseminando pelos marajás do sindicalismo brasileiro: “Temer quer nos obrigar”, dizem, “a trabalhar 64 anos para nos aposentarmos”. Confunde-se, assim, tempo de serviço com idade mínima para requerer a aposentação. No mundo inteiro – nos países desenvolvidos – é essa a época de peticionar as aposentações (varia de 63 a 68 anos). Desconhece o povão que o funcionalismo se aposenta com 35 anos de serviço, incluindo férias-prêmio, com os mesmos vencimentos da ativa a se converterem em “proventos da aposentadoria”. Desconhecem, também, que cada reajuste dos funcionários da ativa obriga, automaticamente, o repasse para os aposentados, segundo as suas respectivas categorias. Enquanto no setor privado o empregador paga as faturas das aposentadorias, no setor público arcam os governos com os proventos da inatividade. Finalmente, R$ 9,4 mil é média no setor público, contra R$ 1,6 mil no setor privado. Mas o alto funcionalismo ganha de R$ 30 mil a R$ 90 mil. E são milhares.
E, aí, são convocadas passeatas pelos espertos líderes do PT, do PSOL e do PC do B – comunistas e estatistas já vencidos pela história – mais fortes ainda no arcaico Brasil de nossos dias. Os que fazem tais inúteis convescotes, à base de salame e refrigerantes baratos, acham que defendem lídimos direitos, sem desconfiar que trabalham contra si mesmos.
A reforma da Previdência, se não for feita, levará o país a gastar, em breve, 90% do orçamento com os doentes e inativos. Como os juros da dívida pública levam cada vez mais verbas do orçamento, não haverá recursos para a saúde, educação, segurança e transporte das camadas carentes de nossa população, sem falar nos 11 milhões de funcionários públicos a exigir reajustes de vencimentos nos três níveis da Federação. A União existirá para pagar ativos e inativos, os do regime geral, e os juros da dívida pública. Não vai sobrar dinheiro. Nos estados menos ainda. Será o caos.
Os da esquerda não querem que Temer tenha êxito, fazem de um tudo para voltar ao governo. O nosso povo, coitado, é muito deseducado, sem visão política. Oitenta mil brasileiros já foram embora com suas famílias, preponderantemente para Portugal, e outros tantos para Miami (os irmãos Batista preferiram a 5ª Avenida, em Nova York).
O que fazer? Combater os insanos com o Partido Novo, em pleno crescimento, ou entregar os pontos? Parecem-nos ultrapassadas as sábias palavras de Ulysses Guimarães, com essa matilha perseguindo a Presidência da República: “A democracia é o regime em que os governados mudam os governantes e, sem violência, fazem mudanças com, ou mesmo contra, a vontade dos governantes”. As mudanças necessárias, Temer quer fazê-las, mas os do setor público pressionam o Congresso. Quem perde? O povo, obviamente.
A nossa democracia é de 3ª categoria e o país uma lástima. Quem o constrói é a iniciativa privada contra o fisco e a burocracia. Temer tem três qualidades raras: serenidade, persistência e dinamismo. Soube montar uma equipe econômica que tirou o país da recessão petista e colocou no horizonte as duas reformas, sem as quais o Brasil não anda – a trabalhista e a previdenciária.
Do meu ponto de vista, a CLT deveria desaparecer junto com a custosa Justiça do Trabalho, com 30 tribunais e juntas trabalhistas por toda parte. Gasta mais do que as indenizações concedidas. É como se uma fábrica custasse mais para funcionar do que os produtos que fabrica.
O sistema previdenciário mostra quão arcaico é o país. De um lado, o “sistema público”, onde se aposenta com vencimentos integrais. Do outro lado, o mísero “regime geral” para o povão. A elite, os funcionários, se encaixa no “sistema público” e os empresários e trabalhadores no “regime geral”. Mas o pior é que o povo não reconhece o esforço do presidente Temer. Foi ele quem liberou as contas inativas do FGTS, e não Lula, o demagogo-mor da República.
De qualquer modo, as multidões que derrubaram Dilma não as vemos nas ruas contra Temer. Mas onde o arcaísmo do Brasil manifesta-se com veemência está no fato de 20% da população acreditar em socialismo e estatismo, ao tempo em que suporta com a aquiescência de seus partidos (PT, PSOL, PC do B, PSTU, PO) a desigualdade, ao revés de exigir igualdade no regime previdenciário e na sociedade em geral. Somos um país agarrado ao Estado. Precisamos de doses maciças de capitalismo.
Faça seu comentário