A vida em sociedade está na base da política, que vem de pólis, cidade em grego. Na pólis, na cidade, temos que fazer política. A ética ou em escala menor a moralidade ou digamos os “bons costumes” e as sete virtudes sempre estiveram na base do bem viver e do conviver.
Recentemente o francês Comte Sponville escreveu: “O pequeno tratado das grandes virtudes” que começa com a gentileza e termina com o amor. Na sua análise são dez as virtudes principais.
Para logo o “moralismo” é um valor moral “fingido”. Jesus nas suas invectivas contra os fariseus e saduceus, ele que viveu entre os discretos essênios, antes da destruição completa do templo de Jerusalém e da diáspora decretada por Roma, já condenara uns e outros.
Sua condenação deveu-se mais a campanha contra a sangueira diária dos sacrifícios no templo, a ponto de Jerusalém exalar o sangue dos animais, desde pombos até bois, do que propriamente a uma suposta oposição a Roma.
Aliás está consignada a frase, nos evangelhos reconhecidos e nos não relacionados como o de Madalena, a famosa frase que separa o divino do profano: “Dai A César o que é de César e dai a Deus, nosso pai, o que é de Deus.”
As posteriores quizílias entre cristãos e suas divisões profundas entre igrejas e credos, nada tem a ver com Jesus de Nazaré, o Galileu do suave lago de genezaré, onde nasce o rio Jordão!
Daí porque sempre defendi que o “velho testamento” não nos diz respeito. São livros dedicados a Javé, Deus de um homem, Abrão (depois Abraão) que veio tocando rebanhos de cabras e ovelhas, desde Ur, na Caldeia portanto caldeu e não judeu, (que vem de Judá). É Deus e familial e depois tribal e totalmente contra outro povo que não seja da descendência de Abraão…
Cristo, o homem que morreu na cruz de Roma, hoje sede da cristandade, representa outra tradição, que Paulo de Tarso deu foros de universalidade: o amor entre os homens: “amai-vos uns aos outros”.
Aqui nada se diz contra os judeus de hoje, me refiro a uma época da história que se convenciona chamar, contra minha oposição incondicional, de civilização judaico-cristã.
Tampouco me refiro aqui aos romanos atuais. Fala-se da lição: “o amor não se alegra com a injustiça, mas com a verdade. Tudo sofre, em tudo crê, tudo espera tudo suporta”. (Paulo de Tarso).
No cristianismo segundo seu inspirador não há lugar para o ódio e o litígio e sim para a simplicidade e o perdão.
A grande indagação é saber porquê de o mundo não se ter mudado depois de Jesus, de Buda, de Mohamed e suas teorias e assertivas sobre o “ser” dos homens! A transcendência é uma ilusão?
Eis agora o papel da fé. Ela crê, não duvida nem tergiversa. É que vida e morte fazem parte da eterna renovação universal. Vida eterna fascina, ensina e apazigua os espíritos… Essa lição é do Cristo em nome do “Pai” (Deus).
O certo é que vamos morrer. A quem diga, e são espíritos elevados, que a fé é um bálsamo para o que dizem ser a alma inefável, tanto que filósofo chegou a dizer que o único tema verdadeiramente importante da filosofia era a morte. Os romanos – ei-los de novo – disseram “mors omnia solvet” ou seja a morte tudo resolve!
Há virtudes pérfidas e transgressões justificáveis. A coragem levou o poeta a versejar: “Ó indesejável das gentes quando vieres, não sei se dura ou coroada, eu te direi “seja bem-vinda”, encontrarás o campo arado, a mesa posta, e cada coisa em seu lugar”!!!
A moralidade, a ética, direito existem para a vida dos homens em sociedade e são úteis para obstar a força bruta e a tirania: são a prova da nossa imperfeição original!
Na sociologia das religiões não há sociedade, em qualquer tempo ou lugar, que escape da lei moral e das sentenças dos juízes. Sem elas inexistiriam sociedades organizadas, segurança e justiça!
Tenhamos isso sempre em vista para compreender a vida em sociedade e evitar as transgressões.
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