Entre 2000 e 2020, a participação de Minas no conjunto de veículos novos licenciados no país subiu de 8,3% para 19,7%
Sacha Calmon
Advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e UFRJ
Genilson Cezar nos fornece preciosas informações que passo a divulgar. O estado de Minas Gerais se mantém como o segundo maior produtor nacional de veículos no país. Em 2020, foi responsável por 13,6% da produção nacional, o que representa 247,7 mil veículos fabricados pelas três grandes montadoras que atuam na região: a Fiat (FCA), que opera em Betim desde 1976, a Mercedes-Benz, que se instalou em Juiz de Fora em 1999, e a Iveco, controlada pelo grupo CNH Industrial, em Sete Lagoas desde 2000.
Entre 2000 e 2020, a participação de Minas Gerais no conjunto de veículos novos licenciados no país subiu de 8,3% (de um total de 1,489 milhão de unidades no país todo) para 19,7% (2 milhões de unidades), segundo dados da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea). É um setor formado por 589 empresas, entre montadoras e fornecedoras de peças e acessórios, que emprega mais de 45 mil pessoas e responde por 8,6% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais.
Para a Mercedes-Benz, a questão logística é um dos maiores trunfos para a operação mineira. A empresa exporta caminhões e ônibus para 43 países das Américas do Sul e Central, e para o Caribe, além de 10 países de outros continentes.
“A planta de Juiz de Fora, hoje com 1 mil empregados, faz parte de um sistema integrado de produção e contribui para que a filial brasileira se mantenha como player global de desenvolvimento e produção de caminhões e ônibus da Daimler Truck, além de ser centro de competência global para o desenvolvimento de chassis de ônibus”, diz Roberto Leoncini, vice-presidente da Mercedes-Benz do Brasil.
Com 433,6 mil veículos vendidos em 2020 (22,2% de participação de mercado), a Fiat lidera as vendas de automóveis e comerciais leves no estado de Minas Gerais e em todo o país. Mas investiu pesado na planta industrial de Betim para se tornar também o maior centro de produção de motores da América Latina. O novo projeto da Stellantis, grupo criado com a fusão da Fiat Chrysler Automobiles e PSA Group, foi disputado pelas fábricas de Betim e outra da China, e ficou em Minas Gerais. Faz parte de um pacote de investimentos que deve chegar a R$ 8,5 bilhões até 2024.
Prestes a concluir uma cisão que dará lugar a duas novas empresas, a partir de 2022, a multinacional italiana CNH Industrial opera três fábricas no município de Sete Lagoas para a produção de caminhões, ônibus, veículos de defesa e motores com a marca Iveco, além de uma fábrica de máquinas de construção em Contagem. A empresa emprega 4 mil funcionários no estado.
Segundo Vilmar Fistarol, presidente da CNH Industrial para a América Latina, o cenário brasileiro está favorável para a maior parte dos segmentos em que a empresa atua, e o mercado mineiro acompanha esse fluxo. “A venda de caminhões está em crescimento, puxada pelo agronegócio e pela mineração”, diz. A Iveco vem registrando crescimento sustentável desde 2020, atingindo um aumento de 30% em vendas.
O setor de autopeças em Minas Gerais apresenta uma cadeia produtiva consolidada, de suporte às montadoras, com mais de 60 fornecedores, que empregam 11,2% do total de trabalhadores das empresas do ramo (233 mil em 2020). Em 2018, a receita do setor atingiu R$ 9,75 bilhões, mas desde então vem sofrendo com o impacto da pandemia do coronavírus, informa o diretor do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) em Minas.
Apesar dos avanços, Minas Gerais não sai do vermelho. Neste ano, o estado estima encerrar com déficit de R$16,2 bilhões. Para 2022, a proposta orçamentária é de déficit de R$ 11,7 bilhões, maior que o déficit deixado pelo antecessor, Fernando Pimentel (PT), de R$ 11,2 bilhões. A estimativa é de que as receitas somem R$ 125,7 bilhões, contra despesas de R$ 137,4 bilhões. As receitas correntes terão crescimento de 21,6%, com aumento de 32,1% na arrecadação de ICMS, chegando a R$ 68 bilhões.
O dinheiro da Vale para reparar danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019, vai alavancar a conta de investimentos. As receitas de capital crescerão 397%, para R$ 3,21 bilhões. Desse total, R$ 2,3 bilhões virão do acordo. O rompimento da barragem provocou a morte de 270 pessoas. O acordo de reparação soma R$ 37,68 bilhões – R$ 11,06 bilhões serão repassados ao estado e o restante será aplicado pela Vale em indenizações e ações de reparação socioeconômica e ambiental.
Faça seu comentário