Países são como organismos vivos. De repente, empacam e não tem “PAC” que dê jeito. Não acontece instantaneamente. A coisa vem vindo e, de repente, os países param. É a estagflação, o pior dos mundos. O país não cresce ou cresce muito pouco. A inflação sobe, os consumidores se retraem, os produtores não aumentam a produção, os planos de investimentos são adiados e o temor do desemprego instala-se soberano.
Isso acontece por fatores externos e internos. Os externos, no nosso caso, abarcam o colapso da Venezuela e da Argentina, a transformação dos EUA e da UE de consumidores em concorrentes, a penetração da indústria chinesa e a queda nos preços do agronegócio, embora altamente competitivo em que pese a péssima infraestrutura de estradas e portos.
Os fatores internos são: (a) a alta tributação sobre o consumo de bens e serviços (chega a 72% na cervejinha do consumidor final), encarecendo tudo entre 30% a 50%; (b) os aumentos trabalhistas e sociais muito acima da produtividade do fator trabalho; (c) o crédito caro (juros altos); (d) o câmbio controlado artificialmente; (f) a precariedade da mão de obra; (g) o controle dos preços dos transportes, energia e derivados do petróleo, insumos universais que entram no custo de tudo quanto se faz; (h) a má gestão dos recursos públicos. O governo federal gasta muito e gasta mal. E não fiscaliza seus gastos, apesar de tudo dificultar, com uma burocracia estafante, como observado por Ciro Gomes, ao comparar o atual governo aos tempos do vibrante Juscelino.
O resultado eleitoral vai nos levar à estafa ou a novos tempos. Segundo os analistas, a reeleição da presidente atual será mais do mesmo. Não se espera que a máquina político-administrativa, montada há 12 anos, se altere, nem tampouco o pensamento socializante e o viés estatista. Aduzem que somente com Aécio Neves, uma visão social-democrata, será possível, implicando independência do Banco Central, privatização rápida de portos, estradas, ferrovias, hidrovias, aeroportos, usinas elétricas, um câmbio realmente flutuante, o cumprimento do regime de metas de inflação, superávits primários consistentes e prevalência da lei da oferta e da procura.
Economistas de peso atribuem às trapalhadas contábeis e ao controle absurdo dos preços da energia e do petróleo do governo Dilma o clima de descrédito e desconfiança que envolve o país, diferentemente de outros latino-americanos, como o Chile, o Peru, a Colômbia e o México, todos exercentes de regimes democráticos e adeptos da iniciativa privada na área econômica.
Nenhum deles pratica as políticas estatizantes e bolivarianas que infelicitaram a Venezuela, a Argentina e começam a atingir o Brasil, o país que menos crescerá na região, excetuados os dois acima mencionados, que já estão em recessão econômica, crise social e inflação galopante, o que tememos que venha a acontecer conosco.
Candidato algum vai acabar com o Bolsa Família. Mas a questão é como sair de um sistema assistencialista que perpetua a miséria e o ócio, a ponto de desincentivar a procura por emprego – o desemprego real do Brasil é de 9%. O índice de 5% é absolutamente irreal. São 62 milhões de brasileiros assistidos pelo programa. Pelo menos 25 milhões não trabalham, nem querem, segundo pesquisa recente. Pleno emprego e criminalidade alta não combinam.
É consenso entre os economistas que o modelo de crescimento dos governos do PT, baseado em aumentos salariais acima da produtividade do emprego e em estímulos ao consumo esgotou-se. Para crescer – tese igualmente consensual – será preciso convocar o setor privado mediante privatizações, concessões e parcerias público-privadas, visto que a capacidade de investimento dos governos federal e estaduais estagnou em 3,1% do PIB, quando é necessário, no mínimo, algo como 22% do PIB (na China, é de 32%).
Ora, retirar o Estado da economia e cessar o intervencionismo não está no DNA do PT, e muito menos no de Dilma, razão suficiente para os analistas políticos nacionais e internacionais aumentarem o pessimismo em relação ao país, caso a presidente alcance a reeleição. Pode-se considerar unânime a opinião de que o atual governo do Brasil tomou decisões erradas: arruinou a Petrobras com controles de preços dos derivados e má gestão (hoje, a petroleira mais endividada do mundo) e também o sistema elétrico com os preços da energia alcançando os mais altos níveis do planeta, sem falar na “contabilidade criativa” para esconder os déficits governamentais e o comprometimento do pró-álcool.
Os eleitores, certamente, haverão de concluir que uma presidente que se elegeu com supostos dotes gerenciais não mostrou a que veio. Ao tempo da eleição de Lula, dizia-se que a esperança venceu o medo. Hoje é o medo do PT que pode nos trazer de volta a esperança. Os mineiros têm o dever de salvar o Brasil.
Faça seu comentário