Sacha Calmon
Advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e UFRJ
Além da pesquisa realizada em setembro, a de outubro/novembro mostra Lula em ascensão com 40,6% das intenções de votos, secundado por Bolsonaro pontuando 31,5%, quase no seu limite histórico, representando a direita extrema, em sentido político.
É que no Brasil o espectro político do ponto de vista ideológico é borrado. O discurso de Bolsonaro “contra o comunismo” não pega no chamado povão, pelo fato de Lula ter governado de 2002 a 2010 e Dilma de 2011 a 2016 sem comunismo algum, além de terem criado políticas inclusivas e o bolsa-família na esteira de programas sociais de FHC. O povo não o esqueceu!
Bolsonaro, a sua vez, é um fenômeno recente que brada direitismo e assombra o povo contra o “comunismo” visando apenas o “lulismo”. Tem posições ideológicas ultrapassadas pela história, porquanto os regimes comunistas caíram por si próprios em países significativos como Rússia e China, este último nosso primeiro parceiro comercial, desdenhado pelo governo do Sr. Bolsonaro, o que desagradou o agronegócio e setores da indústria nacional, ligados a exportação.
Ora, se Lula beneficiou o povo que não o esquece, e não implantou o comunismo ou nada parecido aos regimes de Cuba ou Venezuela, ou ainda da Coreia do Norte, o discurso de Bolsonaro não cola nas “mentes e corações”, para usar fraseado recente, porém significativo.
Para ser sucinto soa falso o dizer bolsonarista, até poque a desigualdade social aumentou em nosso país durante o atual governo, não importando o discurso do presidente que não é proativo, mas ao contrário, é irritantemente antiesquerdista, o que agrada e acrisola uma parte grande da classe média brasileira, mas não atinge “o povão” mormente no Nordeste!
A chamada “terceira via” uma reivindicação das classes políticas contrárias à polarização entre “bolsonarismo” e “lulismo’ acomoda políticos novos e longevos como Dória e Moro, mas não empolga o povo. De resto, essas candidaturas pré-eleitorais e também a de Ciro Gomes, um veterano político com ótimo trânsito no Nordeste do país, se por acaso vierem a disputar a presidência, tendem a se unirem a Lula, jamais a Bolsonaro no segundo turno das eleições gerais.
A suposta grande arma de Bolsonaro é sua alardeada “moralidade” dizer que em seu governo não há corrupção. Há controvérsias e as perguntas a serem feitas, de modo inevitável, versam sobre o “orçamento secreto”, “as rachadinhas do seu filho na Assembleia do Rio”, a “moralidade da Pec dos precatórios”, que lhe dá folga de R$ 104 bilhões no orçamento para o mágico “auxilio Brasil” em ano eleitoral e sobretudo a entrega ao Congresso de cerca de R$ 20 bilhões para gastar em campanhas eleitoreiras, no ano das eleições gerais de 2022. Se esse uso escandaloso e descarado dos nossos impostos para reeleger Lira e “as emendas do relator”, diga-se seus rebuços, se não for uma baita corrupção, o povo brasileiro perdeu a noção de ética, de um lado, e de corrupção desvairada, do outro lado. Assim, seja o lado que se queira olhar, o governo Bolsonaro é corrupto!
Corrupção sistêmica, reiterada e descarada. Isso não leva a pensar em reeducação política, especialmente da classe média brasileira.
País desgraçado e infeliz este nosso, destinado ao sofrimento. Se tivéssemos sorte histórica teríamos um Delano Roosvelt, dos EUA, que pegou o país na recessão de 1929, com gente morando em vagões de trem e favelando o Central Park, em N. York mas teve pulso e recuperou os EUA.
A Rússia horrenda dos Tsares, nome derivado de Cesares romanos, era um imenso país de misérias em 1917, durante a sangrenta 1ª guerra mundial, fruto do egocentrismo europeu de então. Lenin e logo Stalin a recuperaram. É o único país que os EUA respeitam e temem, pois é uma potência militar e tecnológica com recursos próprios. Derrotou Napoleão, antes do coletivismo e Hitler na 2ª guerra mundial, quando era ainda comunista.
Ela foi o verdadeiro teatro da guerra (80% dos combates se deram na Rússia e na Europa Central). Morreram 16 milhões de russos entre civis e militares e oito milhões de alemães combatentes. Desde 1939.
Os EUA só entraram no conflito, começado em 1939, em 1942, daí o desembarque na Normandia Francesa.
Em verdade, livros e filmes priorizaram as batalhas das Ardenas. Dá-se que àquela altura os exércitos russos, que faziam um tanque de guerra por minuto, já estavam no território da Alemanha. Aquele soldado no alto da Reichstag segurando uma bandeira vermelha era russo.
Finalmente esse escriba não é comunista, não desconhece as barbaridades de Stalin, nascido na Geórgia. Apenas tem compaixão pelo povo espetacular, do ponto de vista humano, o povo do Brasil, sem liderança eficaz.
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