Ignorância amazônica

Aqui a histeria dos meus conterrâneos é total. Cortar uma árvore é “crime contra a humanidade”. Somente o Rio de Janeiro tem mais matas que a Holanda, a Bélgica e Luxemburgo juntos. 

Duvido de brasileiro que não dê apoio a deixar a mata em pé em vez de plantarmos e extratarmos minerais valiosos. A desinformação é geral e acachapante. Para esses aconselho ler na Veja de 6/7/2017 o artigo do Guzzo, o melhor cronista do Brasil pelo conhecimento que exibe e a forma pela qual se expressa, sem falar no equilíbrio emocional e analítico recheados de fina ironia.

Vamos ao assunto. Fazemos lobby contra nós próprios. O senador júnior do Amapá, o menino Randolfe, mal saído do centro acadêmico de Macapá, verte exsudatos pela boca poluindo o Amazonas, que deveria proteger. Esperto é o lobby do agronegócio americano no Capitólio, a convencer deputados e senadores do lema farms here, forests there, ou seja, não deixem o Brasil plantar, lá é para ter índio e floresta (índio quer apito). O americano, money (os índios lá já foram mortos).

Guzzo diz bem: “Como a agricultura brasileira pode estar ameaçando a Amazônia, se a área cultivada no país inteiro é de apenas 10% do território nacional?”. O argumento é irrefutável. Além disso, digo eu, 60% da maior floresta equatorial do planeta, especialmente no estado do Amazonas, na direção sul, é igapó, ou seja, o tempo todo floresta inundada. Somente este estado tem mais floresta compactada e aguada nove meses por ano que a Europa inteira, a China toda, e até mais que a Rússia com suas florestas homogêneas ao lado do Círculo Ártico, mesma situação do Canadá. Anda-se pelos EUA e Europa ocidental e oriental (Leste Europeu) e não se vê sequer bosques rarefeitos, só tufos, por força de lei.

Aqui a histeria dos meus conterrâneos é total. Cortar uma árvore é “crime contra a humanidade”. Somente o Rio de Janeiro tem mais matas que a Holanda, a Bélgica e Luxemburgo juntos. Os dizeres de Guzzo na Veja de duas semanas atrás são esclarecedores.

O Brasil é o maior exportador de soja, açúcar, suco de laranja, café, carne bovina e de frangos. Estamos em segundo lugar em milho, em quarto em carne suína e nas quatro primeiras posições em mais cinco cultivares, como o algodão. Vale dizer, devemos nos orgulhar do agronegócio. A produtividade agrícola alcançou a norte-americana, o que parecia impossível. O que não temos é infraestrutura, estradas e portos na região amazônica, rica em províncias minerais e rios profundos capazes de receber navios de qualquer calado. Melhor entregá-lo à iniciativa privada. O mundo sempre dependerá do Brasil, e cada vez mais. Brasil e EUA serão para sempre superpotências agrícolas, altamente mecanizadas e informatizadas, e se tivermos saídas pelo Pará a nossa logística será imbatível. Nem o PT nem os MSTs nos impedirão.

Em alguns pontos, estamos a frente dos EUA: clima, pois não temos neve ou gelo; o plantio direto rotativo a reduzir o uso de fertilizantes químicos e menos óleo diesel poluente. Os europeus – na França principalmente – pagam os agricultores por pé de beterraba ou vaca leiteira existente (só por existir). Aqui não: quanto mais restrições aos produtores e manutenção do mato bruto e insetos, melhor! Nossos artistas, que, como diz Guzzo, não sabem sequer onde está a Mantiqueira, vivem dando palpites em favor “dos povos indígenas, dos quilombos e da preservação da floresta amazônica” (que nem sequer corre esse risco). É um mito criado lá fora, financiado e inculcado na mente acrítica dos brasileiros.

Na verdade, querem aqui “agricultura familiar”, essa besteira sem tamanho. Feijão, arroz e hortifrutigranjeiros existem e cada vez mais no entorno das grandes e médias cidades. Se há um setor em que o Brasil dá lição é na ciência e nas “práxis” da produção de todo tipo de alimento. Essa atoarda por causa da reserva do cobre e associados foi fomentada pela esquerda e adotada pela nação, contra seus próprios interesses, pois o conservacionismo é simpático, “moderno”, charmoso.

Eles precisam de matas, nós não, as temos de norte a sul, sem falar no país fluvial, encharcado e florestado do Amazonas, que não vai acabar não, precisa até ser diminuído, onde for preciso, com um bom ordenamento legal. Como está, atrapalha a si mesmo (o sombreamento exagerado prejudica o nascimento e crescimento de novas árvores) e atrasa o país.

Por último, a reserva cobre e associados (manganês e um sem-número de minerais), como ocorre em Carajás, é uma reserva mineral que somente a União pode explorar por si e por concessão. Jamais foi, é ou será uma reserva florestal. Foi instituída pelos militares quando governaram o país. Era só o que faltava. Os boquirrotos não sabem do que falam, são uns ignorantes parlapatões, a começar pelo menino-senador Randolfe, do Amapá. Fica a dúvida: ignorância ou má-fé?.

Até hoje fico me perguntando a razão de americanos e europeus não reflorestarem seus países. Mas continuam a comprar madeira no Canadá, Malásia e Indonésia. Ao Brasil, só nos cabe ser forest intocável…

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