Vejamos alguns efeitos da greve, começando pela depressão econômica gerada e consequentes demissões (perda de emprego).
Não há brasileiro livre de prejuízos maiores ou menores nessa guerra montada pelas grandes transportadoras, já que os autônomos (30% da frota) são sozinhos e, geralmente, se achegam às empresas de transporte para conseguir fretes. Por outro lado, essa variação diária dos combustíveis pela Petrobras é exagerada. Ninguém quer congelar preço de combustíveis — como o PT fez e quase faliu a Petrobras — mas reajustes mensais comunicados com uma antecedência de 72 horas normalizariam o setor rodoviário de carga.
Duas coisas, porém, merecem realce. O apoio do povo à greve é como aplaudir a quem lhe dá um soco na barriga e ainda mete a mão na sua carteira, pois somos nós que vamos pagar a carestia decorrente da greve; tudo vai subir de preço. Em segundo lugar, o governo agiu democraticamente, com afinco, mas faltou cassar carteiras de motoristas e responsabilizar com severas multas — as decretadas pelo Supremo Tribunal Federal — os grevistas e, principalmente, os grupos empresariais. Cabia, ainda, requisitar, em massa, caminhões para suprir o abastecimento do povo, com soldado na boleia à mão armada.
Quem quer que leia jornais e ouça notícias deve estar vendo a ficha cair, imaginando os enormes prejuízos causados à nação. Tirante, as criancinhas e os doentes que morreram e ainda vão morrer, um punhal foi cravado no coração da pátria. E tudo por causa de um programa comunista, o de querer preço fixo para o diesel, como se o regime não fosse capitalista. Arrancaram na marra, subsídio do governo. Ora, que negociem seus preços. Essa é a regra do jogo. Vejamos alguns efeitos da greve, começando pela depressão econômica gerada e consequentes demissões (perda de emprego):
1) Levantamento da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) aponta que 92,7% das empresas do setor tiveram suas operações prejudicadas, de alguma maneira, pela paralisação de caminhoneiros. O presidente — executivo da entidade, José Velloso, citou problemas no abastecimento. “É um problema muito grave. Só o fato de 92% das empresas, de um universo de 7.500 no país, terem problemas de todo o tipo, até comida para refeitório, mostra como a situação é séria.” Em caso de continuidade da greve, empresários estudam adotar medidas como férias coletivas, demissões, trabalho em regime de urgência, home office e redução da semana trabalhada na produção. Os relatos das empresas associadas são de falta de diversas matérias-primas e componentes, além de dificuldade em obter combustíveis e lubrificantes para operar máquinas;
2) Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirma em nota que o país está na iminência de problemas ainda mais graves do que foram vistos até agora. E conclama as autoridades a buscarem uma solução imediata para essa situação. “O abastecimento de água para uso humano está comprometido porque não estão sendo entregues produtos químicos para o tratamento”, assinalou a CNI. “Não se trata apenas de distribuição de combustíveis. Sem ração, foram sacrificadas 100 milhões de aves. Além de deixar as famílias brasileiras sem ovos e sem carne, há um grave risco à saúde pública e ao meio ambiente. Não há sequer como enterrar as carcaças desses animais. Desde o início da paralisação, foram jogados fora 300 milhões de litros de leite”, afirma a nota, acrescendo ainda que “há risco de ficarmos sem comunicação, pois os grupos geradores suprem energia para as telecomunicações na ausência da energia elétrica, necessitam de diesel e podem parar de funcionar”.
3) Restaurantes. Em nota, o presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Minas Gerais e do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte, Paulo Cesar Marcondes Pedrosa, apontava 20% de cancelamento das reservas nos hotéis, além da falta de vários insumos, como hortifrutigranjeiros, carnes, laticínios, cereais, bebidas, entre outros;
4) A greve dos caminhoneiros causa prejuízos tanto para indústrias quanto para o varejo de alimentos. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), 167 fábricas do segmento em todo o país estão sem funcionar. O problema afeta gigantes como a JBS e a BRF. As exportações que deixaram de ser feitas nos primeiros sete dias do movimento somam US$ 350 milhões (R$ 1,25 bilhão), aponta a associação. Sem produtos perecíveis para vender, o setor de supermercados estima que o prejuízo dos varejistas no Brasil supere a marca de R$ 1,3 bilhão, sendo cerca de R$ 400 milhões somente em São Paulo. A associação das indústrias afirma que, a partir da normalização do transporte no país, serão necessários dois meses para que a distribuição dos produtos seja normalizada.
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