A preservação do meio ambiente e do clima, no que depender dos homens é imperiosa, mas os excessos de certos ambientalistas são desnecessários, por aumentar as neuroses psicossociais. Aqui o escritor Guilherme de Figueiredo bem que nos faz falta. Dotado de notável senso de humor era diferente do seu irmão João Batista, o último general-presidente do regime militar, que ameaçava arrebentar quem fosse contra a se fazer do Brasil uma democracia (após os seus seis anos de governo). O irmão escritor nos arrebentava mas era de rir com o seu Tratado geral dos chatos, catalogados com esmero. Nesta hora pós-Rio+20 viria a calhar um “Tratado geral dos ecochatos”. Pelo menos três espécies já foram identificados: o ecoprofeta, o ecocatástrofista e o ecomaníaco. Esse arrebenta qualquer um, a ecologia para ele é uma seita fanática. São tipos insuportáveis, como os fariseus que os antigos judeus ironizavam pelos excessos desviantes, como nos informa outro escritor, o francês Ernst Renan, na edição portuguesa da Vie de Jesus (Ed. Martin Claret): “Suas maneiras eram ridículas e faziam rir mesmo os que os respeitavam. Os apelidos que o povo lhes dava são a prova disso. Havia o “fariseu cambeta” (Nikfi) a caminhar arrastando os pés e chutando as pedras; o fariseu “cabeça-em-sangue” (Kizai) a andar de olhos fechados para não ver as mulheres e batia a cabeça nas paredes, de modo que vivia com esta ensanguentada; o “fariseu pilão” (Medoukia) a andar dobrado como um pilão; o “fariseu de ombros caídos” (Schikmi) a andar como se carregasse todo o fardo da lei; o fariseu faz tudo, sempre à cata de um preceito a cumprir; “o fariseu fingido”, e assim por diante.
O conservacionismo exacerbado é ridículo, o realista indispensável. Contudo, as atenuações são necessárias. O nível dos oceanos desde a última desglaciação (Dilúvio) em razão de alterações climáticas que aqueceram o planeta, há cerca de 12 mil anos, mantém-se o mesmo nos últimos milênios. Os oceanos sequestram pelo menos seis vezes mais carbono e geram mais umidade do que as florestas úmidas do planeta. Sabemos que há 34 mil anos os humanos já pintavam com mestria em cavernas descobertas na França. Pois nessa época (a Idade do Gelo) os mares estavam cerca de 50 metros abaixo do nível observado nos últimos milênios. Entretanto os ecoalopradosnos prometem “o fim” da espécie humana para depois de amanhã. É o ecoterrorismo brandido como arma, a ignorar os mecanismos de autodefesa da natureza, das espécies e dos homens (dotados de técnicas cientificas). Não é que descure do desenvolvimento sustentável, muito pelo contrário, apenas desagrada-me os excessos propagandísticos.
No Brasil, por exemplo, as investidas contra a energia limpa (hidráulica) viraram profissão de fé, em suposta defesa da Amazônia, dos índios e dos bichos. Importa contestar as cabeças pseudoambientalistas. A política indigenista é um fracasso mais continua. A reserva Raposa Terra do Sol, no campo de Roraima, transformou prósperos arrozais num deserto econômico-social. A maior parte dos índios foi morar em casebres miseráveis na capital. Os que ficaram produzem primitivamente ou não querem fazer outra coisa. A revista Veja (13/6) mostra uma proporção enorme do território brasileiro útil, quase 13%, reservado aos índios. Algumas áreas estão abandonadas ao lado de fazendas exuberantes nos lugares em que somos os mais produtivos do mundo. Os índios merecem muito mais de nós. Precisamos, antes de tudo, proteger as pessoas mais que bichos e vegetais, sem todavia excluí-los, com educação, inclusive ambiental, saneamento, água potável e energia barata. Esse é o maior desafio ecológico, do ponto de vista do humanismo. Intolerável mesmo é a fome, a ignorância, a doença, a dizimar populações inteiras. É melhor do que promover “reservas”, impedir “as represas” e as “estradas”. Essas ações são ingênuas, muito ao gosto dos ecoinocentes úteis.
A guisa de epílogo, direi que a humanidade nos últimos 120 milênios enfrentou vários desafios extremos causados pelos ciclos da Terra e os cósmicos, e sobreviveu. Estou certo que venceremos os desafios presentes. Teremos mais igualdade e inclusão social, energia a preços acessíveis, consumo sustentável, controle das emissões de gás carbônico, economia de baixo carbono, fontes d’água, preservação da biodiversidade, segurança alimentar e controle dos oceanos. A comunicação das consciências cresce para a frente e para o alto. Só não conseguiremos controlar, talvez, os ciclos da natureza. Démeter, a terra-mãe, é submissa as explosões do Sol. Começou como um jato ígneo varando a imensidão do universo, parou a uma distância ótima do Sol e passou bilhões de anos resfriando-se. Quando as águas se encontraram, o céu desanuviado, com a luz solar, nasceu a célula que não parou jamais de evoluir. Não será amanhã a nossa extinção. Até a Rio 2032. Ecosaudações.
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