Com o motor do mundo refreado, o resto perderá comércio e o desemprego será generalizado
O pior está por vir. Se formos contabilizar as perdas, seja em dólar, euro ou yuans, das principais economias do mundo, veremos que jamais houve tamanha destruição de riquezas nos últimos 100 anos.
A ânsia de botar todo mundo para trabalhar de novo é um erro monumental. A uma, porque não há procura, por falta de poder de compra. A duas, porque traria, ainda não é a hora, o recrudescimento incontrolável da COVID-19, com resultados catastróficos, abrindo espaço para outras epidemias, não apenas nos trópicos, mas nos países de clima temperado no hemisfério norte. Essa estória de continuar todo mundo a trabalhar não pode ser concomitante.
Com os EUA e Europa seriamente contagiados e enfraquecidos economicamente, mas com a pandemia ainda crescendo, nossos olhos se voltam para a China. Mas um mundo doente (precisaria estar são) não pode esperar muito da China, o motor industrial mundial, a enfrentar grandes desafios. O New York Times, a partir de seu chefe de Redação na China, o Sr. Bradsher, nos dá uma visão do que lá se passa, entre pesaroso e alguma esperança: “O surto de coronavírus pôs fim ao extraordinário ciclo de quase meio século de crescimento da China – e acende um alerta sobre o enorme desafio que se coloca diante dos líderes mundiais que tentarão reiniciar a economia global.”
Agora, o país está tentando reiniciar sua vasta economia de US$ 14 trilhões, um esforço que poderia dar uma injeção de ânimo necessária ao resto do mundo. Sem a China, as cadeias de produção não funcionam a contento em termos globais, assim como sem os EUA e o Brasil alimentos faltam para o mundo inteiro.
A disseminação do coronavírus pelos EUA e pela Europa, congelando as economias locais, suscitou previsões de que a produção mundial poderá encolher muito mais este ano do que durante a crise financeira de 2008.
Essa interrupção global, por outro lado, prejudicará os esforços chineses para voltar aos trilhos, criando um difícil quebra-cabeças econômico para os principais líderes de Pequim. A China está retirando, gradualmente, muitas de suas restrições ao trabalho e às viagens nas últimas semanas. Mas empresários de todo o país dizem que os tempos continuam difíceis. As famílias dizem que perderam renda. “O ano está difícil – muitos perderam o emprego, muitos outros não conseguem encontrar trabalho”, disse Liu Xia, vendedor de frutas de uma vila nos arredores de Pequim. “Quem ainda tem trabalho, quem ainda tem algum negócio é muito afetado.” Mas o país está em pé.
Na China, a série histórica de crescimento foi alimentada pela criação de uma extensa e moderna rede de rodovias e ferrovias; pelo forte empreendedorismo de seu povo; por sua força de trabalho qualificada; e por um governo que se dispôs a deixar de lado as preocupações ambientais e trabalhistas em nome do eterno crescimento da produção econômica. Mas esses fatores não foram páreo para a COVID-19, que, depois de surgir na cidade de Wuhan no fim de dezembro, paralisou o enorme mecanismo da indústria do país por duas semanas.
Até o momento, seus líderes evitaram a formulação de um enorme pacote de gastos, como fizeram governantes nos EUA e na Europa. Sua economia se tornou grande e complexa demais para ser reiniciada com facilidade, como em 2008, quando o governo apresentou um plano para gastar mais de meio trilhão de dólares.
A queda na renda obrigou as famílias a reduzirem seus gastos. Han Xiaojuan, de 35 anos, tem uma pequena loja que vende jaquetas e chinelos. Ele disse que hoje em dia as pessoas só estão comprando artigos de primeira necessidade. É o pior momento de todos os tempos.
A produção industrial caiu 1,1% em março, em relação ao mesmo período do ano passado, e as vendas no varejo despencaram 15,8%. O investimento em ativos fixos caiu 16,1% nos três primeiros meses do ano ante o ano anterior.
O próximo baque para a economia da China pode vir do enfraquecimento da demanda global para suas exportações. Empresários dizem que o fechamento quase completo das fronteiras da China, para limitar uma potencial segunda onda de infecções, prejudicou os pedidos de exportação.
Com o motor do mundo refreado, o resto perderá comércio e o desemprego será generalizado. O mundo inteiro estocou óleo. A Rússia, em posição melhor, vende algum petróleo à China e muito gás em seus oleodutos para a Europa, cuja energia é dependente de Moscou, além de ser a segunda exportadora de armas de última geração. Sairá melhor na fita. Fechou as fronteiras.
O Brasil tem uma saída: o agronegócio, apertar os cintos, ficar em casa e prosseguir com pouca infecção.
Infelizmente, não temos governo, tomada pela paranoia e voluntarismo de um tenente que respira ódio, gerando nefasta divisão no país, a partir da Presidência da República.
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