Estamos longe de Tancredo Neves, de Ulisses Guimarães, de Brizola, de Getúlio Vargas, de Juscelino, dos experientes políticos do passado, justo no momento em que precisamos tanto de futuro.
O primeiro debate entre os presidenciáveis — de fora Alckmin, educado e conhecedor dos problemas e das soluções; e Meirelles, o mago das finanças (já foi presidente mundial do Bank of Boston) — se fez raso e deseducado, ao mostrar-nos a pior qualidade, a cada eleição dos candidatos ao mais alto posto do país, oitava economia do mundo com 218 milhões de habitantes. Estamos mal. O Cabo Daciolo, de fé simplória e interesseira em Jesus Cristo, é uma corrente caudalosa de ignorância sobre as soluções de nossos problemas. Boulos, na qualidade de comandante de invasões dos sem-terra é pior, porque é cínico e mal intencionado. Pergunto-me a razão de um sujeito que devia estar na cadeia, respondendo a processos criminais, ladrão de terras alheias, ter a condição de candidato aceita pelo TSE. O povo tem razão. Em nosso país, o Judiciário está quebrantado. Não falo do aumento dos vencimentos, mas na quebra de técnica que o degrada, mormente nos tribunais (nem todos é claro, basta ver o TRF 4, entre outros).
Sem o PT “moleque” — que já devia ter lançado o “poste” chamado Haddad —, os candidatos para valer eram apenas seis. Álvaro Dias do partido Podemos, um tanto lento; Bolsonaro, numa tranquilidade espantosa; Meirelles, um quadro político de primeiro mundo, mas sem experiência de governo (com o apoio do MDB, o que não é pouco). Marina chorosa, mas odienta como cobra perdida nas florestas do Acre. Alckmin, o mais desenvolto e o único que tem experiência reiterada de governo, no maior e complexo Estado do Brasil, cuja economia se equipara, se não for maior, à da Argentina. Ciro, vá lá, cercado em todo Nordeste, por governadores adversos, menos no Ceará.
Para quem tem bom senso, Ciro, o parlapatão, é tão grosso que dá mais medo do que fé. É sabichão e demagogo (disse que vai pagar — com fórmulas mágicas — as dívidas dos 62% dos brasileiros em atraso no SPC). O “milagreiro” de Sobral, nem nordestino é (se diz para ter voto lá), nasceu na mesma cidade de Alckmin, em São Paulo, que afirmou esse fato, não desmentido no debate. Estamos longe de Tancredo Neves, de Ulisses Guimarães, de Brizola, de Getúlio Vargas, de Juscelino, dos experientes políticos do passado, justo no momento em que precisamos tanto de futuro. Como serão decididas as eleições este ano? No caso dos candidatos ao Legislativo, com pouquíssima exposição na tevê, sem dinheiro, os cabos eleitorais a soldo e as influências municipais de prefeitos e vereadores serão fundamentais. Os partidos estruturados, como o PSDB e o MDB, e o de maior enraizamento no território nacional, o PT, com seu fanatismo islâmico pelo aiatolá Lula, terão mais chances de eleger candidatos. Contam também os chefetes do interior. Regredimos em termos de campanha.
As capitais e suas grandes populações também jogarão papel importante, e nelas o PT não é forte, salvo no Nordeste. Mas atentem para o desânimo geral das pessoas em relação aos políticos e à política, fazendo crescer os votos nulos, em branco e abstenções, verdadeira tragédia política, impulsionada pelo jornalismo de esquerda, sequioso de ver a democracia enfraquecida em favor do seu suposto “grande líder”, o senhor Lula da Silva e de seu “partido único”. Eles adoram eleições, mas detestam a democracia. Os petistas desdenham a democracia burguesa, mas é pelos votos dos menos instruídos que se elegem, por saberem que a via da insurreição seria obstada pelas Forças Armadas (a política de infiltração nelas, decidida no fôro de São Paulo, não deu certo, a não ser na Venezuela e em parte no Equador, ora em desmantelamento).
Quanto aos cargos para o Executivo, o papel partidário será menor. Pesará na balança a experiência, os projetos, a simpatia pessoal dos candidatos, o que não deixa de expressar uma desagradável contradição. O regime democrático quer correntes de opinião e partidos programáticos. Pesquisas pós-debate, entretanto, apesar da audiência restrita aos telespectadores ricos e das classes médias, mostram todos os postulantes no mesmo lugar, com duas exceções: a de Bolsonaro crescendo e apavorando a esquerda, e Alckmin deslanchando para o topo. O crescimento de Bolsonaro é porque ele representa a autoridade, o anticomunismo, a contra conversa dos políticos. É duro admitir, mas o povão quer ordem na casa e um militar linha dura no poder. Está saudoso da ditadura. Acho normal. Os civis, afora o Plano Real, decepcionaram-no. Ainda bem que Temer, um homem simples, está segurando o leme do barco até 1º janeiro de 2019, sem arroubos e baixa inflação.
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