Se possível agora um plebiscito, ver-se-ia que 70% dos eleitores tirariam Dilma do poder
O nosso país virou manchete na imprensa internacional. Pior, estamos entrando no pejorativo terreno da galhofa. Os olhos dos críticos internacionais cintilam de estranheza na medida em que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), à exceção dos outros, emita opinião favorável ao controle material do impeachment, o Congresso torne-se um circo de trapalhadas e pugilatos, até físicos, aos berros, e a chefe do Executivo transforme o palácio presidencial em bazar onde se vende, compra e troca, até mesmo a honra pessoal, já que a barganha com dinheiro e cargos é prática contumaz.
Os juízes jamais deveriam falar fora dos autos do processo e neles com parcimônia. Os parlamentares deveriam ater-se à retórica em suas articulações, com um mínimo de educação e respeito àqueles que os elegeram, e o chefe do Executivo jamais poderia descer ao nível da indecência no exercício do cargo, fazendo comícios políticos desde a curul presidencial, dela coordenando a compra de votos. Os hotéis de Brasília já não hospedam, são lugares onde os homens do governo trocam com deputados dinheiro, e sabe-se lá mais o quê, em troca de votos para evitar o impeachment presidencial.
E, neste circo atroz, não faltam soluções abstrusas, ao gosto de cada freguês. Ora é a Constituinte exclusiva, ora são eleições extemporâneas, ora é o semipresidencialismo, ora é o parlamentarismo, ora é o plebiscito para novas eleições e por aí vai, como se a vida institucional do pais dependesse de fórmulas esdrúxulas que a Constituição e o momento não contemplam. Isso mostra a imaturidade, a improvisação e a falência das instituições políticas da Nação. Dizem que funcionam. Assim?
A imprensa internacional já começa, com ironia, a duvidar da seriedade do país, e nos achar parvos, incultos, um bando de políticos sem coerência. Vejam a diferença do primeiro-ministro da Islândia e do povo de lá. Não resistiu uma semana no cargo, licenciou-se e forçou sua saída só por ter uma empresa off shore (não declarada ao fisco).
O mundo atônito se pergunta: que país é esse?. Os correspondentes estrangeiros tentam nos seus jornais e agências nos explicar, mas ao fazê-lo aumentam a perplexidade mundial. Para a crise existem três soluções apenas. A renúncia, o impeachment ou cassação da chapa pelo TSE, com imediata confirmação pelo STF, em via de recurso, com ou sem efeito suspensivo. Nenhuma delas é golpe. E qualquer resistência a elas impõe a intervenção constitucional das Forças Armadas para manter a lei e a ordem.
Mundo afora, todos se espantam com a resistência do PT. Quão maravilhoso ele é? Todos os países do mundo com desigualdades sociais, até menores que as do Brasil, e cito, só para exemplificar, Peru, México, Chile, Indonésia e Turquia, têm programas sociais similares e até melhores que o Bolsa-Família (um mero subsídio em dinheiro), financiamento escolar em todos os níveis, programas habitacionais etc. O PT é tão ignaro a ponto de achar que inventou a roda. É pândego! É esse o “projeto de país” que defendem? É por isso que se preparam para a “guerra civil”?
Mas a imagem que o mundo tem é outra. É a de um país em profunda crise moral, cancerizado pela corrupção do PT e dos seus aliados. Assustam-se com o desemprego, o fechamento das fábricas e de todo tipo de estabelecimento produtivo, a inflação, a perda de 10% do PIB, a incompetência governativa, a baderna política e a inanidade das instituições.
Os nossos prógonos patrocinaram no pretérito atos políticos de elevada estatura. Getúlio Vargas, acuado em razão de ato intempestivo de seu chefe de segurança, sem que soubesse do plano de assassinar Carlos Lacerda, seu maior desafeto, teve a coragem cívica de suicidar-se. Ulisses Guimarães (Sarney não tomara posse junto com Tancredo, morto antes) era o terceiro na linha sucessória. Para não precipitar um retrocesso político, à conta dos militares que dele desgostavam, renunciou à Presidência (saímos da ditadura pela eleição indireta de Neves). João Goulart bem poderia ter resistido e até ganho do golpe militar em 1964, mas, para evitar derramamento de sangue, renunciou (o livro de Almíno Afonso é conclusivo).
Esse governo filo-socialista de fachada, pois o que se vê nele é a reunião das oligarquias sindicais, políticas, regionais e econômicas em desfavor do povo, só pensa em continuar, sem resolver a crise porque ele é a própria crise. Aí está a reforma agrária suspensa pelo Tribunal de Contas da União. Aí estão as empreiteiras para comprovar a sua face burguesa e corrupta. E, esquizofrênico como é, julga-se notável sem sê-lo, e se diz perseguido. Quer atear fogo no país, a menos que nos curvemos a ele. Ora, quem elege deselege. O povo não quer o PT. Só lhe resta sair. Se possível agora um plebiscito, ver-se-ia que 70% dos eleitores tirariam Dilma do poder. Isso seria um golpe popular por contrariar as pétreas eleições de 2014? É de se pensar!
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