É incrível como uma pessoa desse naipe ficará leve, livre e solta por obra e graça da Procuradoria-Geral de República e do Supremo Tribunal Federal
Se as regras da máfia, da camorra ou da cosa nostra estivessem em vigor no Brasil, Joesley Batista já estaria morto. Venturoso membro de uma poderosa organização criminosa conluiada ao PT, delatou os seus principais próceres e aceitou fazer, como todo alcaguete, flagrantes preparados, hoje com o nome de “operações controladas”, mero eufemismo, contra Aécio Neves, presidenciável no PSDB, e o presidente Temer, do PMDB, que estava tirando o país da recessão criada pelo PT e imprimindo coordenado crescimento ao Brasil, principalmente para o ano de 2018, capaz de viabilizar candidaturas contrárias aos interesses dos populistas do PT, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e do PDT brizolista.
O momento do vazamento foi o pior possível (inflação abaixo da meta, queda dos juros, recuperação do mercado de trabalho, crescimento positivo e crescente, aumento do investimento, elevação da renda média e das vendas). E vem essa enxurrada de acusações a piorar e confundir o quadro político da nação, já totalmente desmoralizado a ponto de merecer a imediata dissolução. Mas quem sofre é a economia e o povo.
Ao cabo, quem é o riquíssimo bandido delator, cujos únicos objetivos são salvar os negócios no Brasil e nos EUA, onde tem 46 unidades processadoras, e sua impunibilidade em troca de uma multa de R$ 200 milhões, uma insignificância diante do que deve ao BNDES. As biografias dos Batista são um misto do empresariado de compadrio com os interesses particulares dos agentes políticos do país, de quaisquer partidos. Esse compadrio prevalece sempre sobre a ética mais básica e os interesses superiores da pátria e do povo.
Há uma década, o herdeiro do maior frigorífico brasileiro passaria despercebido da mídia. E, agora mesmo, pouca gente soube da Operação Bullish, deflagrada na semana passada, a investigar tenebrosas transações envolvendo a JBS e o BNDES e que teriam causado prejuízo de R$ 1 bilhão e R$ 200 milhões aos cofres públicos às custas dos impostos que os brasileiros pagam.
A família, nos anos de 1950, abriu a Casa de carne mineira que, apesar do nome, era sediada em Anápolis, Goiás. O açougue cresceu muito pegando carona na construção de Brasília, época em que abastecia os refeitórios das grandes empreiteiras envolvidas nas obras da nova capital, advindo daí a expertise em corrupção.
Nas décadas seguintes, o grupo passou a adquirir frigoríficos, tornando-se uma companhia de âmbito nacional. Mas foi na gestão miraculosa de Joesley que a JBS se internacionalizou, entre 2006 e 2015, com a ajuda prestimosa de Lula em troca de propinas gordas.
A consolidação do conglomerado como um maior processador de carne bovina do mundo foi a mais rápida jamais vista e várias foram as aquisições extramuros, entre elas a compra das Americanas Swift e da Pilgrim’s Pride, líder nos EUA. No Brasil, Joesley capitaneou a compra de todas as unidades de carne bovina do seu maior rival, o grupo Bertim. Teve ajuda do BNDES. Foram mais de R$ 5 bilhões em apoio financeiro, por meio de compras de participações ou de títulos de dívida. Desde a sua consolidação internacional, a JBS viu o faturamento anual sair de R$ 4 bilhões, em 2007, para mais de R$ 160 bilhões 10 anos depois. Suas fábricas exportam para mais de 150 países.
Joesley, sempre com a ajuda de Lula, desbordou do setor agropecuário. É dono das marcas Havaianas e dos produtos de limpeza Minuano, e ainda, do Banco Original. E passou a circular com desenvoltura no meio político. Em 2014, além de outros partidos, só para a Chapa Dilma-Temer foram mais de R$ 50 milhões de donativos de campanha.
Com um jatinho á disposição, Joesley aproveita feriados prolongados para viagens de lazer ao exterior. E, numa delas, passou alguns dias no luxuoso mar do Caribe, acompanhado de Fábio Cleto, ex-presidente da Caixa e do doleiro Lúcio Funaro, amigo íntimo do deputado Eduardo Cunha. O passeio, viemos a saber, surgiu na delação de Cleto, que acusou os executivos do Grupo Eldorado (Petroquímica) de lhe terem pago propina para liberar recursos do FI-FGTS, administrado pela Caixa. Rapaz esperto. (Fonte: O Globo, de 18/5/17).
Desde julho de 2016, esteve sendo investigado pela PF em três operações — Sépsis, Greenfield e Cui Bono — que apuram suspeitas de pagamento de propina para liberação de recursos e investimentos de fundos de pensão de estatais nas empresas do grupo.
É incrível como uma pessoa desse naipe ficará leve, livre e solta por obra e graça da Procuradoria-Geral de República e do Supremo Tribunal Federal. E o Brasil que se dane. Bandido, safado, alcaguete, teve o desplante de dizer nos EUA, onde pretende participar da Bolsa de Valores, que estava surpreso com a corrupção no Brasil. Portanto estava a ajudar a Justiça. Seu nome devia ser Joesley Fariseu Batista. Urge repensar a impunidade que a delação premiada produz. Cheira mal.
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