Ao fechar o semestre o governo tem como sentir-se bem com o ambiente político geral.
O mercado de trabalho e a economia mostram surpreendente crescimento, tanto é que o desemprego teve a menor taxa desde 2014.
De acordo com o IBGE os setores públicos e o trabalho informal mantiveram o desenvolvimento dos mercados.
É essa resiliência da economia brasileira que explica o investimento direto estrangeiro no país, considerado uma democracia estável, sem risco político e de ponta, dado que o governo Lula soube dar com os ministros Haddad e Dino – incluindo o próprio presidente – um recado ao mundo, o de que continuará a garantir os mercados em pleno funcionamento em consonância com os padrões estabelecidos no Ocidente, a nos conhecer há dois séculos, mormente ingleses e norte-americanos.
É certo que o Lula disse coisas que incomodaram o Ocidente, mas que são para a OTAN verdadeiras (incluindo a conspiração barata de Zelensky em entrar na OTAN (pretensão vetada pelos EEUU a bem do equilíbrio de forças).
O isolamento da Rússia é impossível por dois motivos econômicos e um geopolítico. A Rússia possui reservas imensas de petróleo e gás. Exporta milhões de grãos de trigo entre outros e detém na Sibéria todas as “terras raras” necessárias ao progresso futuro. Geopoliticamente tem o apoio da China, o silêncio do Japão, a neutralidade da Índia e da Turquia, permitindo que seus submarinos atômicos percorram os oceanos saindo pelos mares do ártico e do negro (mediterrâneo). Por isso Lula cultiva uma política de amizade discreta com a Rússia sem hostilizar os EUA mantendo viva a união dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e a Sul Africana República).
É uma política externa adequada ao maior país latino e do continente sul-americano. A força dos BRICs, em ordem decrescente de poder político e populacional é iminente e eminente ou seja China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul. São cerca de 3 milhões e meio de pessoas ou, para logo, 40% da população mundial (a China tem 1 bilhão e 400 milhões de pessoas. A Índia um pouco acima disso uns 60 milhões. O Brasil 210 milhões, a Rússia incluindo a Bielorrússia, 162 milhões e a África do Sul e Angola cerca de 95 milhões). São pessoas e suas necessidades a serem diariamente satisfeitas o que implica produção e consumo.
A Rússia (e logo a China) dominam todo o ciclo tecnológico dos foguetes transcontinentais e artefatos nucleares inclusive submarinos que passam três anos navegando (tornando obsoletos porta-aviões e bases, além de suportarem o lançamento do mar em direção à terra e ao ar de projéteis atômicos).
Infelizmente o mundo atual sobrevive graças ao medo latente entre as superpotências militares (Rússia e EUA) e econômicas (EUA e Europa ocidental versus China) o único país que ainda consegue crescer o PIB em 5% ao ano (crescimento simples).
Essa é a razão dos BRICs serem a continuação da “descolonização” e do “imperialismo” promovidos pela Europa ocidental e EUA até 1950 e além.
O que se não pode herdar é o “capitalismo selvagem” e o “socialismo leninista”, regimes econômicos superados. A democracia representativa e o neocapitalismo com a presença do estado regulador e também regente de setores estratégicos (militar, espacial, tecnológico), é o retrato do mundo que nos aguarda neste fim de século XXI, que contemplará pela primeira vez decréscimo populacional, acréscimo tecnológico e convergência política. A economia será para sempre impulsionada por particulares e pelos Estados. A tendência de uma governança global compartilhada (um congresso mundial) é real e factível, muito além da ONU.
A NASA por acaso é uma empresa privada? O que seria do Brasil sem a Petrobrás e os bancos estatais?
A convergência para a economia em prol do social é inevitável e já ocorre tanto na Europa socialista como na ocidental, conduzida pelas massas e partidos políticos. O bastião em prol dos super-ricos ainda são os Estados Unidos, onde o culto ao sucesso individual é real, mas sofre a crítica das universidades e intelectuais de alta audiência. Não é que sejam contra a livre iniciativa, mas uma massa crítica poderosa em favor da igualdade social ao início, no meio (essa a novidade) e no fim, o que seduz muitos espíritos.
Ao fim e ao cabo há uma tradição muito antiga em prol da utopia ou da parusia, um sonho difuso, de origem religiosa, mas presente em todos os Estados sejam laicos ou religiosos. Essas ideias acabam prevalecendo, cedo ou tarde.
Um dia, a igualdade sem a perda das liberdades civis, políticas e religiosas! A parusia, para onde tendem a vontade e o espírito.
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