A herança deixada por Dilma é tenebrosa, amaldiçoada
A situação econômica continua gravíssima, mas a política amainou. Pelas atitudes dos novos dirigentes percebe-se que a capacidade política e gerencial do país mudou da água para o vinho. Contudo, não será fácil a vida de Temer, fadado pelo destino a governar o país, em meio à pior crise pela qual já passamos. A República mal se aguenta em pé.
Temer terá que passar nos lábios muito vinagre, noite e dia, nos próximos dois anos e meio, para nos levar a um lugar mais seguro, pois a herança deixada por Dilma é tenebrosa, amaldiçoada, sobre ser complexa, quer a vejamos politicamente, quer analisada no ambiente econômico.
Nem poderia Temer se quisesse recusar-se ao cumprimento do dever. O cargo de vice existe exatamente para substituir o titular, temporária ou permanentemente, até porque dezenas de milhares de vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, além de governadores do PMDB e seus respectivos eleitores votaram na chapa Dilma-Temer, algo que a reserva mental do petismo não alcança. Quem disse aos petistas – soberba e ignorância – que Temer, ao compor a chapa, não trouxe votos à coligação? Quem é Dilma que nunca disputou uma eleição na vida, uma oportunista, surfando no superciclo das comodities e na popularidade de Lula, para ter a votação que teve?
O PMDB é, em termos nacionais, o partido de maior capilaridade, enraizado, de norte a sul, de leste a oeste. Sem dúvida é o partido majoritário da nação, em termos de vereadores, prefeitos, deputados e senadores, sem falar que tem as maiores bancadas no Senado e na Câmara dos Deputados. É natural compreender por que o PT foi buscá-lo o ofereceu-lhe a vice-presidência. Precisava dele. O contrário não é verdadeiro. O PT sem coligações é fraco. Seus aliados são o PSol, o PSTU e o PC do B. Com relutância o PDT brizolista forma a enfraquecida e totalitária esquerda brasileira, ambígua, pseudointelectualizada e inorgânica.O PMDB tende ao centro e o disputa com o PSD, o PTB, o PP e o PR, mais à direita. O PSDB, o PDS e o DEM formam o conjunto de centro-esquerda, o campo democrático autêntico. Basta ver o berreiro do golpe – atitude ridícula – do PT e dos seus satélites para se perceber o caráter atrasado e totalitário – como na Venezuela – que marca o partido dos trabalhadores, baldo de insumos axiológicos, apegado a palavras de ordem, como é comum às organizações comunistas, mas sem os ideólogos que já teve no passado. O PT é um ajuntamento subpartidário. Aposto que atribuirão a Temer, toda a horrorosa situação que o PT e seus asseclas nos deixaram, sem ouvir as obtemperações em contrário, como lhe é típico e marca registrada, o que não deixa de ser uma mostra de cinismo político, denotativo de má-fé.
Temer – já disse várias vezes – não almeja a reeleição. E explicou a razão. Se tiver que tomar medidas impopulares o fará sem levar em conta a aspiração de candidatar-se. Se o fizer, será porque terá alcançado êxito retumbante, hipótese dificílima em face do buraco econômico imenso que o PT cavou, prejudicando o país e desempregando 11 milhões de trabalhadores, segundo a Pnad ontínua, marca jamais alcançada até hoje, verdadeira catástrofe.
O que nos preocupa é a serenidade do presidente interino – logo o será definitivamente – ante a solércia e os métodos políticos pouco recomendáveis do PT, sem escala ética, como vimos de ver. É preciso ser duro e inclemente. Pragas não são enfrentadas docemente. É preciso usar energia, até porque o PT tem muito dinheiro disponível, como já desconfiou o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal. “Salus populi suprema lex”, já diziam os romanos para combater as ameaças à “res publica”.
É que o populismo do foro de São Paulo dominante na Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia e até recentemente na Argentina e no Brasil tem duas características. (a) Agradar as classes mais pobres com programas que amenizam o problema – sem extingui-los – e assim ganhar as eleições. (b) Aparelhar os poderes do Estado e criar milícias para se eternizar no poder. Quem mais avançou nesses obscuros intentos foram a Venezuela, a Nicarágua e a Bolívia. Na Argentina, as eleições barraram Cristina Kirchner ;e no Brasil, o impeachment abreviou o processo de aparelhamento do Estado.
Por isso, a situação de Temer exige energia. Durante 90 dias teremos dois presidentes e muita agitação nas ruas, para impedir o novo governo de atuar. Os “inocentes uteis” e “inúteis” de sempre serão utilizados: os estudantes que não estudam, os professores que não ensinam, os eternos sem-terra e sem-teto, que odeiam o trabalho e a militância vermelha do PT. Será preciso enquadrá-los nos termos da lei e cortar suas fontes de financiamento às expensas do Tesouro Nacional. Olhem como acampam, se movem, o que comem. Por trás está a subversão da ordem patrocinada pelo PT.
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