Venezuela e Argentina se livraram do Populismo ou pelo menos começaram a fazê-lo. E nós, quando o faremos?
Um país não pode ter 39 ministérios nem 35 partidos políticos. Os ministérios nada representam e não prestam contas de coisa alguma a ninguém, nem mesmo à Presidência. Os partidos são anódinos. O que os distingue? Todos se dizem democráticos, à exceção do PT, do PSTU, do PSOL e do PC do B, que apenas toleram ou são obrigados a tolerar o regime democrático, a liberdade de imprensa, um Judiciário apolítico e a alternância no poder. Para o PT, por exemplo, se qualquer outro partido empolgá-lo, sempre será um “retrocesso”, um “desastre”, o “fim do mundo”.
Os outros partidos são democráticos, por aceitar o arcabouço constitucional do regime sob o qual vivemos juridicamente. Mas o que representam? Meu velho amigo com quem não falo há décadas, desde que alçou voo das alterosas, mas a quem acompanho em suas análises iradas, porém profundas, o sociólogo Bolívar Lamounier, dizia outro dia na TV que no Brasil existe uma espécie de neblina, uma névoa a cobrir os partidos, mormente os de oposição (PSDB, DEM, PPS), que não lhes permitiu ver a verdadeira vocação do PT para o totalitarismo e o socialismo bolivariano. Os partidos da situação foram cooptados pela prática da corrupção (conquanto, em verdade, esse DNA já estivesse presente ao tempo em que o PT somente governava prefeituras, com voraz apetite pela corrupção). Os assassinatos dos prefeitos Toninho, de Campinas, e Celso Daniel, em Santo André, estão ligados às práticas mafiosas do PT.
Mas que bruma é essa referida por Lamounier? É a que se formou desde 1964 na luta contra a ditadura dos generais. Todos se julgam irmanados nessa peleja comum: o PMDB, esse partido enraizado nos burgos do Brasil inteiro, herdeiro do PSD, da UDN e do PR; o PSDB, uma sua dissidência moralista de centro-esquerda, catolicizado pela democracia cristã de Franco Montoro e respingado com a água benta da CNBB, agora petista, o PDT, o PFL, o PPS e todos os outros.
Nenhum se diz da direita nem liberal nem capitalista, nem contra o papel do Estado na economia, onde todos se cevam “à la godaça”. São todos do centro para a esquerda. Não se sabe por que são tantos, a ponto de as “bancadas” atuarem em todos eles. Agora mesmo, a CNBB (ou conferência nacional dos bispos bolivarianos) vem de denunciar a bancada BBB, dos bancos, dos bem-sucedidos ruralistas e dos bispos evangélicos como inimigos do povão! O papa Francisco precisa enquadrar essa célula do catolicismo ingênuo, quase comunista, que nem mais existe, a não ser em Cuba e Coreia do Norte, depois que a Rússia e a China se tornaram economias capitalistas. No Brasil não há partidos de direita ou de centro. Na verdade, são simulacros. Existem petistas e antipetistas, algo inconcebível.
O que o povo, os jovens nascidos a partir de 1986 têm a ver com a chamada Revolução de 1964? A resposta é nada! E com o marxismo? Menos ainda. E com a corrupção e a decadência política do PT? Nojo!
O Brasil urbano de hoje, sua gente com menos de 40 anos, olha o país com um misto de asco e perplexidade. Achavam que o PT era honesto e igualitário, que ia dar certo. Não ocorreu o esperado. Vivem agora no caos. E querem viver num país normal.
Entre o país real e a política partidária existe um fosso como em nenhum lugar do mundo. Venezuela e Argentina se livraram do populismo ou pelo menos começaram a fazê-lo. E nós? Quando o faremos? Pessoalmente, não vejo como, a não ser pelo impedimento da chapa vencedora, ora em julgamento no Judiciário Eleitoral, ou seja, no Tribunal Superior Eleitoral, com recurso para o Supremo Tribunal Federal. Não há povo nem correntes de opinião organizadas. Os partidos são formais. Somos uma massa disforme, um povo monstruoso, sem cara e sem perfil. A geleia é geral. Urge refundar a República.
O que nos falta? Partidos que representem as “partes partidas” da sociedade; líderes que conversem com o povo; ideias novas capazes de comover o eleitorado, como o partido Podemos, na Espanha. Em suma, nos falta organicidade. É uma pena, somos um povo inculto, porém versátil e empreendedor.
Esse lado politico é o que organiza a nação, mas está entregue a um bando de salteadores políticos, diretores de estatais e empresários cúmplices e coniventes. Uma reforma profunda, inclusive criminal (combate a criminalidade do colarinho branco) impõe-se, é irreversível. A pena deveria ser de 30 anos. A corrupção aqui é endêmica.
Uma visão em profundidade mostra que sem isso a economia não escapa da derrocada e milhões de empregos serão perdidos. É nossa obrigação modificar o arcabouço político, ético, constitucional, jurídico e partidário da nação o mais depressa possível. Cada dia que passa pior fica a situação. A Nação, no fundo, é como uma empresa. Os acionistas somos nós, os brasileiros e estrangeiros radicados no Brasil.
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