Não se conhece país que tenha míssil de longo alcance e ogivas nucleares que tenha renunciado ao seu poderio atômico.
Os Estados Unidos (EUA) — e como os prezamos, democracia ininterrupta, mesmo com Roosevelt se elegendo quatro vezes em seguida a partir de 1931, uma delas de pijama e em cadeira de rodas — só venceram os povos amarelos uma só vez, pois não entra na conta a época dilargada em que exterminaram, sem piedade, os índios norte-americanos em estado tribal. Eles eram de raça amarela e vieram da Ásia. Pior, celebraram o holocausto indígena nos filmes de Hollywood: os carroções invasores viravam fortalezas com as gentis famílias brancas de colonos, invasores e seus pacatos membros a matar os índios que os rodeavam idiotamente a 20m das linhas de tiro. Bastava aos índios os cercar de longe e deixá-los morrer de fome, sob sol, ou incendiar as campinas quando o vento estivesse favorável, lançando de longe as flechas incendiárias ou mesmo atirar pedras pesadas nos desfiladeiros, envenenar os poços d’água ou, ainda, tanger os bisões (aquelas manadas de bufalinos atarracados e peludos). Quem exterminou os sioux, os pés-pretos, os apaches, os comanches e várias tribos foram mesmo os canhões dos fortes militares e a cavalaria americana, plantados progressivamente do leste para o meio-oeste e pradarias. Genocídio doloso!
A vez que os EUA venceram os amarelos foi o Japão na 2ª Guerra Mundial. Na Coreia, a guerra ficou no empate e, no Vietnã, perderam definitivamente, em que pese as bombas de Napalm que incendiaram as pessoas. Bem que os franceses os avisaram. Em Diem Bien Phu, os franceses perderam a Indochina (Laos, Camboja e Vietnã), dela desde a época do avassalador colonialismo europeu a dominar e explorar os povos da Ásia, das Américas Central e Sul e da África. Na China, foi a mesma coisa. Com o fim da 2ª Guerra, os ocidentalistas pró-EUA, sob o comando do general Chiang Kai-shek, com o apoio de armas e assistentes americanos, inclusive, divisões militares inteiras, perderam a guerra para o comunista Mao Tsé-Tung. Às pressas, milhões de chineses adeptos de Chiang foram levados para a ilha Formosa (Taiwan). Outra retirada de Dunquerque, porém, definitiva.
Se a China, em 1482, não tivesse destruído sua frota de guerra com navios quatro vezes maiores do que os ocidentais (portugueses, espanhóis, holandeses), a história do mundo talvez fosse outra. Foi a decisão mais desastrada da história, tão seguro se achava o imperador da China. Digo desastrada porque renunciou ao mar-oceano e à própria expansão para a África (a Índia não lhe causava mossa pela barreira do Himalaia e porque não eram navegantes). O erro chinês, nem de longe, lembra Filipe da Espanha, com sua invencível armada. Ele teria eliminado a língua inglesa se a mais formidanda tempestade no canal da Mancha não tivesse afundado a frota da Espanha, decidida a esmagar a Inglaterra, que passou por sérias atribulações.
O “homem-foguete”, como a ele se refere o bufão Trump, faz questão de irritar os americanos. Sabe que o Japão, proibido pelos EUA de se rearmar ou fazê-lo, após consulta, desde o fim da 2ª Guerra, está ao alcance de seus mísseis com ogivas atômicas, guardadas em silos distantes uns dos outros. Somente se destruído o terreno inteiro da Coreia do Norte, seria possível o desarmamento, missão impossível.
De qualquer forma, o povo amarelo colocou o Velho Oriente, o Pacífico Norte e o mar da China como os lugares do mundo onde, doravante, a economia e a cultura tecnológica terão vez. Colocando a Índia na roda, dois terços da humanidade vivem por lá. A civilização começou na África, passou ao Oriente próximo, foi para o Oriente, voltou-se para a Europa, pulou para a América e agora tornou ao Oriente (para nós, extremo Oriente).
Mas eis que o jovem ditador da Coreia do Norte deu uma de estadista de longo prazo, ao convidar a Coreia do Sul a dialogar sobre a paz. A sua proposta é jamais atacar a Coreia do Sul e que haja investimentos dela no Norte garantidos. Mas não renunciaria ao seu poder atômico. Daqui a uns 10 anos haveria a unificação. A do Sul, unificada à Coreia do Norte, além de poderosa economicamente falando, seria também potência nuclear pacífica…
De significativo nada vazou do encontro entre Trump e o jovem Kim. Mas a declaração de Trump ao regressar aos EUA de que somente após a desnuclearização total da Coreia do Coreia do Norte as conversas continuariam, bem demonstram que as coisas não lhe saíram bem. Não se conhece país que tenha míssil de longo alcance e ogivas nucleares que tenha renunciado ao seu poderio atômico. Seria tolice fazê-lo. Kim deu uma pista: “Nosso poder é defensivo”. É dizer “somente ataco o Japão e a Coreia do Sul em menos de 38 minutos, se for atacado”. Que outras nações se dispõem a fazê-lo, possuidoras de armas nucleares? A Índia? O Paquistão? A França? O Reino Unido? A China? A Rússia? Sobram os EUA. Que mal faz mais uma potência nuclear, se a Coreia do Norte virar, como a China, um país capitalista liderado pelo partido único do povo, com a disfarçada simpatia da Coreia do Sul?
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