Só para remarcar, a Petrobras nunca foi do povo. O seu mal é ser do governo, que lhe retira dinheiro em vez de petróleo.
Desde os romanos, “pão e circo” tem sido a fórmula para angariar o apoio da plebe. Os “maquiavéis” da esquerda latino-americana, conforme o livro de Vargas Llossa sobre o perfil do perfeito idiota sul-americano, usam a mesma estratégia: acusam os ricos pela situação dos pobres. Passam a lhes dar migalhas para “incluí-los” numa suposta sociedade solidária. Com a ajuda de parte dos ricos, moralmente desfibrados e corruptos, aparelham o Estado para eternizarem-se no poder.
O caso da Petrobras é emblemático. Somos, majoritariamente, um povo humilde, crédulo e desinformado, governado por incompetentes. A Petrobras, em 12/12/2014, valia R$ 127 bilhões. Hoje, menos, menos até do valor de quando Lula chegou ao poder. Entram em cena a má gestão e opções de modelos de exploração inexequíveis, feitos mais pela ganância estatizante do que pela reflexão criativa. Vários são os motivos, todos por culpa dos governos Lula e Dilma, que abateram a maior empresa de petróleo e gás da América Latina.
Primeiro – Desde a posse de Dilma, no 1º mandato, com a tese de uma nova “matriz econômica”, que os preços administrados (tarifas de energia, telefonia, transportes, petróleo, gás e combustíveis) foram comprimidos para “não aumentar a inflação”, causada pelo aumento dos salários acima da produtividade da mão de obra, pela inundação de crédito a juros baixos e pelos gastos imoderados do governo. A Petrobras perdeu R$ 68 bilhões (quebra de caixa) comprando no exterior mais caro e vendendo no país mais barato.
Segundo – Fez investimentos desastrosos, em lugares não recomendados, mormente em refinarias, com sobrepreços de R$ 62 bilhões (Passadena, Rio, Recife).
Terceiro – Com o argumento de incentivar a indústria brasileira, comprou equipamentos e serviços nacionais de 30% a 40% mais caros, menos eficientes e entregues em prazo maior do que os de fornecedores no exterior. Cálculos de empresas especializadas indicam atraso na exploração do pré-sal, numa época em que o petróleo estava acima de US$ 120 dólares (hoje está em US$ 50 o barril, a inviabilizar o custo do pré-sal).
Quarto – O modelo de exploração (partilha, com recebimento em óleo e participação obrigatória da Petrobras em 30% em todos os poços) elevou o endividamento da empresa. Com a alta da moeda norte-americana, a Petrobras viu a sua dívida subir R$ 48 bilhões nos últimos três meses.
Quinto – Durante os últimos cinco anos foram pouquíssimas as áreas licitadas, impedindo que parceiros nacionais e internacionais se apresentassem nos leilões, perfurassem o fundo do oceano e retirassem mais petróleo e gás, justamente numa época em que o petróleo estava caro e o risco do pré-sal era considerado baixo (as reservas existem). Esses parceiros não se interessam mais em atuar no Brasil. De nada vale ter reservas se não temos dinheiro para investir, nem parceiros, nem preço que compense. O modelo deve mudar ou a Petrobras afunda de vez, a menos que o governo aporte socorro superior a R$ 100 bilhões para saldar dívidas e fazer investimento. Mas, nesse caso, a dívida pública subirá para 70% do PIB e o Brasil perderá o grau de investimento.
Sexto – Falta de gestão e corrupção, dois lados de uma só moeda. Da graça para a desgraça bastaram 12 anos de PT. O custo, ninguém sabe ao certo. Todavia, a dívida da empresa supera R$ 261,45 bilhões, a maior do mundo no setor.
O saudoso Tancredo Neves tinha razão: “Toda vez que o PT teve que escolher entre seus interesses e os do Brasil, escolheu a si próprio”. O impedimento da presidente inepta, a ponto de ser tutelada por um ministro (e que lhe fazia oposição) está na ordem do dia.
O afundamento da Petrobras vem do somatório dos erros políticos, gerenciais e estratégicos dos governos do PT. De um lado distribuem dinheiro a mancheia (Bolsa-Família e Minha casa, minha vida), de outro sugam o dinheiro da sociedade. Chamam a isso de corrupção endêmica e institucional. Só para remarcar, a Petrobras nunca foi do povo. Pertence aos acionistas. Quem não tem ação não é proprietário. O seu mal é ser do governo, que lhe retira dinheiro em vez de petróleo.
A má gestão da Petrobras piorou depois da Operação Lava-Jato. A corrupção, a que foi para o bolso de terceiros, é uma ninharia. Os contratos revistos é praxe de mercado. A estatal valeu-se do escândalo para não pagar ninguém. A cadeia econômica do petróleo e gás, sem receber, está sendo destruída (10% do PIB), gerando desemprego e erosão de mais de 230 empresas antes saudáveis.
Enquanto não for privatizada, o país continuará a sofrer. Que se faça como na Noruega, ao menos isso. Cada norueguês é acionista, junto com o governo, que administra um fundo soberano. A empresa de exploração de petróleo é administrada por um conselho de “experts” do setor privado. Se não der lucro o governo substitui a governança.
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