O Produto Interno Bruto (PIB) dos 27 países da União Europeia é de US$ 14,8 trilhões, ligeiramente menor que os US$ 15 trilhões dos EUA. Na Zona do Euro (17 países), o PIB é de US$ 9,8 trilhões. A Alemanha fica com 3 trilhões e a França com 2,5 trilhões de euros (são as duas maiores economias). É preciso dimensionar o que seja a Comunidade Europeia de Nações. Primeiramente há um espaço, no qual as pessoas se deslocam livremente (Espaço Schengen), composto de 25 países, desnecessários passaportes e postos de fronteira. Abrange os seguintes países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, Polônia, Portugal, República Tcheca, Suécia e Suíça. Notem que a Inglaterra e a Irlanda, que são ilhas, estão fora do Espaço Schengen (mas Malta também é uma ilha no Mediterrâneo e por isso está dentro). Notem também que a Irlanda e a Inglaterra são partícipes da Comunidade Europeia e a Suíça não. O Espaço Schengen é fruto de tratado. É importante em face dos fluxos migratórios. Se alguém consegue entrar num país, pode daí em diante ir para qualquer lugar dos países signatários.
Lado outro, a Comunidade de Livre Comércio abrange todos os países listados, menos a Suíça, e inclui plenamente a Inglaterra e a Irlanda – esta aderiu ao euro, aquela, não. São 27 países. É uma zona de livre comércio e um mercado comum. Agora a eurozona. Dos 27 membros, apenas 17 adotam o euro. Dez continuam a ter as próprias moedas, cabendo mencionar a Inglaterra, a Dinamarca, a Hungria e a República Tcheca.
A crise europeia não se resume à eurozona. O denominador comum da crise não é propriamente o euro, que continua a valer mais que o dólar americano, mas as enormes dívidas públicas soberanas dos países signatários inchadas desde 2008, pelo socorro prestado aos bancos e corporações econômicas financeiras e securitárias. Surpreendentemente, a Espanha é a economia que tem a menor dívida em relação ao PIB. O problema lá foi a especulação imobiliária, o rombo nos bancos abarrotados de créditos difíceis de receber; porém, não tóxicos como nos EUA, e o desemprego alto (18%).
De ver a relação dívida pública soberana em face dos respectivos PIBs no 2º trimestre: Grécia 152%; Itália 122%; Portugal 103%; Irlanda 102%; França 86%; Alemanha 81%; Inglaterra 80% e Espanha 66%. Por ordem de importância, as maiores economias da região são: Alemanha, França, Itália, Inglaterra e Espanha (Irlanda, Portugal e Grécia representam juntos cerca de 6% da economia da União Europeia). Não fôra a moeda única e a proibição do Banco Central Europeu de emitir euros sem lastro, inexistiria a brutal especulação dos hedge funds e players isolados, até mesmo contra a França. À guisa de emprestar dinheiro para rolar os títulos de 5 e 10 anos dos países, o mercado exige juros anuais insustentáveis, que a médio prazo levariam os países à bancarrota.
A Itália e a Espanha já tiveram que se sujeitar à taxas anuais superiores a 7% sobre o valor de face dos títulos. Acima de 6% a dívida torna-se impagável a médio prazo. À rapina financeira o mercado dá o nome de prêmio de risco. É dizer, pelo risco de o país soberano entrar em default (incapacidade de pagar). Há duas maneiras de reagir. A atual, em que a Alemanha, de um modo imperial, como sempre, se empenha em dizer que a ajuda tem limites (esperando desanimar a especulação) e que os países a serem ajudados devem fazer sérios ajustes (o que leva à recessão e ao desemprego). É a maneira errada, inclusive para a Alemanha, que coloca 58% de sua produção na Europa comunitária. Sem dinheiro ela não comprará seus produtos!
A Alemanha é a grande ganhadora com a criação do euro (o que Hitler não fez pelas armas o euro fez dessa vez com a ajuda incondicional da França). A Alemanha diz que o BC tem limites, não pode emitir euros sem lastro. Que lastro? A produção? De que país? O monetarismo é uma balela. É que depois das suas hiperinflações a Alemanha, teme-as com ojeriza irracional. É só o que os EUA fazem: emitem dólares sem parar para que os seus residentes deslanchem o consumo. Por enquanto, não saíram do recesso nem geraram inflação. Há até deflação. O Banco Central Europeu deveria avisar ao mercado para absorver títulos, que comprará as dívidas soberanas no montante que for preciso. Um banco central forte e decidido seria o fim da deterioração progressiva da economia europeia. Fora disso será o caos.
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