O bolsonarismo morreu nas ruas, nos quartéis e nas mentes, pausadamente, em três atos significativos. A uma, quando o Bolsonaro fugiu. A duas, quando seus seguidores baderneiros e respectivos financiadores, entre eles Anderson Torres, patrocinaram a bagunça desorganizada de 8 de janeiro e agora a três, na posse de um comando militar ocasião em que os militares decidiram que o seu lugar é nos quartéis. Regra para limitar drasticamente a ida de oficiais e suboficiais da ativa para o exercício de “cargos civis” , em comissão, na administração pública, foi pedida pelas Forças Armadas. A questão militar está resolvida e voltamos, como nos Estados Unidos, com as maiores Forças Armadas do planeta, a ter uma vida civil normal e sem sobressaltos.
Na contramão, a verdade é que a chamada “oposição” ainda não deu as caras. Dizia-se que o PL do senhor Valdemar, com seus noventa e tantos deputados iria fazer e acontecer.
Mas é anódina, ninguém aparece. E metade dessa bancada na Câmara dos Deputados quer se aproximar do governo. No Senado o grupo também não é unido e só a minoria é bolsonarista. Como previ, Jair Messias Bolsonaro foi um adversário igual a Collor. Eram exibicionistas sempre. E sempre disso não passarão. Lira sim tem papel importante. Colheram no campo conservador do Exército, que é sinceramente, conservador em valores como verdade, liberdade, religião, bons costumes, amor à pátria, disciplina, ordem e bons soldos. Tampouco foram treinados para governar e sabem disso. São anticomunistas, mas igualmente são antifascistas e contrários a ditaduras de direita. Ao cabo, lutaram no ar, em terra e no mar contra a Alemanha nazista e a Itália fascista. Nem os EUA admite direitismo nas Américas.
Essa tradição perdura nas academias militares. Tivemos mais de 30 navios mercantes torpedeados e afundados. Na Itália, contra os alemães lutaram para nos defender do fascismo de Benito Mussolini, tomamos Monte Castelo e Monte Cassino heroicamente com perdas de vidas humanas ao lado dos chamados “aliados” (Reino Unido e EUA). Já que a Europa foi ocupada. A FEB e a esquadrilha “senta a pua” são por assim dizer a memória viva de nossas Forças Armadas na Segunda Guerra Mundial na luta contra o fascismo e o nazismo de Hitler. Ditadura militar foi uma lição apreendida.
Devem ter missões internas, digo agora, mas não como se fossem policiais. Entendo que a missão precípua e patriótica de nossas Forças Armadas está em defender a Amazônia brasileira, por terra, águas fluviais e pelo ar. É lá que delas precisamos para enfrentar o desafio de preservá-la dos desmatamentos e do garimpo ilegal. A formação de pastos de alto valor, a madeira preciosa e o ouro estão a sustentar empresas altamente financiadas por gente rica do Sudeste e Sul do país.
É evidentíssimo que o maquinário, a organização, a manutenção dos que desmatam para criar campos utilizáveis e dos que exploram o leito dos rios para obter ouro são pesadamente financiados. É preciso ação e que as inteligências de nossas Forças Armadas desarticulam os financiadores que estão a destruir essa imensa e rica parte de nosso território, ora conflagrado.
Bases aéreas e bases navais são urgentes para defesa de nosso território ameaçado após quatro anos de abandono político intencional do governo anterior.
Voltando ao início, oposição política consistente não há contra Lula. Os bolsonaristas apenas continuam com suas fake News nas redes sociais. Curiosamente a maior oposição ao governo vem da ala petista de Gleisi Hoffmann contra o PT de Fernando Haddad, quando em verdade o campo de luta é a política inflacionária patrocinada por Roberto Campos do Banco Central. Juros de 13,75%, quase 14% ao ano, para uma inflação cadente, a volta de 5%. É que o crédito caro impede investimentos privados e encarecem as compras a prazo dos consumidores de bens e serviços (o país não cresce).
O sr. Roberto Campos, nomeado por Bolsonaro, está torpedeando o governo do presidente Lula, por trás da cínica marca de ser uma “pessoa técnica ” acima da política, o que não passa de uma baita mentira. Como superar este despacho deixado por Bolsonaro é o que divide o PT. A questão é que Campos possui “mandato”.
A maior oposição a Lula é o próprio Lula contra o seu governo, a minimizar os justos esforços dos ministros da Justiça e da Polícia Federal contra a tentativa do crime organizado de dominar o país pelo medo. A palavra é de prata, mas o silêncio em certas circunstâncias é de ouro.
É possível existir algum exagero em relação à importância relativa de Moro e suas queixas (e nenhuma crítica ao governo Lula em defendê-lo e a qualquer política ameaçada pelo crime organizado). Tiro no pé com arma de grande calibre é como vejo a fala de Lula contra si mesmo, minimizando o episódio. A Polícia Federal resolverá essa situação em coordenação com as polícias civis. Faz tempo que o crime organizado impera nesse país.
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