Desde 1950, quando o Japão, perdendo a guerra e a China triunfando, a Parceria Transpacífico (TTP, nas iniciais em inglês), de 12 países, renegociada durante o governo Barack Obama, era amplamente vista como um acordo de livre-comércio de alto padrão que poria a China em desvantagem. Mas Trump retirou os EUA do acordo pouco depois de assumir o poder, em 2017, dizendo que ele era um “estupro do nosso país”
Ao sentir que Trump estava cometendo um grave erro estratégico que entregaria a liderança económica na região à China, o então premiê do Japão Shinzo Abe assumiu a liderança na negociação de um tratado subsequente ao TPP. Os 11 membros remanescentes do pacto original (entre os quais o Japão) concluíram pouco depois o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífico (CPTPP, nas iniciais em inglês).
O Japão acredita que o acesso dos EUA ao CPTPP será a melhor opção para consolidar um grupo de livre-comércio na região da Ásia-pacífico. O problema é que, a partir da campanha presidencial de Trump de 2016, o clima político nos EUA se voltou contra o livre-comércio e os acordos comerciais multilaterais. Lamentavelmente, o enfoque de Trump de “os EUA em primeiro
lugar” parece estar perdurando. Enquanto os EUA sob Biden continuam a se manter distantes do CPTPP, a China e Taiwan se candidataram a integrar suas fileiras. O quadro que, no passado, pretendia excluir a China, está agora em via de excluir os EUA, e a liderança econômica chinesa na região da Ásia-Pacífico parece estar destinada a se fortalecer.
Os países asiáticos, especialmente o Japão, temiam as pressões dos EUA para ingressar em pactos de livre-comércio. Os EUA, aplicando diretamente a teoria da vantagem comparativa, acreditavam firmemente que as reduções recíprocas de tarifas pelos EUA e pelo Japão beneficiariam ambos os países. É ao mesmo tempo inoportuno que os EUA tenham menosprezado o CPTPP.
Atualmente, o Japão e outros países asiáticos anseiam para que os EUA voltem para o quadro de livre-comércio. Os EUA são, há muito, um membro-chave da Co-operação Económica da Ásia-pacífico (Apec), inaugurada em 1989 com o objetivo de promover o livre-comércio. Os 12 membros fundadores do grupo eram EUA, Japão, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Filipinas, Índia, Taiwan, Cingapura e Tailândia — os mais importantes. Prevê-se que a competição entre a China e o Japão em torno da coliderança do bloco deverá se intensificar.
Há significativa sobreposição entre os membros do Ipef e os do RCEP. Onze países pertencem a ambos. Além disso, o Ipef inclui os EUA e a Índia, enquanto o RCEP conta com China, Myanmar, Laos e Camboja entre seus membros. A diferença entre as filiações pode determinar se a China levará a liderança econômica regional e conterá os EUA ou se prevalecerá o contrário.
Se os EUA não abrirem mais seu mercado interno aos produtos importados dos países da Asean, por meio da redução das barreiras tarifárias e não tarifárias, muitas economias asiáticas poderão considerar o quadro do Ipef pouco atraente.
O Indo-Pacífico já ostenta uma densa sopa de letrinhas de acordos econômicos e comerciais. Se Biden não reforçar o Ipef com carne bovina, seu novo prato corre o risco de parecer comparativamente aguado. Takatoshi Ito é ex-vice-ministro-adjunto de Finanças, professor da Faculdade de Assuntos Internacionais e Públicos da Universidade de Columbia e professor sênior do Instituto Nacional de Estudos de Pós-graduação em Política Pública de Tóquio. Seus estudos estão na base do presente artigo com as adaptações que o jornalismo diário exige em favor do leitor.
A importância do Brasil nesta área é nenhuma, mas sua presença na América do Sul e África é ínfima, tendo em vista o colapso da diplomacia e a pouca atividade no exterior de um governo de direita, como tal a administração Bolsonaro. Entretanto, como grande potência no agronegócio, além de produtor de proteínas, caberia ao Brasil algum protagonismo no Indo-Pacífico.
É claro que a política externa não se coaduna com governos transitórios, a exigir a projeçào da nação além de suas fronteiras naturais. Essa, precisamente a função da política externa. Sob esse aspecto, o atual governo é medíocre.
O poder dominante nas Américas, seja do Norte, Caribe ou do Sul, são os Estados Unidos da América, pela oclusão do México e do Canadá em razão do Nafta, tratado importantíssimo de vizinhos.
Mas a dedicação dos norte-americanos, na maioria protestantes, ao modelo democrático faz com que, na atualidade, se oponham a qualquer tipo de populismo, mormente os de direita, inimigos da democracia. Contudo os autoproclamados “regimes de esquerda” são também desprezados. O ressurgimento do populismo é inadmissível para os americanos.
Devemos nos colocar de acordo na preservação da Justiça Eleitoral, no Brasil, a irradiar influência no resto do mundo. Ao cabo, somos a maior democracia, após os EUA, na face da Terra. Devemos, nessa condição, nos reaproximar dos EUA, em nome da democracia, e da China, em prol da economia!
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