As potências do século

 

A crise fiscal da Ucrânia está se agravando por causa do colapso da atividade econômica, da queda vertiginosa das receitas tributárias e da perda da entrada de moeda forte com as exportações de aço e grãos. O Banco Central ucraniano queimou de suas reservas internacionais apenas em junho. Oleg Ustenko, assessor económico de Zelenskv, diz que o país precisa agora de USS 9 bilhões por mês do Ocidente pata cobrir seu déficit público.

Anteriormente, Kiev havia solicitado algo entre USS 5 bilhões e USS 6 bilhões. “Sem o apoio financeiro de nossos aliados não será apenas difícil cobrir esse déficit, será impossível”, acrescenta Ustenko.

Os EUA desembolsaram USS 4 bilhões em ajuda económica d Kiev e esperam distribuir outros USS 6,2 bilhões até setembro. A União Europeia juntou apenas C bilhão dos € 9 bilhões prometidos em abril, em meio a disputas sobre se deveria fornecer subsídios ou empréstimos.

Enquanto isso, a Rússia estrangulou a Europa ao reduzir o fornecimento de gás no verão europeu e ameaça interromper completamente o fornecimento, o que aumentaria as contas das famílias e poderia fechar setores do continente que dependem muito da energia, se houver problemas de fornecimento no inverno.

“A guerra hibrida da Rússia aumentou e perdemos isso de vista”, afirma um consultor de defesa ocidental. “Se a ofensiva russa em terra tiver uma pausa neste verão, ou mesmo passar para d defensiva, tudo bem do ponto de vista de Moscou. Enquanto isso, sua guerra hibrida e económica poderá ser intensificada”.

Autoridades ucranianas afirmam que Putin está contando com o problema da inflação e da falta de gás para forçar as capitais europeias a pressionarem a Ucrânia a terminar a guerra em termos favoráveis a Moscou. O líder russo poderá subestimar a determinação ocidental, do mesmo modo que também assumiu que o Ocidente não sairia em apoio Ucrânia após fevereiro. Essa guerra ao cabo é um fracasso da Otan. Se olharmos com nitidez o que ocorre na Ucrânia, veremos que o Ocidente, EUA à frente, está lutando e já custou USS 8 bilhões contra a Rússia, por intermédio dos ucranianos. Eles seio lutadores de aluguel.

No Indo-Pacifico, objeto de análise em artigo anterior desta coluna, vimos que a afirmação do poder chinês na região é inevitável. E nesse quadro, a amizade sino-russa é o novo fator da política internacional no coração do mundo, ou seja, a eurásia, potência atómica e espacial (hoje não se chega nem sai da estação espacial internacional senão em naves de acoplamento russas), a Rússia compete em ogivas atómicas com os EUA, hegemónico desde a 2a Guerra Mundial, com o grande Roosevelt (1932 a 1945).

Seja lá como for, pelo menos três grandes potências disputam a geopolítica do século: EUA, Rússia e China continental. O encolhimento da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) resultou no fortalecimento da Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão. A Europa Ocidental é democrática, mas não tem poder. No mundo após a descolonização da África e de parte da Ásia, forma, caudatária, junto com os EUA, um poder ainda grande, mas não absoluto como no passado, vimos que Londres e paris são potências médias, essa a verdade nua e Crua que resulta da análise geopolítica do mundo atual. Mas uma pergunta há que não quer calar. O que o presidente Bolsonaro foi fazer no encontro pessoal Com Putin, às vésperas da invasão da Ucrânia?

Assegurar o fornecimento de fertilizantes em troca da não condenação da Rússia não exigiria uma ida a Moscou nem um encontro pessoal. Uma resposta cabal ainda não foi dada a essa pergunta, que não se conforma com respostas vagas. Não há como acusar o presidente Bolsonaro de não prover o agronegócio com adubos e fertilizantes, tendo em vista sua cosmovisão, mormente a que acusa toda e qualquer pessoa que se coloque contrária aos seus desígnios (o lado interno da política atual em nosso país)!

Há quem diga não a essa interpretação. Para esses, Bolsonaro quis um aprendizado sobre o quanto pode um autocrata. Mas cabe um comentário final. Na política, temos os que governam e d oposição, temos os colegas de partido e os adversários. Bolsonaro introduziu na política a noção de que a oposição é inimiga. Um raciocínio torto perante a democracia. Uma lógica de guerra em tempos de paz. É nosso dever sepultar essa lógica de guerra na política, palavra que vem da polis grega (a arte de fazer o melhor para a cidade e seus cidadãos).

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