Sacha Calmon
Advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e UFRJ
Fernanda Strickland e Michele Portela ouviram os pobres coitados adeptos de Bolsonaro. Caminhoneiros avisam que serão obrigados a paralisar por falta de condições. Um dos líderes da categoria, Chorão contou que a paralisação não tem o intuito de derrubar o governo. “Nós estamos cobrando que Bolsonaro chame a responsabilidade dos preços dos combustíveis para ele mesmo.”
Mesmo com descontentamento crescente dos caminhoneiros com o governo, parte da categoria ainda apoia o presidente. Contudo, de acordo com um dos líderes da categoria, Wallace Landim, conhecido como Chorão, uma paralisação não foi descartada, pois os preços seguem subindo.
Chorão contou à reportagem do Correio Braziliense que, em razão da crise econômica vivenciada no Brasil, os caminhoneiros não querem fazer uma greve. “Mas com a situação em que o país está, e piorando cada vez mais, somos obrigados a fazer uma paralisação”, disse. Segundo ele, uma parte da categoria já está parando devido à falta de condições.
De acordo com Landim, uma parte da categoria não apoia a greve, porque não quer se posicionar contra Bolsonaro. “Mas a nossa luta não é contra o governo em si, eu mesmo fiz campanha para o presidente, votei nele”, declarou. “Na realidade, nós estamos cobrando que o chefe da Nação chame a responsabilidade dos preços dos combustíveis para ele mesmo!”
“Quando o Bolsonaro estava concorrendo a presidente, ele tinha uma narrativa de que era realmente necessário mexer na política de preço da Petrobras, mas quando ele entrou e sentou na cadeira, mudou o discurso”, afirmou Chorão. “A gente vem acompanhando a transferência de responsabilidade — tirando a culpa dele e colocando no ministro de Minas e Energia e na própria Petrobras. Enquanto isso o povo fica sofrendo”, continuou.
Segundo Chorão, a categoria não está mais suportando: “O pobre está cada vez ficando mais pobre, e não tem mais o poder de compra”. É incrível, que mesmo descrevendo a inépcia do governo, essa gente continue apoiando Bolsonaro.
O caminhoneiro Gustavo Ávila explicou que os grupos dos quais grande parte da categoria faz parte “estão impossíveis de acompanhar”. “Os caminhoneiros têm reclamado muito dos custos. A situação está insustentável. Não tem como trabalhar assim, apenas se quiser ter prejuízo.”
De acordo com Ávila, a categoria está pagando para trabalhar, pois os custos dos caminhoneiros, contando com a manutenção, cresceram muito. “Eu mesmo fiz uma entrega na semana passada, e meu lucro veio R$ 250 negativos. Mesmo fazendo uma boa negociação com as transportadoras, não dá para continuar”, lamentou.
Independentemente de um dos líderes mandar, planejar uma greve ou não, a categoria vai ter que parar por falta de condição. Ávila comentou, contudo, que acredita na possibilidade de uma nova paralisação – sem explicar a diferença –, mas não de uma greve. “Hoje, a situação está muito pior do que em 2018, porém há uma parte da categoria que não para porque acha que isso seria ir contra o presidente”, pontuou. É o que dá misturar profissão com política.
Para Chorão, o grande vilão hoje é o preço de paridade do preço de importação (PPI). Entrar na Petrobras para impor preço é necessário. Dá-se que o preço dos combustíveis derivados do petróleo deve seguir os preços internacionais para não prejudicar as empresas que produzem esses itens e os compram no mercado livre, no exterior, em dólares.
Toda essa choradeira explica as tentativas de Bolsonaro de usar a Petrobras para fins políticos, segurando artificialmente os preços e a sua ineficácia em fazer a Petrobras trabalhar com menores custos. Teve quatro anos para isso e não fez nada de positivo. Tampouco voltou-se para ferrovias no Centro-Oeste e no Norte.
Seu governo não criou nada. Mudou o nome do Bolsa-Família, fez “auxílios” aos pobres como os velhos “coronéis”, falou o tempo todo, nunca saiu do palanque e capturou a classe média com o seu antissocialíssimo, algo que nem existe mais, a não ser na Coreia do Norte e em Cuba, já que a Venezuela é apenas uma ditadura sul-americana típica, a viver de petrodólares.
Em 2020, tentou dar um golpe em 7 de setembro sem o apoio das Forças Armadas e se deu mal. Mais algum tempo à frente, voltou ao Centrão, onde passou anonimamente 26 anos como parlamentar (e ninguém nunca soube da sua existência). Um ‘bon-vivant’.
Agora, deu de falar em “liberdade” como se o PT fosse tirá-la de nós. Ora, Lula, Dilma – e o PT – governaram por longos 14 anos e não vi nenhum socialismo no Brasil. “Isso é conversa para boi dormir.” Bolsonaro é um mentiroso intolerável e só faz dividir o país com seu ódio!
Poderia ter feito hidrovias logísticas e ferrovias estratégicas, mas governou com promessas e muitos auxílios às nossas custas, os pagadores de tributos. É um falso Messias, apesar de esse nome estar no seu CPF.
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