Sacha Calmon
Advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex professor titular da UFMG e da UFRJ.
Ficamos sabendo que os superfaturamentos no âmbito do ministro da Saúde nas tratativas de vacinas lhe foram denunciados, casos da Covaxin e AstraZeneca.
Calaram mais fundo nos espectadores comuns os depoimentos de caráter mais técnico, como o do representante da Pfizer, o do presidente da Anvisa e, por último, o do diretor do Butantan. São depoentes que aparentam estar fora do jogo político e que, carregados de credibilidade, deixam claro que o governo federal não tomou por critérios científicos e, no mínimo, foi negligente na questão das vacinas.
Não se pode imputar ao presidente o crime hediondo de genocídio, que é doloso e tem por meta optata o extermínio físico de etnias ou povos. Seu crime é culposo, por agir com imprudência (a tal “gripezinha”), negligência (omissão culposa) ou manejar a crise sanitária com imperícia, por falta de empenho e garra na liderança da batalha sanitária.
Limitou-se a dar uns dinheirinhos aos que economicamente se viram afetados, somente para manter os mercados, sem a mínima empatia pelo sofrimento, medo e a preensão do povo em face da pandemia.
Diante da peste causada pela COVID-19 chegou ao ponto de requisitar do povo a devida coragem de ofício dos militares e deixar de ser “maricas”. Pura estupidez!
As mulheres fúteis e carnavalizadas o acham bonito.
É meio estupefato, olhos estranhos e barriga cada vez maior (como se beleza fosse requisito de bem governar). Se fosse, estaria igualmente a se acabar.
Agora, está para se acabar os últimos mitos do suposto honesto presidente do Brasil que os moralistas hipócritas lhes atribuem.
Por primeiro, surge agora gente denunciando, até mesmo uma cunhada, a dizer que Bolsonaro, quando deputado estadual e depois federal, ao largo de 28 anos, vivendo de mamatas parlamentares, praticava com desenvoltura a prática das “rachadinhas”, tal qual seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, que pouco faz no Senado e adora viajar.
Crimes omissivos que lhe são também atribuídos em função da CPI das vacinas.
Ficamos sabendo que os superfaturamentos no âmbito do ministro da Saúde nas tratativas de vacinas lhe foram denunciadas, casos da Covaxin e AstraZeneca (aqui há que podar os exageros, pois houve “crime tentado”, que se não concretizou). O presidente não tomou as providências devidas contra os vários agentes de safadezas. Crime culposo.
A cunhada demostrou que a vestal verde oliva praticava certos comportamentos típicos do Poder Legislativo muito conhecidos (horas extras, renumeração por sessões extraordinárias, auxílios diversos, inclusive a verba paletó, e por aí vai).
Ele ficou 27 anos, quase 28, no Legislativo federal e não sabemos o que fez ali de valioso e tampouco de desvalioso, porquanto nenhuma notícia dos seus hábitos foi por ele verbalizada. Vale dizer fez gostosamente parte das benesses e sinecuras do “sistema”.
De concluir que no seu primeiro ano de governo a campanha contra o Legislativo, com o seu apoio e incentivo, revestiu-se de uma hipocrisia inenarrável.
Outra pergunta pertinente a ele endereçada, mesmo quando tinha extenso apoio sincero do povo brasileiro, diz respeito às decantadas reformas: econômicas, política, agrária, urbana, et caterva. Elas foram feitas? Temer fez, em parte, a maior parte da administrativa. O que houve da parte do governo no campo das reformas?
Sob o ponto de vista das realizações, apesar dos esforços do ótimo ministro da Infraestrutura, o “Tarcisinho”, o que de extraordinária relevância se fez? Aguardo, com fervor, a estrada que liga o oeste do agronegócio ao porto de Ilhéus, na Bahia, passando pelo valioso sul do estado.
Sob Juscelino, que fez 50 anos em 5 (energia e transportes), que incluiu a criação de Brasília, o esforço pelo cerrado brasileiro, e as indústrias de veículos automotores, peças e de materiais de construção, vivemos um período de otimismo no Brasil, sob um presidente sorridente, que sabia perdoar inimigos em favor da nação. Bem diferente de quem ameaça, agride e divide o país.
Nosso presidente, na esteira dos “coronéis” políticos de antanho, tem se limitado a dar “dinheiro ao povo”, prática que vem dos romanos – pane e vino, sem falar nas festas no Coliseu. Mas dinheiro para a ciência… as universidades e os laboratórios sofreram cortes no orçamento. É uma contradição que só o ódio pelo saber científico das unidades do ensino superior explica. O ódio destrói. Temos no poder um oposto de Juscelino.
Opostos em tudo, na simpatia e no sorriso. Um sabia administrar, o outro só sabe xingar. Um veio da altaneira Diamantina, o outro vem do pior lugar de São Paulo, o Vale da Ribeira, a terra das bananas.
É atrasada até hoje, a explicar seu deslustrado filho, que jamais se referiu a algum episódio da história do Brasil. Veio ser marciano ou ribeirinho. Talvez tenha lido o “regimento das Forças Armadas” ou o do Exército. Há controvérsias.
Em uma terra de educação, então, a diferença é abissal. O ex-capitão é um boca-suja até quando preside reuniões e principalmente na TU. É um desbocado de botequim.
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