Devemos ser a favor dos iranianos e contra o regime do Irã, os aiatolás e Mahmud Armadinejad. Os direitos humanos são universais.
No Corão, inexiste de forma expressa a pena de apedrejamento (lapidação humana). Mas, como foi o arcanjo Gabriel, o mesmo que teria conversado com Daniel e Maria (o anjo da anunciação), quem instruiu 600 anos d.C. o cameleiro Mohamed, ou Maomé, a ditar as suratas do Corão, seitas islâmicas ortodoxas mencionam que partes das leis de Moisés – a Torá ou Velho Testamento) podem ser tomados pela Sharia (lei religiosa islâmica). Agora com a atoarda em torno da iraniana Sakiner Ashtiani, ameaçada de lapidação sob a feroz seita xiita do Irã, vem à tona a busca da origem desse bárbaro costume legal. Na Torá, a pena de apedrejamento é largamente utilizada para castigar certos delitos. Tomando por base a Bíblia da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) podemos encontrar algumas delas. O Deut. 21:18-21 predica dever ser o filho rebelde, beberrão e dissoluto apedrejado por todos os homens da cidade até a morte, por recomendação dos pais. O Deut. 22:13-30 nos versículos 21 e 22 predica para a moça que se casava, mas nela o marido não achava virgindade, a pena da lapidação: “Porém, se isto for verdade que se não achou na moça virgindade, então levarão à porta da casa do seu pai e os homens de sua cidade a apedrejarão até que morra, pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai: assim eliminarás o mal diante de ti”. Pena igual era reservada à mulher adúltera, desde que dois homens testemunhassem o evento, o que de resto propiciou muita chantagem contra mulheres fiéis, mas desejáveis da parte de canalhas em conluio para dar falsos testemunhos perante a congregação ou o conselho de anciões. Diziam que iriam contar coisas a respeito de dada mulher casada caso não se deitasse com eles.
No Novo Testamento, ou Bíblia cristã, há reminiscência dessa bárbara disposição do direito de família dos antigos judeus, supostamente ditado por Javé a Moisés. Para os judeus a Torá é a palavra de deus, assim como para os muçulmanos o Corão o é. Um só Deus, único e eterno, com três nomes: Eli para os israelitas (Reino do Norte), Javé para os judeus, ou seja, os filhos da tribo de Judá (Reino do Sul), e Alá para os maometanos, daí os notáveis enlaces e parecenças entre as normas jurídico-religiosas da Torá e do Corão. A reminiscência antes referida, encontrada no Novo Testamento, está no evangelho atribuído a João, que é diferente dos sinóticos (Marcos, Mateus e Lucas). Em João 8:1-11, “passim”, lemos que “os escribas e os fariseus trouxeram a Jesus uma mulher apanhada em adultério. Puseram-na de pé no meio do grupo, e disseram a Jesus: Mestre, esta mulher, foi apanhada em adultério. Na lei nos ordenou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas. Ora, o que dizes? Eles usavam esta pergunta como uma armadilha, para terem de que acusá-lo. Mas Jesus se inclinou, e começou a escrever na terra com o dedo. Como insistissem na pergunta, ele se endireitou e disse: Aquele que dentre vós está sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”.
Inclinando-se novamente, escrevia na terra. Quando ouviram isto, foram-se retirando um a um, a começar pelos mais velhos, até que ficou só Jesus e a mulher no meio onde estava. Jesus endireitou-se, e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” Respondeu ela: “Ninguém, Senhor”. Disse Jesus: “Nem eu também te condeno. Vai, e não peques mais”.
A passagem põe em destaque dois fatos: que a lei mosaica ditada por Javé (deus-pai) predicava a pena de apedrejamento para as adúlteras. Em seguida, o fato de Jesus não condenar a suposta adúltera. Ele apenas a aconselha reconhecendo a fragilidade ínsita na natureza humana. Eu diria que ele foi pleno de ternura no episódio. Agora o principal. Se Jesus é o deus-filho, naquele exato momento, revogou a pena de lapidação vigente no código do seu pai. Duas pessoas da Trindade dispõem de modo diverso sobre mesmo assunto. A lapidação no Irã vem do Velho Testamento ditado por deus a Moisés. O Ocidente judaico-cristão está por trás da lei hoje vigente no Irã, a primeira pátria dos povos do Ocidente, etnicamente falando. O que devemos concluir? O judaísmo e o islamismo, pelo fato de estarem datados numa época muito antiga, são primitivos, patriarcais, machistas, misógenos e escravagistas. Diferentemente de Lula e sua diplomacia, devemos ser a favor dos iranianos e contra o regime do Irã, os aiatolás e Armadinejad. Vale a pena fazer coro com o mundo. Os direitos humanos são universais. Devemos promover a redemocratização do Irã, junto com o seu povo, contra o Estado teocrático e tirânico que lá vigora. Vejam Israel e Turquia, que são democracias, nem a Torá nem o Corão obrigam estes Estados a aplicar o apedrejamento de mulheres. As respectivas sociedades não tolerariam. Assim seja.
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