Bolsonaro está sujando o nome do nosso país no exterior. Nunca estivemos tão isolados e malvistos.
O Brasil está se saindo muito bem. Domingo, dia 7 de junho de 2020, assumimos o pódio não desejado por Bolsonaro, às ocultas, porque ao vivo, ao desdenhar da COVID-19, ousou dizer – com a convicção típica dos loucos e dos desavisados – que “nada pega no brasileiro, mergulha em esgoto e não acontece nada …”
O presidente, como se sabe, é sábio, prudente e valente. Pulava de paraquedas e até hoje monta cavalo da Polícia Militar, como fez no domingo retrasado para “se mostrar”.
Pois bem: no dia 7 de junho, voltando ao início do artigo, o Brasil assumiu o pódio do país que, nas últimas 24 horas, teve o maior número de mortes pela COVID-19, tornando-se, no mundo, o epicentro da pandemia. Pessoalmente, espero que chegaremos a 150 mil mortos daqui até o fim da COVID-19. Somos o único país do mundo com a curva de casos ainda em ascensão, graças a extrema capacidade de governança do presidente da República.
Segundo o o jornal Valor Econômico, de grande credibilidade no exterior, Bolsonaro não é confiável, a dar razão, supostamente ao General de Gaulle, sobre não ser o Brasil “um país sério”.
O mundo rompeu a marca das 400 mil mortes pela COVID-19 desde que o novo coronavírus foi descoberto, em dezembro do ano passado, na China. A pandemia já atingiu 7 milhões de pessoas em 196 países ou territórios. Delas, milhões se recuperaram.
Os países com mais mortes, nas 24 horas que integram o último registro foram, na ordem, Brasil (hoje o maior ponto de foco da doença no mundo), Estados Unidos e México.
O número de óbitos nos EUA chegou a 110.037. O país registrou 1.928.094 contágios consideradas as pessoas curadas. Os EUA têm um sistema de saúde ótimo, embora pago.
Entre os países mais afetados, a Bélgica é a que tem a maior taxa de mortalidade, com 83 mortes por 100 mil habitantes, seguida de Reino Unido (60), Espanha (58), Itália (56) e Suécia (46).
A China continental (sem contar Hong Kong e Macau), onde a epidemia emergiu, tem 83.036 pessoas contagiadas, das quais 4.634 morreram. Os outros se curaram. Nas últimas 24 horas, foram seis casos e nenhum óbito. O país é eficiente!
A Europa soma 183.536 óbitos (2.275.091 contágios); Estados Unidos e Canadá, 117.885 mortes (2.023.763); América Latina e Caribe, 64.219 (1.298.891); Ásia, 19.244 (680.044); Oriente Médio, 10.492 (478.222); África, 5.074 (185.247); e Oceania, 131 (8.640), em 9 de junho.
A atitude do governo brasileiro de alterar a política de divulgação dos dados sobre a COVID-19 amplia a desconfiança internacional em relação ao presidente Jair Bolsonaro, em meio ao crescimento do número de mortos no país. Ele quer que os dados saiam às 22h.
Oficialmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que “não tem comentários sobre a questão”. Tedros Adhanom Ghebreyesus observou, na entrevista coletiva tradicional sobre a pandemia, que qualquer estratégia contra a COVID-19 tem que ser baseada em estudos científicos e que, para isso, é preciso ter dados precisos.
A OMS trabalha com os dados fornecidos pelos países e necessita ter certeza de que eles são fornecidos corretamente, diz uma fonte. O regulamento sanitário internacional da OMS requer que um país membro forneça informações no prazo de 24 horas, como no caso da COVID-19. No caso do Brasil, as informações são enviadas via OPAS, braço da OMS nas Américas.
A argumentação do governo brasileiro sobre uma eventual manipulação do número de mortos por governadores é considerada “ridícula”, porque o sistema de notificação de óbitos do Brasil é considerado muito bom.
A postura de Bolsonaro atropela o que os EUA – e por tabela, o Brasil – têm cobrado da OMS no caso da China: transparência. Na verdade, a China revisou dados sobre o número de mortes. O resultado foi um aumento de 50% no total de vítimas em Wuhan, a cidade chinesa epicentro da pandemia global, em um determinado período. Segundo Pequim, a revisão foi por causa da capacidade insuficiente de admissão e tratamento no pico do problema. Perfeita a conduta.
Na imprensa internacional, as manchetes sobre o tema variam da BBC de Londres, que realça que o Brasil remove os dados do COVID-19 quando o número de mortos é crescente. Até a televisão suíça informa que o Brasil tornou os dados “invisíveis”. E a France24h, televisão internacional francesa: “O Brasil está escondendo os dados”.
Bolsonaro está sujando o nome do nosso país no exterior. Nunca estivemos tão isolados e malvistos, por causa dos arroubos e atitudes do presidente, imagem institucional e política do Brasil. Nunca vi tamanho desgoverno. É o Trump da América Latina.
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