Sua Excelência, ao ser informado sobre o número de nossos mortos, respondeu que nem queria saber, porque não era coveiro
Ao invés de relaxar, os governantes, nos níveis federal, estadual e municipal, no espaço a eles reservado pelas regras jurídicas de competência, devem incrementar o distanciamento social para evitar contágios e, assim, evitar o prolongamento da pandemia do novo coronavírus ou seu rebate nos lugares que, supostamente, atingiu o pico e estaria em rota descendente.
Na província chinesa de Hubei, a capital Wuhan deu alta a todos os pacientes da COVID-19, e em Pequim, capital do país, os alunos voltaram às aulas em seus uniformes azuis, dos quais o poetinha Vinicius de Moraes tanto gostava. Mas temos que convir que a China, com um 1,350 bilhão de habitantes, é um país superorganizado, com governos que podem identificar infectados em questão de horas, com a maior rede conhecida no mundo de reconhecimento facial, o que, de resto, explica os menores índices de crimes contra a vida e a propriedade, depois de Cingapura, uma pequena ilha, de resto habitada pelo menos por 60% de chineses.
Deve-se registrar, ainda, que lá a mortandade não chegou as 5 mil mortes, a demonstrar a excelente rede de saúde do país, praticamente vendedor universal de máscaras, kits antivirais e respiradores artificiais a baixo custo. Existem já 86 estudos chineses feitos por médicos e gestores, enviados ao restante do mundo, inclusive à África, a custo zero, exceto para os países produtores de petróleo, obrigados a pagar.
Contudo, outros países fortemente afetados, como a Espanha, Itália, França e Reino Unido, não devem relaxar. A uma, porque estão ainda bastante vulneráveis em suas redes hospitalares, exceto a Alemanha, como sempre, e a duas, porque o risco de rebrotes virulentos pode ocorrer na comunidade europeia, densamente povoada (513 milhões).
Alguém já disse que o século 21 seria asiático, ou melhor, para ser mais preciso, seria chinês. Concordo e já vinha prevendo há mais de 20 anos a supremacia asiática, região que congrega desde o Oriente próximo (Turquia, Síria, Israel, Arábia Saudita, Líbano e Emirados) e médio (Irã, Paquistão, Afeganistão, Turquistão etc.) até o Oriente extremo (China, Mongólia, Índia, Indonésia, Malásia, Japão, Oceania e os implantes ocidentais na Austrália e Nova Zelândia).
Nesta crise mundial, o Oriente se houve muito melhor que o Ocidente europeu e os EUA, o lugar mais devastado, apesar da sua riqueza, por uma questão de organização e gestão, a mostrar de vez a deslocação do eixo do mundo para a Ásia.
Na América Latina, tecnicamente Terceiro Mundo, com suas deficiências gerais, mormente culturais, essa percepção é pouco divisada. Distante dos castelos sitos no hemisfério norte, onde está de fato a civilização euroasiática, aqui a informação chega distorcida e direcionada. Politicamente, somos mesmo, não é nenhuma alegoria, o quintal dos americanos, aliás malcuidado, pela nossa desimportância em qualquer campo, exceto no futebol, e olhe lá! Não vemos nem temos conhecimento das artes e obras europeias e asiáticas. O domínio cultural de má qualidade da América do Norte é como a dos romanos sobre a Capadócia.
Ainda assim, por um fenômeno raro, os EUA estão sendo presididos por um idiota arrogante. O resultado é que o epicentro da crise do coronavírus está sendo na América do Norte, que teve tempo suficiente para se precatar da epidemia, bem como seus governadores, inclusive o de Nova York. No Brasil, o nosso presidente, do alto do seu grande saber científico, tão grande quanto sua empáfia, diagnosticou o coronavírus como uma “gripezinha”. Mas aqui os governadores eleitos foram efetivos e, com seus prefeitos, decretaram o isolamento social, minimizando ao máximo o vírus que prefere os pulmões de suas vítimas, a ponto de merecer elogios da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entretanto, há um chorrilho de imbecis que fizeram a maioria da população crer que os chineses são culpados porque comem “ratos e morcegos”, como se o pangolim (uma delícia) fosse rato e os famosos “patos de Pequim”, uma iguaria que provei e gostei, fossem morcegos. A quem esses ignorantes inocentes úteis servem? A Bolsonaro e seus filhos, cultos, letrados e educados. Sua Excelência, ao ser informado sobre o número de nossos mortos, respondeu que nem queria saber, porque não era coveiro. Enganou-se mais uma vez sua alteza, apelidado de “quem manda sou eu”. V. Senhoria é sim o coveiro do Brasil. Será o pior governo desde a morte de Tancredo Neves. A dívida pública já está maior que o PIB e o desemprego baterá em 20% da população, sem crescimento econômico. Quem viver verá.
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