Suas opiniões são autoritárias e preconceituosas, mas a imprensa em nosso país, acrítica como é, insiste em acolher suas mal traçadas linhas e erudição filosófica
Seu apelido deveria ser Olavão, o metido, mas todos o tratam como o filósofo Olavo de Carvalho. Das sandices que profere, melhor seria chamá-lo de fautor-mor da extrema-direita com hidrofobia.
Deu de criticar, xingar, infantilizar a briosa bancada federal do PSL que visitou a China, a convite de sua embaixada no Brasil, como se o direito de ir e vir de todo e qualquer cidadão dependesse do lugar escolhido e aprovado por Olavão, residente nos EUA faz tempo.
Suas opiniões são autoritárias e preconceituosas, mas a imprensa em nosso país, acrítica como é, insiste em acolher suas mal traçadas linhas e erudição filosófica. É só bazófia, extremismo e orgulho balofo. Em linguagem popular, é um chato. Para começar, a China é sólida e imensa, lá estive duas vezes, e certamente já é a maior potência econômica do mundo, sem falar de suas obras e cultura milenares. Mas Olavão, o censor, indignou-se paranoicamente: “O que vocês sabem, do sistema chinês?” ; “Vocês estão fazendo uma loucura, entregando o Brasil à China!” (além de louco é paranoide!).
O Estado de Minas confirma o ora afirmado (EM 18/1/19): “As críticas mais contundentes partiram do filósofo Olavo de Carvalho”. “Tem uma turma que fica dizendo aí que eu sou o guru do governo Bolsonaro. Se eu fosse, a primeira coisa que não estaria acontecendo é esta viagem de meia dúzia de senadores e deputados do PSL à China para negociar a instalação do sistema de reconhecimento facial nos aeroportos”, disse Carvalho em vídeo publicado em seu perfil no YouTube. “O que vocês sabem do sistema chinês? Vocês estão fazendo uma loucura, entregando o Brasil à China”. Não parou por aí: “O problema do Brasil é a ignorância, o analfabetismo funcional, a presunção dos semianalfabetos”, esbravejou o pensador em vídeo, com dedo em riste, e fez questão de ler os nomes dos parlamentares eleitos um a um.”… “Isso é um bando de caipiras, inclusive, você, Carla Zambelli. Nunca vou te perdoar isso aí. Eu já te ajudei muito. Se você não sair desse negócio, eu não falo mais com você”, criticou. E completou: “Instalar esse sistema nos aeroportos é entregar ao governo chinês as informações sobre todo mundo que mora no Brasil”. O filósofo fez “beicinho”! A Carla Zambelli levou mais palmatórias do “professor” Olavo.
Quem souber me avise de qual universidade americana ou brasileira ele é. Ao que parece, oferecia “aulas particulares de filosofia” nos EUA em língua portuguesa. Mas a informação ainda não foi checada. Tudo indica que o título de professor é invencionice dele mesmo, como estudioso da matéria, tanto como muitos outros. Quem me disser mais ganha 10 balinhas de batata-doce. Um “professor” “sem escola”, só de aulas particulares…
Carla Zambelli (PSL-SP) rebateu os comentários. “Não viemos em nome do Executivo. Parlamentares não têm prerrogativa de fechar contrato algum, viemos conhecer e ver o que há de bom, além de fomentar as exportações do Brasil”, disse a deputada eleita, citada algumas vezes no vídeo de Carvalho. Ainda na China, Zambelli afirmou que os parlamentares que fazem parte da comitiva ainda não foram empossados e, dessa forma, não falam em nome do Brasil. “Ninguém na comitiva tem poder para tal”, disse.
Ela afirma, também, que eles ainda não foram conhecer qualquer empresa de reconhecimento facial e que isso está programado para daqui alguns dias. “E não é só uma empresa”, disse. Zambelli, que tem origem no movimento Vem pra Rua e se elegeu deputada por São Paulo no ano passado, respondeu em um vídeo publicado nas redes sociais: “Eu sou muito mais brasileira que muita gente aí. Aliás, eu moro no Brasil”, disse a deputada (Olavo mora nos EUA desde 2005).
Eleito com 51.626 votos, Charlles Evangelista rebateu as críticas nas redes sociais: “Não viemos em nome do Executivo, muito menos fechar contratos. Cerca de 130 milhões de chineses por ano saem para o turismo mundial, porém, só 51 mil entram no Brasil. O turismo é um dos maiores geradores de emprego. Ainda não estamos empossados e não falamos em nome do Brasil, ninguém na comitiva tem poder para tal. Toda a viagem foi custeada pelos parlamentares e pela embaixada da China, sem ônus para os cofres públicos”.
Pois bem, achei o Olavão um troglodita, além de grosseiro. A equipe de Bolsonaro (PSL) no Legislativo, pelo voto eleita, se me pareceu lúcida e realista. Sua bancada é a segunda, depois da do PT, que tem três deputados à frente do PSL. Contudo, os aderentes já se aproximam. O presidente precisa ter maioria na Câmara dos Deputados e no Senado, somar correligionários em nome dos interesses legítimos do Brasil, mas nunca em troca de barganhas, mas de projetos, daí a importância tanto do PSL como de “maioria” no Congresso Nacional.
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