Pela primeira vez na história do país, as classes médias — as que, ao cabo, decidem — tomaram as rédeas da política
O populismo idealista e a demagogia apossaram do Brasil. Os idealistas jamais suporiam que Lula se apropriaria “por engano” de valiosas peças dos palácios que ocupou. Foi o único a fazê-lo na história republicana. Mas a nota do Instituto Lula dando conta do engano não foi espontânea. Durante a vistoria dos contêineres que guardam seus “presentes” (milhões de dólares) verificou-se que muitas coisas não lhe foram presenteadas, mas estavam presentes no patrimônio do ex-presidente, de resto em nome de terceiros, como o triplex no Guarujá e o sítio em Atibaia. Dizem existir fazendas, ações e aplicações no exterior que virão à tona no seu tempo devido.
As manifestações de 13 de março de 2016, as maiores da história do Brasil, focaram em três anseios compartilhados por 70% da nação: uma investigação completa nos bens do ex-presidente para levá-lo à prisão, se for o caso (e parece que é); o impedimento da presidente mais inepta que o nosso país jamais teve; e, por último, a recuperação da ética na política e nos negócios, além da reanimação da economia da nação, metida em severa recessão, a pior do mundo, descontada a Venezuela. Foi causada pela presidente Dilma e pelo próprio Lula, com a tal “nova matriz econômica” baseada no aumento da dívida pública (70% do PIB, caminhando para 80%) para financiar gastos e concessões de créditos às famílias, hoje endividadas e inadimplentes por causa da inflação e do desemprego.
Doravante, o tempo nos mostrará um governo isolado, sem ter o que oferecer à nação, seja na política, seja na economia, por absoluta falta de apoio dos eleitores, dos partidos e do empresariado, cercado por “colaborações premiadas”, sem recursos, sem chance alguma de organizar um governo de salvação nacional. À Dilma só restarão duas opções viáveis e rápidas: renunciar ou sofrer o impeachment, cujos fundamentos são aqueles já postos perante a Câmara dos Deputados e outros novos, como veremos.
As manifestações deram apoio integral ao juiz Sérgio Moro. As críticas à condução “sob vara” do ex-presidente, que impetrara habeas corpus e já dissera que não iria, caíram por terra. O povo gostou. Quem achou que a medida fôra excessiva errou. O povo apoiou o juiz, referendou seu ato e encorajou-o a continuar o desbarate da corrupção vigente no país. Por derradeiro, se mais de 88 réus foram conduzidos sob coerção, qual a razão de não fazê-lo relativamente a Lula? Toda intimação judicial é imperativa. Quando há suspeita de desobediência, o juiz autoriza os condutores a levar, à força, o investigado. No caso, o juiz foi gentil, impediu as algemas.
Mas, não pensem os do PMDB e do PSDB, os do PTB, “et caterva”, que as passeatas não os atingiram. Toda a classe política está sob a suspeição das ruas. Todo o sistema político e os políticos continuarão a ser vigiados. Pela primeira vez na história do país, as classes médias – as que, ao cabo, decidem – tomaram as rédeas da política.
Nem pensem os parlamentares que por emenda à Constituição é possível instituir um semipresidencialismo à moda de Portugal ou França. Só um plebiscito ou uma Constituinte exclusiva poderá fazê-lo. As alternativas estão postas: impeachment, cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral ou renúncia (ou, no limite, intervenção militar). O Brasil não aguenta mais dois anos e nove meses sob o governo desmoralizado de Dilma. Até lá, o país terá sido destruído. Cabe ao Congresso dar solução rápida ao impasse. As ruas falaram. E uma figura exponencial da República, Delcídio do Amaral. A delação deve ser vista como prova testemunhal superqualificada quanto aos seus correligionários no tangente a fatos, sibilados aqui e acolá e agora reafirmados. A referência a enredos do passado criam atoarda mas são inservíveis. Há fatos sob o crivo do Judiciário que já transitaram em julgado, como alguns da época de FHC (Furnas, etc.).
Graves são as denúncias de interferência contínua para obstruir o mensalão e a Lava-Jato envolvendo Lula e Dilma, agora corroboradas pela delinquência gravada de Aloísio Mercadante. As redes sociais noticiaram o encontro em Lisboa com o ministro Lewandowski, a nomeação do ministro Navarro, que realmente votou pela soltura dos empreiteiros cinco vezes, mas não foi referendado pelos seus pares, as incumbências dadas a Delcídio pelo “amigo Lula”, a plena consciência de Dilma no caso da refinaria de Pasadena, as declarações do ex-ministro da Justiça sobre “novos rumos” na Operação Lava-Jato, além de seus encontros com advogados, segundo ele sempre casuais.
A presidente deu atestado falso de posse ao seu primeiro-ministro. Prevaricou contra a probidade administrativa, crime de responsabilidade, conforme artigo 85, V, da Constituição, além de obstar o livre exercício do Judiciário (II do mesmo artigo). São novos motivos para o impeachment, a bem da ética e da economia. A indignidade desse governo é inimaginável até para correr da polícia.
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