A presidente sabia e sabe de tudo que se passou e continua a passar, caso contrário seria idiota ou inepta. Faz-se de honesta, mas não é.
O Brasil atravessa a pior crise congressual, institucional, partidária, política, econômica e social desde a Constituição de 1988. Dilma é a figura central do impasse, mas não está só. Credite-se a Lula a invenção da “nova matriz econômica” – abertura do crédito para compra de bens duráveis, semelhante à bolha do “subprime made in USA”, endividando 55% das famílias, deliberada intenção de aparelhar o Estado, além de aumentos salariais e do mínimo acima da produtividade do trabalho.
O resultado está aí: inflação, inadimplência, queda do consumo, base aliada imensa à custa de corrupção generalizada envolvendo estatais e obras públicas como nos mostra a Operação Lava-Jato.
A presidente sabia e sabe de tudo que se passou e continua a passar, caso contrário seria idiota ou inepta. Faz-se de honesta, mas não é. Tenho a impressão de que não mete a mão em dinheiro público. Não se trata disso. O conceito de honestidade vai além. Por quatro anos foi presidente do conselho de administração da Petrobras e fechou os olhos por conveniência, tornando-se conivente com a roubalheira. Se de nada soube, sua incompetência é maior do que lhe atribuem. A contraprova, entretanto, está na mudança da cúpula da Petrobras quando se tornou presidente.
Como presidente, é diretamente responsável pelo caos econômico. Segurou por quatro anos o preço da energia, combustíveis e tarifas, para mascarar a inflação. Depois enganou os seus eleitores. Fez o contrário do que prometeu e, o que é pior, realizou o “realismo tarifário” e o “ajuste fiscal” que atribuía, com ares de terrorista, ao seu opositor. Fê-lo, porém, com má vontade e por metade.
Contudo, o ponto principal que a torna a figura central da crise não são apenas as suas mentiras, como também a sua incompetência administrativa, total inapetência política, sua fala desconexa, a falta de cultura geral, sua inexperiência para governar um país que ainda é a 7ª economia do mundo, o incrível despreparo econômico, a falta de “finesse” pessoal, seu desajeitamento na política internacional, a arrogância, a falta de educação e seu feminismo primário (presidenta, mulher sapiens). Mas falta de confiança é o que todos os segmentos da nação e do exterior devotam à sua presidencial pessoa.
Confiança – importante em qualquer setor – é vital para o governante. Não por acaso, no parlamentarismo, o voto de desconfiança no primeiro-ministro derruba o governo. No presidencialismo, temos o impeachment (motivado), a renúncia (ato unilateral) ou a anarquia, pela deterioração do governo, da economia e do tecido social (crise arrastada).
Enquanto Dilma governar, o país não sairá do marasmo e do caos. Vem a presidente de anular a meta de superávit primário, tornando inócuo o ajuste fiscal até então insuficiente, em troca do contingenciamento de míseros R$ 8,2 bilhões, uma ninharia. Há semanas liberou R$ 5 bilhões de emendas parlamentares. A reação foi imediata: o dólar e o euro subiram fortemente, as agências de risco internacionais retirarão – já deram sinais – o “investment grade” do Brasil, o empresariado nacional e internacional fechará os cofres, quando não lojas e fábricas, o nervosismo político aumentou e a bolsa caiu a menos de 50 mil pontos.
No plano internacional, o Financial Times chamou o Brasil de “um circo sem fim de horrores”, mas exaltou a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário. Vaticinou um futuro sombrio para o país, recessão violenta nos anos de 2015 e 2016, atribuindo ao governo a perda da “magia” que o Brasil projetava nos investidores internacionais. Com toda razão. O que nos ronda é o aumento da dívida pública para 70% ou 75% do PIB até 2017 (pré-insolvência), servida a juros de 15% ao ano.
Enquanto isso, o governo aumenta tributos. Não diminui o número de ministérios e secretarias (40), não paralisa obras de prédios públicos caríssimos, não reduz um cargo comissionado sequer (25 mil), não corta no gasto corrente, não revoga os 30% de participação (impossível) da Petrobras nos poços de petróleo, não privatiza coisa alguma; enfim, obriga a nação a se danar, mas preserva a máquina gigantesca e inoperante do Estado.
À medida que avança a Operação Lava-Jato, o lodaçal da corrupção na Petrobras aproxima-se do mundo político oficial à volta do Planalto, afunda na podridão (Executivo e base aliada no Congresso Nacional). E o país acerca-se perigosamente da ingovernabilidade.
É preciso processar e prender sempre todos os envolvidos em corrupção no Executivo, no Legislativo e no meio empresarial. O governo manobra para delongar o julgamento das contas públicas no Tribunal de Contas da União (TCU) e das contas eleitorais no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esses podem ensejar o impeachment no caso do TCU ou a cassação de mandato no TSE.
Mas não são esses processos as oportunidades para pôr um fim em nosso martírio? A melhor solução é a do TSE, pois a chapa do PSDB assumiria o comando da nação, mudança da água para o vinho.
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