Petistas ainda não entenderam que controlam só 13% do Congresso e o partido não manda em mais nada. Perdeu credibilidade.
O senador Lindberg Farias, do PT do Rio de Janeiro, se diz porta-voz de um movimento interno do seu partido, contrário ao ajuste fiscal, limitado a economizar 1,2% do PIB para o pagamento da dívida pública referente a juros e que já alcança proporção perigosa para a sanidade da dívida como um todo. Segundo ele, o ajuste está provocando recessão. Errado, o ajuste nem sequer está completo e votado, e nem começou a ser praticado.
O paradeiro econômico, a inflação alta, o endividamento sistêmico de 50% das famílias brasileiras, a murchar o consumo, são provenientes do desastroso governo Dilma, 1º mandato, engatado com o desastrado ano de 2010 de Lula (o governo aumentou em 300% o gasto público e o crédito em 150%) para alcançar um crescimento brutal baseado em consumo – em vez de investimento. Depois disso, o país começou a declinar e continua declinando. Certamente, teremos recessão econômica e desemprego, com ou sem o ajuste fiscal (pior sem o ajuste). Lula não fez nenhuma reforma estrutural. A infraestrutura deteriorou-se em troca da Copa da vergonha e dos superfaturamentos.
Por isso é de se concluir que foi o desgaste econômico que gerou o ajuste fiscal, e não o ajuste fiscal que provocou o desgaste econômico. Pasma um senador da República dizer sandices, sem fundamento argumentativo sério e responsável. Não o absolve a pouca idade. Esse tipo de inconsistência econômica é comum nele, no Lula, no Mantega “et caterva”, e decorre da mentalidade socialista, inimiga do capitalismo, especialmente do setor financeiro, além do furor atávico contra os “banqueiros”, “servos de Satã” e do dinheiro que o PT aprecia tanto, daí o ataque à política de aumento dos juros primários do Banco Central (BC) para conter a inflação.
O senador acha que o ajuste trará mais recessão e arruinará o projeto econômico do PT. Resta-nos explicar a razão pela qual a “nova matriz econômica” (os dois últimos anos de Lula e os quatro do primeiro de Dilma) deu com os “burros n’água”. A continuar naquela toada o destino seria afogar a tropa, os tropeiros do PT e, infelizmente, o povo do Brasil.
Como será o modelo de crescimento preconizado pelo flamante senador? Certamente não é o capitalista, privatização e concessão de portos, aeroportos, estradas e todo tipo de atividade econômica. Além de amaldiçoar o ministro Levy (da Fazenda) e o ajuste fiscal, caberia ao senador “desenvolvimentista” apresentar ao povo uma solução plausível. Está desafiado a fazê-lo. Como cidadão e articulista, sou obrigado a lhe fazer este repto, pois a sua visão para sair da crise nos interessa e ao país.
O senador – ele informou que não está sozinho – conta com as brilhantes mentes dos “economistas” de esquerda e não só do Brasil. Conta também com os venezuelanos e argentinos, estes últimos a lidar com uma inflação de 80% anualizada e nenhum crescimento econômico. Dos venezuelanos nem carece cogitar, o país escorrega por uma vala de esgoto, onde corre ainda um petróleo fácil de tirar, mas inadministrável pela má gestão e endêmica corrupção.
Espera-se que até 2020 todos esses socialismos do século 21, nele incluído o do PT e o do senador Lindberg, sejam páginas viradas na história do continente sul-americano. Não obstante, o senador, como já disse, está obrigado a nos informar o projeto petista de crescimento econômico para o Brasil. Ao cabo, Lula é declaradamente candidato.
Não vale dizer que é igual ao que foi exercitado de 2009 a 2015, totalmente fracassado, o tal projeto que o ministro Mantega dizia ser “a nova matriz econômica”. Deve ser um plano com começo, meio, fim, explicações e fundamentos. O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, em São Paulo, bem poderia assessorar o jovem senador, tão espantado com a derrocada do seu partido em todos os campos, inclusive o moral.
Para terminar, os países relevantes do mundo, atualmente, seguem o mesmo receituário com algumas divergências. Não existe mais socialismo nem estatismo. Onde existiu falhou: Equador, Venezuela, Argentina, Brasil. O PT precisa adaptar-se à modernidade, refundar-se, tornar-se um partido trabalhista democrático, livrar-se de miasmas antigos, de ambições pessoais e de posturas sectárias, extremistas, populistas, inidôneas, ingênuas, acadêmicas, transvestidas de “bondade social” (engodo populista). Em vez disso, os petistas verberam contra o neoliberalismo de um mundo cada vez mais liberal. Os próceres jurássicos do PT querem romper a aliança com o PMDB. Ainda não entenderam que o PT controla 13% do Congresso e não manda em mais nada. Perdeu credibilidade. Dilma conta com 8% de aprovação.
O PMDB já rompeu com o PT e lançará candidatos próprios em 2016 e 2018. O PT nem precisa se dar ao luxo de desfazer o que está desfeito. Abra os olhos, caro senador.
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