O PT de São Paulo vai pedir na Justiça Eleitoral o mandato da senadora Marta Suplicy, que se desfiliou do partido no fim de abril
A crônica recorda o título do livro sobre Roosevelt e o New Deal, em 1932, mas serve ao Brasil atual. A presidente Dilma Rousseff foi ao Rio de Janeiro entregar 1.484 casas, depois de se negar na semana anterior a participar de ato em honra aos militares que lutaram na Segunda Guerra Mundial. Desta vez chegou “blindada” por Pezão e Paes, e o verbo se fez presente na Cidade Maravilhosa. O prefeito Eduardo Paes chamou Miriam Belchior, com descontração, de “banqueira do governo federal”, e sapecou: “Joaquim Levy corta e a Miriam Belchior arruma um jeito de dar”. Dita por Paes, a frase ironicamente ficou brincando no ar.
A fala de Dilma foi pontuada por gafes. Ricardo Leyser, que ocupa interinamente o cargo do ministro-pastor George Hilton, foi chamado – sem que o seja – de “ministro interino dos Transportes”. Além disso, errou Dilma o nome do interino, em vez de “Leyser” foi chamado de “Gleyser”. Trocou também o nome do condomínio que inaugurava de “Vivenda das Gaivotas” para “Recanto das Gaivotas”. Depois de Kassab discursar e pedir para que levantassem as mãos os agraciados que pagavam aluguéis de até R$ 400, colhendo um rol de braços erguidos, Dilma entusiasmou-se e exagerou na fala; referiu-se “às numerosas famílias que estavam deixando de pagar R$ 400 mil de aluguel”. Houve um intenso murmúrio na plateia. Será que a presidente confundiu singelos aluguéis com as elevadas cifras do escândalo da Petrobras? Menos, talvez estivesse mesmo fatigada e confusa. Os tempos são muito estranhos. O pior se deu após a entrega das casas. Levada às obras do metrô, tirou retratos com os operários. Não recebeu aplausos quando chegou nem quando saiu. A presidente prometeu entregar 28 milhões de casas até 2018. São mesmo tempos muito estranhos.
Enquanto isso, em Brasília, o governo decidiu enfrentar de peito aberto o aumento dos salários dos servidores do Judiciário. A assessoria de comunicação do Supremo informa que o presidente, Ricardo Lewandowski, compreende as dificuldades do momento econômico do país. Entretanto, continua em negociação para, pelo menos, recompor as perdas salariais dos servidores do Judiciário. Nem precisou, o Congresso resolveu o assunto a favor dos servidores.
O PT de São Paulo vai pedir na Justiça Eleitoral o mandato da senadora Marta Suplicy, que se desfiliou do partido no fim de abril. Para justificar o pedido, o presidente do diretório estadual do PT afirmou que Marta se desfiliou “movida unicamente por interesses eleitorais e desmedido personalismo”. Mas personalismo ou culto à personalidade, quem o pratica é outro do PT. E quem diz isso é o deputado Pedro Corrêa (PP), ao ser ouvido na CPI da Petrobras. Condenado no mensalão, preso, réu no petrolão, não tem nada a perder. Merece crédito. Corrêa disse que sua versão é diferente da do delator da Operação Lava-Jato, Alberto Youssef, que afirmou na segunda-feira que Costa foi escolhido pelo PP e que Lula teria ficado “contrariado” com a indicação. “É mais uma contradição do Youssef. Se Lula chamava Costa de Paulinho, por que teria ficado contrariado? Contradição extrema. O presidente Lula, depois de achar que o Paulo devia ser diretor de abastecimento, decidiu que ficaria na cota de autoridades que teriam a chancela do PP.”
O ministro do Supremo Luiz Fux deu cinco dias para o Senado e a Câmara prestarem informações sobre a previsão de uma nova sabatina de ministros de tribunais superiores que quiserem se aposentar aos 75 anos, e não pela regra anterior dos 70 anos. “Não me submeteria ao risco de uma humilhação no campo político. Seria concordar com algo que é de uma enorme extravagância. Vivenciamos tempos muito estranhos no Brasil”, disse o ministro Marco Aurélio Mello ao tomar conhecimento da interpretação feita pelo presidente do Senado. Surgiu na sua mente que a lei só vale para os ministros que entrarem depois dela, uma besteira sem par. Surgiu e sumiu. O STF julgou inconstitucional o intento. A lei está valendo aqui e agora.
Finalmente, prestemos atenção na doleira Nelma Kodama, uma expert de repente surpreendida. De fato, onde estavam o Coaf e o Banco Central (BC) que convocam centenas a dar explicações sobre saques superiores a R$ 10 mil? Kodama, condenada a 18 anos de prisão em primeira instância em ação penal da Lava-Jato, afirmou que está pleiteando um acordo de delação premiada com as autoridades. “É um sistema falho, corrupto. Essas movimentações gigantescas eu acho que é impossível fazer por uma pessoa. Na minha opinião ela tem que ter a retaguarda de alguma instituição”, ressaltando que essa é uma opinião pessoal: “O BC tem um órgão lá dentro que fiscaliza isso. Não estou me referindo a nome nenhum, mas sim aos órgãos responsáveis que ganham para isso, para fechar as brechas e não facilitar crimes financeiros”. O ministro Marco Aurélio está certo. Estranheza é o que não falta.
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