A política é, às vezes, nauseante, mas necessária. Precede a governança, sua expressão maior em qualquer lugar do planeta. O nosso futuro dela depende. Tem-se dito que entre 30% e 40% dos brasileiros estão fartos da “velha política”, dos líderes em voga, dos partidos vigentes. Minha leitura é outra. Estão fartos é do PT, suas cantilenas, inépcia, corrupção e da sua base de apoio. 80% do Congresso é da chamada “base aliada”. São 33 partidos, dividindo 39 ministérios, usufruindo as benesses de ser “governo” e cortejando “as massas”, com benefícios e bolsas (coronelismo de Estado).
Alguns analistas afoitos dizem que a democracia representativa está em crise, não nos representa mais. Gostaria de saber o que esses sabichões colocam no lugar das instituições clássicas da democracia representativa, como a conhecemos no mundo ocidental e alhures. Querem voltar ao fascismo? Nele, os órgãos de classe, associações e sindicatos e agora “os movimentos sociais” substituem os partidos, e os “conselhos” substituem o Parlamento. No topo fica o “Duce” ou o “Führer”, o “chefe supremo”. É isso o almejado, como faz supor recente decreto de Dilma sobre a coordenação dos movimentos sociais?
A ser assim, estamos regredindo em vez de progredir no aperfeiçoamento da democracia e na eficiência do governo (planejamento e gestão). Governar não é esse desastre hoje existente no Brasil. Dilma é o pior governo e o de menor crescimento econômico que jamais tivemos desde Floriano Peixoto, nos albores da República. São naturais, por isso mesmo, o descrédito e a apatia dos cidadãos/eleitores mais conscientes.
Ver-se-á que Aécio Neves mostrará ao país, com propostas claras e objetivas, o que deve ser feito. O problema não é a democracia representativa, mas a sua degeneração generalizada após 12 anos de petismo, seguida da estagflação que ora vivemos (retração econômica, inflação alta e inação governamental).
O PT arrisca-se nas eleições a perder nos quatro grandes colégios eleitorais. Em São Paulo com Padilha; no Rio com Lindbergh; em Minas com Pimentel, e na Bahia com Rui Costa. No plano federal a agonia será maior. No confronto direto entre Aécio e Dilma, o povo brasileiro escolherá o seu futuro. A nossa democracia está melhor que na primeira república, com eleições censitárias e falsificadas, melhor que na ditadura de Vargas e muito melhor que no período militar. Estamos no portal de um tempo de renovação.
O povo brasileiro precisa absorver dois fatos significativos: que o futebol é apenas um jogo e não uma pugna patriótica, e que a rotatividade dos partidos políticos no poder é consequência natural da democracia. Na segunda e terceira repúblicas, apenas dois simpáticos e democráticos presidentes entregaram a faixa presidencial a seus sucessores da oposição: Juscelino e FHC (os outros se negaram, suicidaram ou foram depostos).
Nesse contexto, compreendo o ódio e o inconformismo de Lula. A máscara, afinal, caiu. Lula sempre foi pregador do ódio de classes de modo virulento. Virou o “Lulinha paz e amor”, por insistência do seu marqueteiro, para conquistar o poder. Fez acordos com os “Malufs”, os “Collors”, os “Renans”, os “Sarneys”, com todos os coronéis que pôde, e com vários grupos econômicos, via BNDES, para se manter no poder e o usufruir. Fez alguns mensalões e arreglos corruptos para eternizar o poder do PT. Agride as instituições diariamente e não se constrange em mentir, como fez em Portugal ao dizer que José Dirceu e Genoíno não eram de sua confiança. Um homem que mente assim desonra o cargo que exerceu.
A tática agora é dizer que há ódio contra o PT, voltando a ser um comunista disfarçado de democrata como Chávez, inimigo jurado da democracia da qual se serviu, mas sem devoção. Lula só não é marxista por faltar-lhe alcance cultural. No íntimo é um leninista, odiento, raivoso, para quem “os fins justificam os meios”, incluindo a utilização da mentira. O que o move é o medo e não a esperança. Passou a alardear a “luta de classes”, onde ela nem sequer existe, para dizer que “os ricos” odeiam o PT e que “os pobres” devem se cuidar. Em verdade, a “luta de classes” caiu de moda no mundo inteiro, menos em certos países da América Latina, onde semiditadores usam a ignorância e políticas populistas para conquistar o poder. Lula é um deles, na desonrosa companhia de Maduro, Evo Morales e Cristina Kirchner.
O PT trabalha por uma eleição plebiscitária entre “eles” e “nós”, pura ilusão. O operador de colheitadeira no agronegócio, o peão da construção civil, a diarista doméstica, o operário que gasta três horas para ir e voltar do trabalho, a mãe pobre que assiste ao filho morrer nas filas dos hospitais e a falta de segurança no dia a dia não enxergam o “eles” e o “nós”, sabem quem paga os salários e querem ouvir propostas factíveis sobre um futuro melhor. Que venham as eleições.
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