Os indecisos, nulos e brancos têm oscilado de 27% a 30% entre os pesquisados. Somados aos que desaprovam o governo, vão decidir a eleição.
Procura-se disseminar na mídia o “já ganhou”. Uma candidata sem empatia política é favorita e, dizem alguns, imbatível a oito meses das eleições. A mídia não é investigativa nem analítica. Cria-se o fato, ela noticia. Não viram o caso do Eike? Virou milionário genial da noite para o dia. Agora se deu mal. Se desde o início a crônica econômica procedesse a um exame crítico adequado, prejuízos teriam sido evitados aos acionistas particulares e ao governo (R$ 5 bilhões à conta do BNDES e fundos de pensão das empresas estatais), prejudicando os contribuintes e pensionistas.
O mesmo se deve fazer com os governos, a bem dos cidadãos, todos interessados no sucesso do Estado e da sociedade em que vivem. Ao cabo, precisam viver o presente e aspiram a um futuro melhor para os seus familiares e pósteros, daí a importância da política e dos mecanismos democráticos da República.
É vezo confundir o grau de aprovação de Dilma com o seu favoritismo. Os analistas precisam integrar todos os indicativos das pesquisas, supondo-as bem-intencionadas, o que nem sempre é verdade. Vamos aos fatos: a) 60% dos entrevistados querem “mudança”; b) o número de indecisos (não sabem), nulos e brancos tem oscilado de 27% a 30% dos pesquisados. Estará aí a classe média A, B e C, parte delas, que foram às ruas em meados do ano passado? (Protestaram contra a má qualidade dos serviços públicos, em que pese a absurda tributação, e condenaram o desgoverno e a corrupção.) Eles então serão os descrentes da política, os que não se sentem representados nem mesmo pela oposição? No meu entendimento são e estão à espera de quem galvanize suas aspirações legítimas. Essa é a parcela mais consciente da nação. Parte dela crava sua desaprovação ao governo, julgando-o ruim ou péssimo. Esses e os que votam “não saber”, nulo e branco somam 35% do eleitorado. Eles decidirão as eleições. A descrença é firme, não há como negar; c) 62 milhões de pessoas das classes C, D e E estão abrangidas pelos programas sociais do governo (ProUni, Minha casa, minha vida, auxílios desemprego e reclusão e o Bolsa-Família). Habitantes das periferias e grotões do interior, esses e seus familiares engrossam, coronelizados pelo Estado, a aprovação do governo como ótimo ou bom, sem que isso signifique voto certo. Formam a base dos 40% que o PT considera seu eleitorado depois de 11 anos no comando da nação; d) em 2014, mais um aumento indexado do salário mínimo acima da produtividade, o arrocho fiscal, a diminuição progressiva dos postos de trabalho, os gastos governamentais, a liberação dos preços administrados sob pena de colapso gerarão aumento inevitável da inflação a inibir o crescimento do Brasil.
A reeleição de uma governante sem carreira política, aliada da escória política, que a trata ora com sarcasmo ora com bajulação (o tal presidencialismo de coalizão), forma um quadro que não a favorece. Mas, até agora e talvez não seja mesmo a hora, os líderes oposicionistas estão longe de galvanizar o povo com um discurso honesto e claro.
Em 2002, o empresariado nacional e estrangeiro estava apavorado com a ascensão de Lula. O PIB afundou. A “Carta aos brasileiros” colocou o PT nos trilhos do PSDB. Pallocci parecia FHC. Hoje o risco não vem da oposição, mas da situação. Ninguém acredita em Dilma ou Mantega. Ela vai continuar, como a Argentina, estatizante e intervencionista ou no rumo da economia de mercado? Não sem razão revista nacional de grande circulação fez semana passada extensa reportagem sobre o Brasil da periferia, ou seja, os quase 142 milhões que vivem nos subúrbios das grandes cidades. A maioria impressionante de 82% dessa população está preocupada em ascender socialmente e credita ao próprio esforço e não às políticas do governo a melhoria do nível do bem-estar pessoal e familiar dos últimos anos. Não apenas invejam as classes ricas como querem se identificar economicamente com elas. Nesse contexto, a luta de classes criptocomunista do PT deixa de funcionar e o seu paternalismo pouco influencia mormente os jovens. Um discurso novo há de ser providenciado e não rima com “cuidar dos pobrezinhos”, mas com cooptá-los para uma economia de oportunidades e melhoria dos serviços públicos.
A política estatizante ou o dirigismo estatal não deram nem darão certo em nenhum lugar do mundo. O socialismo foi-se. Coreia e Cuba são dois desastres. A Rússia atrasou-se 50 anos. Argentina e Venezuela estão em crise. A China quer ser capitalista cada vez mais. Escutemos Aécio e Eduardo, gente nova e orientada. Quanto mais o Estado se afaste da cena econômica, melhor. Seu papel é planejar, incentivar, regular, vigiar, buscar a coordenação política e econômica da nação. Nossos paradigmas devem ser as nações do continente europeu ocidental, cuja cultura condiz com a nossa, já que não podemos ser economicamente como os EUA, o melhor modelo de livre iniciativa, por razões históricas e sociológicas.
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