Romperá a presidente com a crença do PT no populismo e na imprescindibilidade do Estado, pesado e provedor?
O Valorinvest publicou impressionante retrato, de resto negativo, do governo. Com referência à Petrobras pontuou vários problemas: “A gigante de petróleo convive hoje com dois grandes estigmas: produção estável ou declinante e uma defasagem de preços da gasolina e do diesel no mercado interno em relação ao exterior. São marcas que vêm desde 2011”. No caso do nível de produção, os especialistas não esperam grandes mudanças em 2013, embora haja no calendário a previsão de 10 inaugurações de plataformas de exploração de petróleo até 2014. E em relação à margem, a questão é ainda mais complexa, pois entendem que o assunto passa necessariamente por reajustes periódicos nos preços dos combustíveis. “Tal realidade, inevitavelmente, prejudica as projeções de resultado para a estatal, enfraquece o teor das análises e acaba gerando insegurança nos investidores, que, para comprar os papéis, exigem um prêmio de risco maior”. Os estrangeiros que o digam.
Com isso, as ações da estatal acabam se movendo ao sabor de notícias pontuais, rumores e expectativas com pouco ou nenhum fundamento. “O reajuste deve sair em algum momento, resta saber se virá cedo ou tarde”, brinca Carlos Nunes, estrategista de renda variável do HSBC. Ele destaca que, sem um mecanismo de reajuste automático da gasolina e do diesel de acordo com a variação dos preços internacionais do petróleo – como fazem as concorrentes globais –, a brasileira acaba apresentando uma “lacuna” no seu fluxo de caixa. A defasagem de valores estaria hoje entre 12% e 15%.
O endividamento tende a aumentar. “Se nada for feito, o indicador dívida líquida/Ebitda irá estourar já no primeiro trimestre de 2013”, prevê o analista.“O múltiplo está atualmente próximo de 2,5 vezes, praticamente na marca d’água”. Se subir muito acima disso deixará a companhia em situação delicada perante as agências de classificação de risco, por exemplo. E se a sua nota de crédito cair, custará mais caro buscar dinheiro no mercado. “Acredita-se que, com o pré-sal, o Brasil entrará para o rol dos maiores produtores de petróleo. O problema é que será preciso aguardar anos ou décadas. Fala-se em até 2030.”
A solução só virá com outro governo de ideologia não estatizante e, portanto, mais eficaz. O governo deve governar e não atuar na economia, como preceitua o artigo 170 da Constituição federal. Eis aí o resultado da gula de Lula pelo pré-sal, quando foi até ironizado por Chávez. Sem dinheiro e sem sócios, o pré-sal é pouco mais do que o fundo do mar. A Petrobras sozinha, sem sócios poderosos, está sendo jogada para baixo, como aconteceu com a Pemex no México e com a PDVSA, da Venezuela. O apressado come cru e, pior, se engasga. O futuro precisa ser conquistado com rapidez. Se a Embraer não importasse 70% das peças não seria a concorrente global vitoriosa que é.
Para logo, novas tecnologias terão obscurecido o custo do pré-sal! Os Estados Unidos com o xisto betuminoso estão à nossa frente. É o resultado do ufanismo voluntarioso de Lula, temerário em economia e na ética. Convém fazer com ele o mesmo que a inicial sabedoria da Roma do período senatorial fazia com os seus “heróis”. Quando os generais voltavam de suas campanhas vitoriosas, popularíssimos, e desfilavam perante o fórum romano para delírio do populacho, dois servos lhes repetiam sem cessar, um em cada ouvido: “Lembra-te de que não és Deus”.
Dilma tem uma herança maldita, sim: corrupção endêmica, base partidária fisiológica, um PT sectário, a Petrobras descendo em plano inclinado, agências reguladoras desreguladas, tributação excessiva encarecendo o preço de bens e serviços (baixa competitividade), salários subindo acima da produção (baixa produtividade) e incrementação inflacionária, via consumo sem oferta, por falta de investimentos. Em 2013, o melhor ano do seu governo, o crescimento estará entre 2,5% e 3%. Quem semeou ventos há de colher tempestades. Todo populismo será castigado. A reina Cristina que o diga. Mas ainda há tempo de reverter esse quadro, agora agravado pelo problema da energia com os reservatórios se esvaziando rapidamente, a ponto de colocar o racionamento no horizonte das incertezas. Antes de tudo temos de nos perguntar se nossa presidente será capaz de tomar o rumo das modernas economias de mercado, o caminho certo, como nos demostrou a experiência mundial dos últimos 50 anos. O pior cego é o que enxerga mas não vê, o cego ideológico. Romperá com a crença do PT no populismo e na imprescindibilidade do Estado, pesado e provedor? Às vezes as pessoas perguntam se a presidente é mesmo a gestora que diz ser. Não será ela mais intervencionista que o próprio Lula?
Faça seu comentário