Falta ao Brasil um partido de centro, liberal, democrático, que incentive o capital, o espírito empreendedor e a livre iniciativa.
O ano de 2012 mostrou no seu dealbar Lula e Rui Falcão, do Diretório Nacional do PT, falando grosso com todo mundo, adversários e aliados. Ninguém se candidatou no PT sem o beneplácito da dupla, ou melhor, do “Grande Guia Iluminado” e do seu fiel epígono. Em BH, o combinado descombinou; no Ceará o pactuado não se fez. Em Recife, mandaram um senador ser imolado. Marta, em São Paulo – desprezada –, na hora do aperto é nomeada ministra da Cultura. De passagem, castigo para Chico Buarque (demitida sua irmã) por não apoiar no Rio o prefeito Paes (PMDB), aliado ao governador Cabral, ora sob a suspeição de ser amigo do dono da Delta.
Diziam que iam varrer o país, ganhando as eleições municipais no Brasil inteiro. Quando as bravatas desandaram, ameaçaram com o horário eleitoral. Lula anunciou que iria a todas as capitais e aos municípios com mais de 500 mil habitantes. O PT, de partido, virou cara, a de Lula. “Iam jogar”, como disse Sebastião Nery, “a cara do Lula na TV e todo mundo teria que sair da frente. Veio o horário e Lula e o PT deram chabu”. A Recife nem chegou a ir, por diversas vezes, para não ver in loco o vexame. Em Salvador, 3 mil minguados comedores de sanduíches compareceram ao seu comício “gigante”.
Aliás, onde anda a “militância”? O Dirceu queria que os universitários socialistas pintassem a cara e fossem defendê-lo no gramado do Supremo Tribunal Federal. Não apareceu vivalma. Com dois pontos para cima ou para baixo, a varrida petista estava assim há uma semana do certame: Aracaju – João Alves (DEM) 51% e Valadares (PT-PSB) 24%; Salvador – ACM Neto (DEM) 39% e Pelegrino (PT) 28%; Manaus – Artur Virgílio (PSDB) 34% e Vanessa Graziotin (PT-PCdoB) 27%; Natal – Carlos Eduardo (PDT) 44% e Mineiro (PT) 9%; Teresina – Firmino (PSDB) 35% e Washington (PT) 10%; Porto Alegre – Fortunati (PDT) 45% e Manuela (PT-PCdoB) 28%; Recife – Geraldo (PSB) 39% e Humberto (PT) 16%; Maceió – Rui Palmeira (PSDB) 48% e Lessa (PT-PMDB) 23%; Belo Horizonte – Lacerda (PSB-PSDB) 44% e Patrus (PT) 35%; São Paulo – Russomanno (PRB) 25%, Serra (PMDB) 23% e Haddad (PT), mesmo apoiado por Maluf, 18%. Quem cresce com a queda de Russomanno é Chalita (10%). Em Curitiba, Ratinho Jr. com 35%, à frente do PSDB de Ducci (28%), bate em Fruet (apoiado pelo PT) com 16%. Não contemplamos todos os lugares, fizemos uma amostragem apenas. Em Fortaleza, por exemplo, o PT perde no 2º turno.
A esta altura, Lula já desconfia dos seus divinos atributos, enquanto Dilma tem índices de aprovação superiores aos dele.
Agora é “nossa senhora” e não “sim, senhor”. Mas, como Dilma é formalmente do PT, ei-la empenhada, mas nem tanto. Quanto mais longe da próxima derrota, melhor (ela tem raízes no PDT). Ficará mais independente depois do pleito. Melhor assim, vai privatizar o que puder para dotar o país de infraestrutura e resistirá melhor às exigências do sindicalismo, marca registrada do “lulopetismo”, sempre sequioso de mais salário e menos trabalho.
O mensalão não lhe diz respeito. A condenação, por incrível que pareça, a favorecerá, por deprimir o PT e a base, e afastar do seu caminho as lideranças mais efetivas do petismo, embora nenhuma seja promissora em capacitação e votos. O PT está se tornando, como o PMDB, um partido de ocasião, bom para acomodar adversários paroquiais. É uma pena. O PT era para ser o partido, por excelência, da esquerda democrática, um partido de massas, com quadros intelectuais e ética na política, porém perdeu-se pelo caminho. O “lulismo” avantajou o PT, ao mesmo tempo em que o desfigurou por inteiro. A fotografia do abraço em Maluf, nos jardins de sua mansão, é a prova acabada da falência do PT de Lula, o dono da sigla, a menos que lideranças jovens e limpas assumam as rédeas do partido.
O PSDB é de centro-esquerda. Falta ao Brasil um partido de centro, liberal, democrático, que incentive o capital, o espírito empreendedor e a livre iniciativa, depurada da imensa carga tributária (transferida ao povo nos preços) e da burocracia paralisante que assola o país. Quem liderará nessa faixa nos próximos anos? Aécio Neves, Eduardo Campos ou Dilma? Essa é a pergunta para 2014. A inclusão social está dada, suas políticas continuarão. As expectativas agora são outras: emprego e oportunidades para a classe média, educação de qualidade, infraestrutura, competitividade e ambiente de negócios. Quando Rui Falcão fala em “golpe das elites” em conluio com “a mídia”, o imagino vivendo no século passado, acometido de crise cognitiva. Ora é Pangloss, ora é o Conselheiro Acácio. Talvez nem isso. Talvez uma irrelevância falante em quem ninguém mais presta atenção. Só falta alguém sair da sala e apagar a luz. O PT não vai, de forma alguma, sumir nestas eleições, mas está muito longe de ser o sucesso que anunciou. De agora em diante o olhar se embaça ao mirar o seu porvir.
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